A Provincia do Pará de 06 de abril de 1947

se para poder r.ceita-io: . E 11'10 o r.onserui4. Assim porem que •viu Linda, a mulher de cabe• los negros, tão ne1rrol'I como l'IP. o~ Jeva~se toda11 as· manhãs coin nanquim, acettou todl'l.s s~ cri– aturas sem restrínçôes, Ela. enketanto, me1-11,o com restrin96es, não conseguiu acel.– ta.-lo. Dissera ao pai: est o (}~ to ,;o!m, as humUhações? MD.rcos ndireitou-se - cris– to foi o profe1111or da roça que t,e,,e i:aídes bôas. Constantino fez um gei;w a– r,0rrccido. -~:,o .. - B teu na me– ~a: - Tu não "'abes que cem~ ~lho me t:le;·am ho.jf :! {P..ndet– lhe o número de meu te]efo- NOTAS DE CRÍTICA LITERARIA Silvia Pélica na liberdade Antonio CÂNDIDO S. PAULO - Talvez o mat di!!cil de todos OE generos llte– llários seja a histnria para cri- nças. oenero amb1guo, em que o escriror é forçado 11, ter ãuas idades e epnsar em doís planos que precisa ser bem escrito e l!!ítnples, mas ao mesmo tempo bast,ante poetico para satisfa– zer um público mergulhado nas visões intuitivas e simplificado– rnii. Há dois tipos de livro de criança: o que procura. instruir e o que náo procura instruir. O primeiro, me parece, está ba– seado num eQUivoco fundamen– tal. São os tais "JoAo7-lnho 11a fabrica de avião", "As maraxi– lhas da hlgíene", etc.. Para co~ meçar pouco instruem, porque ou são tomados como livros de trabalho - e neste caso não sê<> "historiai;" - ou tomada11 como livro de imaginação, desgostam a criança para todo o sempre da poesia, que lhe aparece tão vulgar e interesseira.. Na verdade. são historias in– fantis apenas os do segundo ge– n ero, livros gratuitos, !eitns pa– ra encantar, como os contos de Perrault ou para divertir, como o "Juca, e Chico•·. Estes 5ão, realmente, livros "literarios"; a. prova é que sendo de criança també'm de adultos. Acho que é etse o teste definitivo sobre o nlor dos llv1·os infantis. porque, na verdade, o subsolo da arte é um só. As historias que ape– lam para. a. nossa. imaginação a– gem sobre nós como as que en– cantam e.s crianças, de tal for– ma que se nem todo livro de adulto serve para. menino, todo– bom livro de criança serve pa- •• (Como chocolate, pequena; Come chocolates! ra um adulto. O grande, e, hora• conto infent-il li, portanto, o que vale igualmente para adulto. "A sereia.zinba", de Andersen, ou "A Veadlnha cor de neve·•. clP– Madame d'Abnoy. enriquecem tanto li, imaginação de um me– nino quanto a nossa, sem que sejamos obrigados à atitud <>omplacente do~ que se póem i,outro nível, o.fim ele apreciar Não fr.lando. é obvio. do mate– rial mais <l!rernmente folclori– co como os contos àe O,,imm. feitos sem mcençe.o literária e que. partindo fios primiürns l)U elas camar:as incultas do pov(), se dirigem ao que há de prl– mith·o na nossa mente e na da crianç'I. Quamo a mlm, conf.e~so Q;.1e oou leitor assiduo rle Ancter~en, de Grimm. de Perrault, de Ma. da.me d'Aulnoy, àri "Jura"' ç i,·. cn" e da primrH'B faH' <lo i,.r, Monteiro .Lobctto. E de mmtns livrinho~ sem autor ,Jefinidn, 0,1 mal lcmbr11do - <J'1nnta "I·E•– t.ó1·ia da A 1 ·oz!nhr. ·•. dn. ·•(;a--o" chinha" ou elas .. Fad~ s ·• me Cl!.i na mún. 05 RUtOrPS c npl Í – COS. por exemplo Anatoie Frn.n– ce <aliás maravilbc~() cont:•'.:lor de historie•. não vêem (lif P-ren– ça ese,ncial e: iv.re a n:i.r;·n,·lnl fantastica do primitivo. n cc,n– to de fada c as espe::ulnçô,;;:; da filosofüi: são, rodos, m~n~i– .ras diversas d~ passar a• Yid". dando impre~são ele quP e!a é uma .::oisa hela ou impo,:tame 1 "Faisons des contes" ... 