A Provincia do Pará de 12 de abril de 1947

\ u c v:;vamo l\'.l.enctes, enviado es– pecial dos "Diários Associados) - Desde os primeiros dias de março aumentou consideravelmente ó volume de águas com o recrude– cer do inverno, inundando gran– de parte da ilha do Marajó, prin– cipal centro de pecuária da Ama– zônia. Há cêrca de 40 anos, para uns 50, para outros, igual enchente não assolava a grande ilha, pro– vocando os grandes danos que esta vem causando. As enchentes estão causando danos de vulto no centro da ilha e, principal~ente, onde nos acha– mos, no lago Ararí, RUMO AO MARAJO' Precisamente, às 5,25 horas do dia 8, deixavamos Belém, no "Sousa Matos", do Ministério da Viação, acompanhados do sr. Nestor Bastos, presidente da SOCIPE; Raimundo Marques abastado fazendeiro; Lazaro Es– teves, veterinário; Libero Luxar– do e Milton Ba:ó,deira, da ·"Ama– zônia Filmes". Grande parte da comitiva, - cêrca de 15 pessõas, - deixou de comparecer a essa Viagem de inspeção, inclilsive diversos de– putados estaduais e o represen– tante do, govêrno do- Estado, sr. Antonio Bonna. EM SANT'ANA Mais ou· menos, às 8,30 horas, chegamos ao Marajó, após ótima viagem, atracando em Sant'Ana. Após pequena parada, segui– mos viagem, às 10 horas, para Arariúna, ex-Cachoeira, onde chegamos à tarde. EM ARARiúNA A viagem para A.rarinúna de– correu normalmente, notando-si') sempre a situação das fazendas e propriedades de lavradores, pes– e.adores, etc., .que é lastimavel. Entretanto, esse é o melhor pe-· daço do Marajó, conforme pode– mos constatar depois. Em Arariúna, desembarcamos com água até os joelhos, não se sabendo onde ficou o rio e a ci– dade. Tudo é água, água muita. •• , E O GADO MORRE Enquanto isso, cêrca de 50 re– zes estão situadas fóra da cida– de, ameaçadas de morrer de fo– me, pois não podem sair do cam– po de pastagem que lhe foi de– signado. Este é um caso dos mais dis– cutidos, devido às pen~ões que lhe dão o prefeito Conrado José de Sousa e o deputado José Via– na, que se disse ameaçado de pri– são, por tnflingir a portaria que determinara o limite de pasta– gem do gado. Devido a iseo, o delegado e o comissário de Poli– cia, foram exonerados, e o_ go– vernador Moura Carvalho estt, com o caso para resolver. ESTADO SANITARIO Estivemos com o dr. Diniz Bo– ,elho, médico de Arariúna, que nos declarou ser excelente o es– tado sanitário da região, embo– ra tenha a cidade muitos fócos (e impaludismo e outras doenças. Até agora, os dois ~sos regis– ~!\:ios •na cidade, durante as en– ~entes, são registados com pes– aõas vindas de fóra, que não são• habitantes das mesmas. CASAS !.::o:.dn:::;ada SUE~.r~~-~-~s ainda; deixam01 ~ .11::"'__ ..,...,._o_......._.., ,, .. ...,D".,...' 1 r,:x;a1ç.1.-AU1J.U, li, 1, ;UJ.U.UJ !t Qe J:"'eSCaQQ- para esta localidade, durante a res Z-26. Os pescadores não po– qual pode-se observar a inacre- dem trabalhar pelo referido mo– ditavel situação das fazendas, fa- ti:vo, emobra posuem dinheiro - zendolas e casas residenciais. cêrca de 30 mil cruzelr'os em O gado foi conduzido para ou- banco - e o material necessário tro local, onde o "pêso" não foi para a pesca. atingido e que se situa mais dis- A respeito, falaram à reporta– tante da margem. As galinhas es- gem vários pescadores, acusan– tão sendo criadas dentro de casas, do a Capitania dos Portos e pe– quando estas não se encontram