1 • E o nos:io poeta FErnando Pz~s:-a - - aliás, Alrn.ro C:m,uoi - diz um poema ad:11irável que ho,i e me foi d.ado ler· Olha que não há mais metafisica no ,~do senão chc:colates. Olha que 11s religiões todas não ensi.. . r:1 m: i.is que a cc-nfeltã.ria Come, pequena, como! Pudesse eu comer, chocolates com a mesma verdade com que fccmes! 'Mal! eu ~nso, e ao tirar o papel de pra,ta. que ~ folha tle -~::tanho, Deito tudo para o chão. como tenho deitado a vida, ". O nosso amor pelos contos in– ti11, depois de adultos, é ei;pecie de procura, como esta do poeta. duma posição inefável de sim– plicidade, em que as alegrias mais simplesnão fossem desper– diçadas pelo mal de pensar e de viver. Uma saudade não se sa– be bem do que, procurada em '''º· A palavra saudade (oh! ob!), pode servir de int-rodução ao li– vro que nos ocupa o rodapé dfl boje - "Sllvia Pélica na Liber– dade". de Alfredo Mesquita (1). i:'-1'ª crianças que deve ser lida Silvia Pélica" é uma. historia. t,elos adultos com igual provei– to; e vimos que este é o teste dos bons livros inl.antis porque 15!í.o bons antes de mais nada. Voltando à divisão :feita acima direi que. não 6- um livro de en– cantamento. mas de diverti– mento ; e não é uma fant.a~ia, como os contos de fadas. Partl– cipa dR- linha de Madame de Sé1<ur, an medida em que trans– põe fatos reais em atmosfera real. com intenções de reprodu– zir a realidade. Antes de mais nada, "Cilvia Pélica" é um livro de saudade : sauõade de tempos que o autor nem conheceu mas que viveu através de recordações dos mais ,elhos, Alfredo Mesquita tem a mania. do pa~sado, as~im como outros têm a do futuro. MA.nia de quem não se sente à vonta– de no presente e exprime "a– quele desejo de encontrar uma forma de morte, que é procurar as sombras de um mundo que se perdeu na noite elo tempo" co unáir-r:; . arcos,_ ,...,..,,..., põu a primeira garra:ca, en– cti.eu os copos devagar, espe,rou que a espuma baixasse para "nche-los até à beira. Constrm– r.!no, vivia pela imaginação. Da– va um carater fabuloso a seus amor por Linda. A's vezes afi– gurs.va- rn-lhe toda a sua. h1st.o– ria. assim como uma cou119, oo– nhada., absurda, inexistente. Uma. coma por ele proprio in– ventada. Esses nensamentos, no f im, iam buscar a figurinha. de Linda para mna realidade een– timentalir,a nte: -A's vezes... quem sabe? - O rapaz olhou para Marcos entre desconfiado e receloso. - Si eu lhe falasse. • . - heslrou. - Si eu lhe falasse em lágri– mas de sangue? - Bem: eh poderia te res– ponder que uma sangria na alándula lacrimal te refrescaria. os olhos, alem de refrescar, - i\s vezes, quem sabe? - o teu desejo. -- Porem quando 11e fala em mouer elas costumam fazer al– gumf!. ~ousa. - 1-iá as que fazem algumas flor~1,. Ela te fará uma visita o í;ltimo adeus. E escuta. s~ ela chorar sobre r.ua cabeça não lhe dês ouvicios! Co:::i.stamilw apertou fü, màos nrr.:; bordas da mesa e curvou– se parn a frente: -Mas afinal o q\lr 11emas? - Que e).s não l.e tele1onará. - - E' teu olho cego quem o rhz? - Com efeito. é. C'C'D.~mn;!n') l:vantou-se. io– i a:.,do co:n a r,erm: a cadeíra 1::ar::. t.:~n..r;. - Ni'i') tF direl 1111.it :'l.s cousas. U:J.:·co , Ri• de n,h~1. vi lú . Eu re trJf:T8.rei 0:.1.f" ('} ... 1-:1c te!efo .. n1r.1.. E \"Prái:t que 1~u.:..1ca. P.st1 .. 1·f' :- pf"ixormdn. L'.~ora e1cuta i t,o · se por c;u:ilrrner ,:,,-nti.:a– líf~ . ;e ; l! me ::f'-:01~;·ücer i.10 n:eu ap~~.....ar.