dindo, por nosso interm~io, pro– submersas. vidências ao govêmo do Estado, .Somente a "canarana" conti- afim de que volte a funcionar núa a crescer, como num e~forço a Z-25. da Natureza, contra a própria Natureza. ATE' O LOMBO Aqui, também, tudo é água. As casas estão com água até o této Prosseguindo viagem, na mes– e, entretanto, acham-se localiza- ma manliã, para Santa Qruz, pu– das nas margens de grande alti- demos obes.rvar a situação de tude. Somente as mais distantes outras fazendas durante o per– resistem ao ímpeto das águas, que curso todas sem gado. já fizeram ruir inúmeras casas. Entretanto, ainda restavam ai– Algumas há que foram construi-, guns bufalos nas menos atingi– das especialmente para flutuar, das e que vi~em com água até o prevendo os seus proprietários a lombo. Embora sendo animais de situação atual ! facil adaptação a regiões alagadi– UMA VILA SUBMERSA Seriam cêrca de 10 horas, quan– do chegamos a Genipapo, próxi– mo ao lago Ararí. Sua situação é das mais características das vilas e localidades do Marajó. As águas tomaram conta· de toda a vila. Aqui coino nas primeiras ruas de Ararinúna. anda-se de montaria em toda cidade, de casa para casa, à guisa de automovel. Casàs há que já desapareceram ças, estão também sentindo e de– sapareceiado. RUMO A SA,NTA ORUZ Prosseguimos rumo a Santa Cruz, onde a situação não é me– nos· alarmante. Programas de rádio ata– cando o Para9uai ria voragem das águas. As ou- MONTEVIDEU, 11 (R.) - tras acham-se ameaçadas, e as º' ill''ormação procedente águas continuam a subir. ~ma . i . A situação alimentícia não é aos circulos governamentais das melhores. Com o inverno, , nega que os programa:: de_ no– peixe não há; carne, também ~icias. atacando o Paraguai te– não. Transporte é rarq. Criação, nham sido suspensos por uma não pode existir e as colheitas ordem oficial. O governo lem– desapareceram. A sitpaçã? ó brou apenas que as transmis– grave e nada pode ser feito amda. .sões pelo rádio aos países es- trangeiros não deviam insul– COMll:RCIO "SUI-GENERIS'" tar os respectivos governos, o comércio em Genipapo está sendo feito de modo "sui-gene– i'is". Suas casas cofuerciais, que fliltuam, estão com água à gran– de altitude e os fregueses se ser– vem de montarias e "cascos" para adquirir seus gêneros, ent,·and_o com êles nessas casas. A SITUAÇAO DO GADO Até o presente momento, nada alem ao que já foi ctito, pode-se adiantar sobre a situaçáo ao gado, que é grave e acna-se locallzacto uas reg-iões mais a-Jtas da ilha, porém também alagadas. Em Genipapo, conseguimos apurar que t;erca de :.!.OOu cabe– ças da íazenda· ".::i. Elias", de propriedade do sr. Alvaro Adol- 10, acham-se ameaçadas de mor– rer, devido à ~ituação do local onde se encontram. Enquanto isso, todos os outro3 fazendeiros estao tendo grandes prejuízos, e começam a falar na próxima sêca qµe virá após as tnchentes e que se espera seja mais calamitosa do que as cheias. NADA CONSTATADO Até agora, ainda não foi cons– tatado nenhuma doença no ga– clo, o que é de esperar devido à, enchentes e suas consequên– cias. · ~ntretanto, é quase certo a existência de môrmo no Ma– rnjó, o que será confirmado ou não pelo técnico Lazaro Esteves, da Defesa Animal e _que viaja co– :1o~co. FECHADA A Z-25 Em G3i1ipapo, constatamos não estar em funcionamento, desde mantendo as relaçõe.:, de ami– zade com o Paraguai. AFASTADOS OS ATRI– TOS ilNGI.O-YUGO– SLAVOS BELGRADO, 11 (R.) - O go– ·verno enviou uma nota à embai– xada britânica concordando c-om a vind:i a Belgrado de uma co– missão 'de r epresenta:p.tes britâ– nicos e propriet::trios da Yugo– slavia para discntir acerca das comoensações. Anteriormente o g,wêrno julgava_que tais discus– sões eram inuteis, um1 vez que a lei de nacionalização já tratava da auestão das indenizações. A nota da · Yugos1avia, que é qualificada de amistosa pelos círculos britâ– nicos, afasta a , elha fonte de a– tritos nas relações anglo-yugo– slavas. Gigantesco furacão atinge Oklahoma e Texas · WOODWARD /Oklahoma), 11 (R. j - O número de mor– tos -conhecidos sobe a 132 em conseauencia do furacão que atingi\.1 ontem O!clahoma e o Texas ferindo apri>ximada– ment~ 1. 305 passôas. Muitas vitimas se encontram ainda sob as ruínas das cidades. Os prejuízos em gado e cereais atinge a milhões de dólares. Várias providencias estão sen– do tomadas para socorrer os milhare.:, de pes.so :i.s que se en:. contram desabrigadas. plnzals de 20 em 20 qullometros no percurso do varadouro. Uma ln.ver– nada em Alcobaça ou, 8e preferirem, mais em baixo, em frente a Nazaré dos Patos completi.rá esse serviço que assegurará abundante abastecimento de carne verde à capital. A extensão total é precLsamente 360 (trezentos e llessenta) qu!lome– tros de Alcobaça a Porto da Barca e mais um ramal de 120 qullometros de Marabá a S. José dos Martlrlos. Esse varadouro ou pico. possibili– tará Importar bois dos campos cria– dores de Araguatlns (ex-São Vicen– te); Tocantlnópolls (éx-Bôa Vista); Araguapema (ex-8. Maria); Pedro Afonso; Xerentes (ex-Mlracema e To cantJna. Tambem do munlclplo pa– raense Conceição do Araguaia e mu– nlclplos maranhenses Carolina, Por– to 1"ranco, Imperatriz e até mesmo do Grajaú. o abastecimento da capital, por– tanto, depende unicamente do ser– viço acima, se executado criteriosa– mente, e ~ não chega a constituir um probléma a ser resolvido pelo Estado". "Em si, o serviço não oferecerá nenhuma dlficuldaele séria: zona a percorrer parclálmente coloniza.ela; terreno já bem explora.elo; incursões· elos selvlcole.s somente eventualmen– te; hervas ela.ninas, prova.elamente, não existem elo Porto ela Barca à Praia da Rainha. Da Praia da Rai– nha à Alcobaça ou Nazaré dos Pa– tos, multo provavelmente tambem não existem porque Já foram condu– zlclos, nesse trecho. mais de mil re– zes sem que nenhuma fosse vitimada por hervas. Adiante afirma: "Quanto ao estado do gado prova– rei, citando ri esta exposição ldentlco serviço feito noutro Estado, que po– derá chegar à Belém em bõa ou mes– mo ótima condição <le corte. Os embaraços sérios, talvez mes– mo invencíveis, são as dificuldade~ de cara.ter meramente burocrático. Pudesse eu facllmente vencer os embaraços burocráticos que teria de enfrentar, há muito estaria conciu• zlndo gado daquela procedencia, se– não em proporção que désse para consumo total de Belém, pelo menos para amenizar as dlflculdal,ies de aquisição de carne verde ne"sta ca– pital". Passa depois a provar. que. afasta– das as dificuldades burocráticas, não há outro embaraço que lm))osslbilite o fornecimento de carne verde sufi– ciente ao consumo de Belém. e diz: "Consulte o último recenseamen– to e ver-se-á que a populaç!i.o bovina da área mencionada nesta exposição é pouco mais do dobro de toda a po– pulação bovina do Es~ado do Pará. Excetuando apenas seis ou quando multo oito mll bois, abatidos pelas xarqusadas de Pedro Afonso e Santa Maria, toda produção de gado da área acima citada' é· conduzida e ven– dida na Bahia, raramente no Ceará e Pernambuco e em maior proporção nas feiras mais próximas: 'Engenho Central, Pombinhas e Caxias, no Es– tado do Maranhão, e para qualquer uma dessas feiras terá forçosamente que vlaj,:,.r multo maior distância pela mata do que o t,e :Lo Porto da Barca /Estado do Pa!'.i ), em frente a Araguatins (ex-São Vicente, Esta– do ct~ Goiás), à Alcobaça (Éstado do Pará). Araguatins é um municlpio cria-• dor goiano, ligado por campos onde estf.o situade.s as fazendas dos de– mais munlc!plos · mencionados nesta exposirão. COM QUATRO A SEIS MIL BOIS ANUALME~TE PARA O CONSUMO DE BELEM "De 1910 a 1931 era eu diretamente interessado no comércio de carne verde. A firma maranhense Rodrlgues Pereira & Cla. (Companhia Pasto– ril MaranhenseJ. mantinha uma fi– lial aqui em Belém, sob mlnl1a ge~ rencla. . Para o consumo de São Luiz a mencionada firma adquiria bois no norte de Goiás, que lhe eram entre– gues nas feiras das Pombinhas. A fillal aqui passou a adquirir da n,·; - triz quatro a seis mil bois anualmen– te, durante oito anos consecutivos que eram abatidos para consumo. Parte desse gado era diretamente aba– tido pela firma, a maior parte ven– dida às marchanterlas Monard & Cardoso, Cla. Pastoril, Dac!er Loba– to e outros. o gado era adquirido no :norte de Goiás. conduzindo para as Soltas das Pombinhas, no Maranhão, e dois a ,l,.ll&-A,t .!-'"""'..., ..,-...,..,&...,..,•• ,.._..., .._.._..., .._..,-.._,c.11.._..,._,...._.._..,., duzentos bois que aci.ut foram aba– tidos " dados a consumo. Já estava em vias de contratar dez m!l bois com o Estado, quando gran– •des fazendeiros de Marajó entraram em entendimento com o Governo, as-. segurando o fornecimento de carne verd o a Belém, seni majoração dei preço, o que cumpriram até o se• gu11do ano do governo Eurico Vale. "Tendo sido esse governante atin– gido com duas tentativas de alta de preço de -carne verde e vendo que a alteração de preço não resolveria o futuro abastecimento de Belém, en– carou com simpatia a poss!bll!dade de Importação do gádo goiano". "Deposto o senhor Eurico Vale, contlnúa assumiu a Interventorla do Estado o' coronel Magalhães Barata: Esse governante estava sinceramen– te convencido de que a solução do abastecimento de carne verde em abundancla e a baixo preço, seria resolvido, livrando-se os fazendeiros dos marchantes e protegendo àque– les. INTERVENTORIA JOSE' MAL– CHER Env!el a esse lnterventor cópia do projeto e exposição que havia diri– gido ao Interventor Magalhães Ba– rata, referente à exportação de gado do Norte de Go!á.s, que julgo ser a única solução prática. Designou um engenheiro para proceder . à verifica– ção e estudo o que não chegou a ser feito. Em virtude de se achar cada vez mais premente o fornecimento de carne à população· de Belém, o In– terventor José Malcher, sem ma!s de– longas, determinou ao prefeito de Marabá que fizesse um pico para condução do 11:a<lo, de_acordo com o croquis que eu, acompanhado de uma exposição, havia endereçado ao go– verno. Quatro meses depois, davam entrada no porto de Belém 500 ou mais bois, conduzldQs através de um pico, feito às pressas, com roçados para caplnzals, cujas sementes en– viadas daqui não germinaram. Fo– ram bois adquiridos às pressas e con– sequentemente a preço superior aos que vigoraravam na ocasião e toca– dos a marcha acelerada. Mesmo assim sem pastagem no caminho. que per– correu, o gado •foi vendido a sua che– gada aqui em Belém com lucro para 0 Estado, abatido e dado a consumo nesta ca9lta.l. SEGUNDA INTERVENTORIA MAGALHÃES BARATA o que acima ocorreu foi dias an– tes da segunda lnterven_torla Maga– lhães Barata. Embora ja conhecen– do pela experiencla, que a produção de' Marajó era insuficiente ao consu– mo e que a Importação de gado gola– no se impunha como indlspensavel, designou o então capitão João Evan– gel!sta. Filho para estudar o melhor projeto de estrada a executar. Tives– se esse profissional feito uma verifi– cação do pico aberto pelo Tocantins e aconselhado ao governo para me– l110rá-lo. plantar 8.s clareiras e fazer invernadas, já estaria resolvido o abastecimento de carne verde em Belém. Ao contrário. aconselhou. à Interventorla fazer nova estrada par– tindo do Acará, por jul~á-la superior aos fins colimados. Grave eng_ano como abaixo iremos demonstrar,.. AS ROTAS Passa em seguida a apreciar as vias de comunicação de Belém aos cam– pos criadores do Norte de Goiás, afim de verificar qual a que convém me– lhor. I:! a:!inna : "Qualquer que ela seja, os pic_os já abertos, pelo Acará ou Tocantins, po– dem se considerar perdidos porque um simples pico aberto e abandona– do há mais de quatro anos, Já está fechado pela mata. Não quero com isso dizer que reabri-los não seja mais economlco. E' como que se ti– vessemas de aviventar uma demarca- çéo. poclerá dar Informações refere;tes à Estrada D. Pedro II. Seria multo utll a comunicação dos campos criadores do Norte de Goiás com Belém, qualquer que fos– se a via de comunicação. O essen– cial é que se faça. Entretanto a v!a Acará-Norte de Goiás oferece maiores dificuldades que Alcobaça-Porto da Barca. aconselhando a preferencla a esta últlma . Vou enumerar as dificuldades a que estou me referindo : . a) - A aumentação é a própria vida e é premente a escassez ali– mentar em Belém. O tempo exlglde para construç!)o de uma v!a de comu– nicação para atender às nossas ne– cessidades alimentares atuais é de to– dos os fatores o mais importante. A distancia a percorrer - do Acará aos campos produtores no Norte de Goáls, é maior do que de Alcobaça aos mes– mos campos, embora a maior ou me– nor distância não seja, a meu ver, fator primordial. b) - As di!!culdades ocasionadas pelos lndlos à colonização sao de tal vulto que a estrada projetada para partir do Acará, precisará vá.rios anos para po'der ser colonizada a começar de 150 qu!lometros do seu ponto de partida do Acará, por atravessar as zonas ocupadas por lndlos Gaviões e Urubús. c) - Pelo Tocantins. Iniciando-se o serviço em maio, em março de 1948, em caso de emer::encia, come– çarão a chegar bois daquela proce– den·c1a, e em Julho do mesmo ano Belém estará abastecida de carne ver– de como demonstrarei nesta exposi– ção. d) - Falta de perfeito conheci– mento do trecho a percorrer re'fe– rente à aguada (Igarapés, olho dá– gua, etc., etc.), para o irado. e) - Multo mais :!acll, como vou demonstrar, menos dlspendic)Elp e multo mais prático fazer a comuni– cação por via Tocantins. Quem como eu arrenda há mais de dez anos o castanhal Macachelra, no munlcip!o de Marabá. sabe. por experlencla própria, que é dispen– dioso, demanda multo tempo e mui– ta pr11dencla para se amançar uma área de terra sujeita a Incursões de selvlcolas. Sii.o necessários varios anos a menos que se lance mão da força das armas e Isso, além de prol– bido por le!, não é humano nem aconselhavel. E' necessário notar ainda, que par– tindo do Acará rumo aos campos do Norte de Goiás. ao atingir o rio To• cantlns, ainda se está longe dos cam- poi~r-se-la. (!Ue atravessar pela mata goiana até atingir os campos de Ara• guatlns (ex-São Vicente), onde se !nlc!am os campos gerais a que esta exposição se refere, precisamente a mesma distancia a .percorrer de São jeto, terá que se leva rem con_slde– se fazer uma apreciação da distancia a percorrer entre um e outro pro– jeto terá que se levar em conside– ração essa circunstância. PROJETO A -PARTIR EM FRENTE A ALCOBAÇA. MAR– GEM DIREITA DO RIO TO– CANTINS Procedendo-se o levantamento pelo rio· Tocantins a Araguaia até Ara– guatlns com o objetivo de construir uma estrada, ocorre logo um argu– mento: Por que partir de Alcobaça e não do lado oposto do rio Tocan– tins, em frente a Alcobaça que re– duzirá a distância a percorrer, cerca de 100 quilometras? Principalmente devido a embaraços que os indios ocasionariam; dif!cu.lda des de colonização; terreno ma!_s aci– dentado e cheio de serras. ProJetan– do-se uma réta. a estrada se afasta– rá multo do leito do rio; falta de estudo mais minucioso dessas terras, onde não se pocte penetrar sem l'!,ta com ·os !ndlos Gaviões e Urubus. 'Tudo Isso justifica percorrer cerca de 100 quilometras a mais e prefe– PROJETO DE ESTRADA A rir ao projeto Alcobaça-Porto da Bar- PARTIR DO ACARA' ca e Macapá-Campos de São José dos Quem qulzer conhecer as distan- Martlrios, tudo no -Estado do Pará"'. cias entre Belém e os campos cria- No governo Dion!slo Bentes, fiz dores terá forçosamente que consul- um pico ligando Msrabá a Porto da ,.r os levantamentos feitos pelo go- Barca. A Prefeitura de Marabá man verno Imperial. E' perigoso confiar da limpá-lo anualmente. Com pouco nos nossos. mapas que na sua maio- d!spendlo, uma vez Pl,?,ntados alguns ria não representam levantamentos caplnzals, pode dar trânsito a gran– no campo, e sim méro11 estudoa • des 'bolàdas". desenhos de gabinete. _ . OUTRAS INFORMAÇÕES Está neste caso, e nao podia de!- . . . xar de estar, por se tratar de sim- "Os trechos Porto da Barca a i:ra1a pies levan·camen:c,s uéreos. o cro-1 da Rainha e Imper_Btrlz-Mamnhao à quis c!e projeto de estrada que me foi Praia da Rainha. sao navegave!r, P,Or emprestado, por poucos dias, pelo embarcações de 30 toneladas duran·te da conduçao em mar ag1.taao, o gaao é conduzido por terra para embar– ques no porto Tu!uiú, na mesma Ilha do Marajó, onde é embarcado para o curro em Belém, gastando: condução por terra , . •••• 7 ·dias Por agua .. ••• •· · · · · · .. · ... 1 8 - d1!~ Viagem total •..•.•• ••.. , Vou agora me ut!lizar, no Tocan– tins e Araguaia, do melo de trans– porte mais rudimentar. Embarco os bois em balsas, de qualqu~r um dos pontos aclma indicados tirados dos campos no mesmo dia. Poderia vir até muito abaixo, mas quero viajar livre do perigo, somen– te à vontade das aguas. Com três dias de viagem em balsa estaria na praia da Rainha, onde estacionaria com os bois dois dias em bom ca– plnzal ou lnv·ernada. Da Praia da Rainha à P<ilrto Mauá ou Jatobá. te– ria que percorrer 70 quilômetros e como tenho o propósito de_ chegar com o gado gordo vou diariamente viajando vagarosamente, 24 quilôme– tros, passando toda a noite o gado c;oi bôa pastagem. Gastaria nesse · ~,·curso três dias. Embarcaria o ~ado no trem e um dia depois no vapor em Alcobaça e 36 horas depois estaria com ele no Matadouro. do Maguer!, gastando: Em balsa ........... , •••• Descanço ................ . Por terra ............... . Em trem ................ , Em vapor .............. . 3 dias 2 3 1 2 Vlagell\ total .. •.. .. ••••• 11 dias 0 gado que assim pode ser con– duzido, estou certo, não só chega: tá ao Curro Maguar! em bôas con dlções de cõrte como tambem dará melhor carne ao mercado do que o que procedeu do Marajó, porque o gado daquela procedencla é todo de raça caracú pura. o primitivo g~do brasileiro, ainda não cruzad_o com o zebú e por Isso mesmo a cai - ne é mais tenra e mais gostosa, a ln– dole é de natureza mansa. acres– centando ainda q_ue não há ai! gran– des fazendas e sim !numeras peque– nas fazendas, havendo a .preocupa– ção dos fazendeiros de amansar me: lhor o gado do que em Marajó. E lógico que um boi manso é mais dl– f1cll de se bater nos embarques e de– sembarques. O cruzamento com o zebú dá um mestiço maior em peso~ lndole mais bravia, maior reslstên ela, carne mais rlglda e maior pro– porção de osso. SERVIÇO A EXECUTAR PARA IMPORTAÇÃO DE DEZ MIL BOIS OU MAIS, PARA CONSL'– MO DE BELÉM Os croquis aqui inclusos, onde Te– presento o projeto a executar, n.ão fo– ram levam;ados por técnicos e sim pÓr mateiros, homens exclusivamen– te práticos, podendo entretanto as– segurar que uma vez feito. os tra– balhos aqui Indicados poden1 ser conduzidos bois, em toda época de verão ou inverno, do Norte de Goiás a B'elém. A convenlencia de, além da estra·– da Marabá-Porto da Barca, fazer tam– bem Marabá.-São José dos Martlrlos, se Impõe não só para alcançar os campos criadores do Norte de Goiás em dois lueares diferentes. fac!ll• tando pela redução da distancia a condução de gado. cdmo tambem, para aproveitamento de uin campo de cêrca de 30 leguas quadradas que agora apenas começa a receber as primeiras rezes de criação. Há em todos esses campos apenas 50 rezes, pertencendo a.: Antonio Corrêa • .. • . . •• .. .. •. • 30 Antonio Borges ••• , ..... ::. .. • 20 ........... _....,.l"" ......... """'"' • ...,li".... , ..... 'i"""v.,... •.............. .... ... zer uma "batlção" e semear caphu jaraguá é serviço de pouco valor. Quero fazer o calculo a _preço ele– vado, senão exagerado. porque tem que ser transportado o trabalhador, atendidas as dificuldades de rancho, molestla, ferramenta, eventualidades, preço para Juntar e conduzir a ae- mente, sacos. etc.. etc. . Tomo como preço Cr$ -1.000,00 por quadra. Teremos 154 quadras a: 0111 4.000,00 ............ .. 'Alcobaça à Porto da Bar– ca, 360 quilômetros .de varadouro, aviventação e melhora do pico José Malcher a CrS 500,00 011 11111.000.00 por quilómetro ...... . 180.000,00 Marabá a São José dos Martlrlos, CrS 1. 000:00 por qu!lômetro, 120 qul- lõmetros ............ .. . 120.000,00 Valor total ... .. .. .. .. 916.000,00 Fizesse o govêrnç os serviços aclrn.,. e estaria resolvido o fornecimento de carne verde .à cidade de Belém. co– mo aqui vou demonstrar. Demons– trarei, tambem, que isso estaria ao meu alcance. se não fossP os emba– raços ·burocráticos e ao alcance de qualquer homem prático e dentro das normas comerciais comuns". Após varias considerações, con- clui: · ··o custo real de um boi será <valor da compra) ........ . Condução à Alcobaça •.....• Idem, Belém ................ . Cr$ Para mortos. eventuais e fu– ros de r.apitlll empregado 25 por cento ............ .. Custo em Belém por boi de 150 quilos ................. . Crt 300,(\0 40,00 40,00 380,00 115,t!G 475,00 Argumentarão que os bois viajando embora em bôas pastagens t erão que 'decair. Isto é verdade. Mas se vlajl\• r<om morosamente. de barriga chel.._, e passarem dois meses em capinzala prfpaiacl.cis, chegarão à Belém bas– tante gordos ou mesmo multo gor• dc,s" AUTO-SUFICIÊNCIA Prossegue, adiante. o memorial: "A!!rmel.. nestas notas. que o Es– tado poderá. de futuro, abastecer-se com a. sua própria produção. E' que tenho a tmoressáo de que os munl– c!pos tocantinos, todos eles. poderão tornr.r-se municlplos criadores. Como exemplo, citarei Suriti Ale,. gre, em Goiás. o menor e um dç,s mais prósperos munlclplos daquele Estado. Nlnguem Ignora que em Goiás abundam os campos naturais. No entretanto, saindo da rotina. Bu– riii Alegre. preparou lnYernadas nas mnt3s, onde cria vinte m!l rezes " c-ngorda Igual ou superior quantlda cie para os frigorificos de Barretos, em São Paul'.>. No sul da Baía. a maior zona crla.– do:a c:o Estado. as fazendas mais prósperas são verdadeiras clareiras abertas na mato com caplns exclu– siva.mente cultivados··. Em Marabã. há pequenos é1saios: Vadi l\'fousalen, d!". De:nost~ne-; Aze– Yedo. Naglb, Aziz e Kalll Mutran, Salvador Chumon. Antonlo Chave.a, Deoclec:ano Rodrigues, Antonio Mar– cellnc. Pedro Maranhão, Miguel Chu– qula e outros. já inicia:am r.11. ·com vantagen1, o prepa:-o de campos ar.. tiflcials de capim jaraguá para crla.- çao. · , Consegulsse o goyêrno financ.a– mento e assistênc~a técnica. aqu"- 1 & gente. dentro de al~uns anos teria. transformado aqueles ensaios em ver– dadeiras fazendas e multas outras se fundariam". Total Em conclusão, declara o sr. Anto- 50 nlo Borges que qualquer via de co-- A onça e a cascavel abundam na– quela zona ainda bravia. Há quem afirme que nesses campos existem hervas daninhas, mas o fato é que dessas cinquenta rezes nenhuma foi ainda vitimada por hervas e lá es– tão há mais de dois anos, havendo, pelo contrário, regular produção e o estado dessas rezes de verão a in– verno é i;:empre de multa gordura. 4 dllltancd& d• Marabã-São Joe6 dos Martlrlos é aproximadamente de 180 quilômetros, dos quais 60 qul– metros ou pouco menos são cam– pos". Para trazer o iado em c~ll4Jç~~s munlcação serve. · "O essencial é que tenhamos co– municação por terra, para condução do gado do norte de Goiás, mas o projeto v!a Acará-norte de Go!â!;, exigirá. pelos menos cinco a seis anos para poder ser .colonizada a re– gião, em virtude dos !ndlos e à sua construção custará mais do quac;!u– plo do que se o serviço fosse feito da Alcobaça-Porto da Barca". · 4 parte final do :relatório m•e-se ã possibilidade de o seu próprio au,"– tor promover o negocio, que "est6 dentro de minhas possibilidades" e especifica o.s t2ocll1dade1 cte que n€~ cmlt11 para desenvolvê-lo. · .

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