~rnro. ~" n t, o J n r - n1 e pensandl) flllú durr..:1te nm mi's. pPlo n ?,10!< 1C"'.' S çiue pav.a!'. t;'1 rne»nn. redas o.5 d efpe?:as qi:e fizeres. De e,· mi:1ho co:nprou umas rt', ,srns, ,lo;:s 1 ociof. c::nnprnm re– vistr,s qu!ln<io ·:ão pa:;zar :il • gum tcnpo iso'.r·.d.o~. Deu-as ao a$\.:en~ori: ta que achou as figu– :ra~ ~obrrbas. air.radecc-~1do a!'– tscir:r.damente em nome de sua prima paraliticr. O apartamento passou por completa reforma. A cada ca– pricho r:o\'O o criado fazia uma nova " Constantino reno,·ava a promessa de fazê-lo seu herdel– ro no devido tempo. Tres fi– lar. de r arrafas, -i;ostas junto à janela. se incendiavam de sol. O ni.paz achou o ambie11te a– irraãabelissimo: um ambiente p~rD R tu.~ dPrnenc1~ ~cnti– mcntal. E~1<R boa disposição pn:irnu mais depressa do qUf' lhe era dado esperar. Com os dias compridos, enervantes. veio, forte. a lembrança de Marcos. vee-- Ai'10ve.lpas- SoETAOI. . ...• A necei,~idade de Marcos. O t,e– lefone em cima da mesa guar– dava um Rilencio odioso. Cons– tantino abria longamente a bo– ca, passava pelo quarto, fa à janela. o movimento na rua em baixo fazia-lhe mal. E para fu– gir a uma auto-anaE1<c. para (Conttu_ua na okAva pág,) connnent-e . reauza ao essa tarefa da. mestiçagem. que e/l,tudámos em capftuios espe– ciais deeta. obra . Por outro lado, a sua a.~simi– lação cuitural ou acuit,uração foram perfeitas, na criação des– ra, cultura. luso-bi:a.~ileira. que se apresenta. como um fenôme- no à parte no mundo ameri– cano. Os nossos historiadores sociais, da. marca de um Gil– berto Fre:vre por exemplo, ex– ploraram o t.-e;ma. Para. êles, o Português triunfou, onde ou– tros europeus nórdicos teriam fracassado (Vide G. Freyre, opera 01nnia, e esnecialmente o Mmuf.o que o Poi-ttlgu~s criou, Rio, 194:0, passtm.' , Não é necessârio repisar aqui êsaes 11,rgumentos, tão conheci– dos sã.o êles. Hã, porém. a dis– tinguir o Português, hist.órico. elemento colonizador propria~ mente cm.o, do Português atual, aqui entrado com as novas cor– rentes imigratórias. o primei– ro real11-0u, na verdade. as me– lhores condições de adaptaç,ão e assimilação. Sua adaptação climática foi coroada de suces– :so, onde outros elementos eu– ropeus, principalmente os: An– glo-saxões fracassaram. Tam– bém foram melhorei! os ~eus condicionamentos cultura!~ 1a s,:a r-,cli.matação. na habitacãn. nas vestes. nos háb1tos c:'e viê ~. Os processo!' de amal!larneçâo t.am! )ém foram coroa.do, ; clt> •u– cesso. como já o temos ;-;~to . E a amal3amação - - pr.I~ n11~– cige1~açâo ou pelo 1n,~:·c1;~!l · mento - re2lmente fa•.,,:,rc~eu a obra da su.:1 a:similacz.o so- cial e c::.Itural. · Se bouve defeito~ na f;a•efa de~ra a "simílr.~ão ,o~is.l e ~l!1 - t.:n·aL eles ~e de,·<>m tio~ pró– prios 1;i 0 temas soci>tis e econ/i– m!ros ril! época. com todo~ o• viciM r'.n f<>udali~mn '".lfOPf.!J e Mlonial: monuc11ltur9, lati– .fundiária. esrravidáo. pat.•ior– calismo rural . . t11do 1'.':~n ~f' rflfletindo nas rela,.,õe, de ca~– t:> e c!aEse e na formacào de hábitos culturai., com;equente,:;,, <'Otno foi .iu~unneme est11dado 1111, obra de nossos historiado– res sociais. Não obstante isso. a tarefa da f1c 1 1Jturacão não teve limitações. No ra~a. como na cultura. o Port.uguês te\·e todos o.- contactos imagináveis. E sua r:ultura se entrosou com a do~ povos com que er,.trou em contacto, a indigem1. a ne– f!'ra , e. mesmo B de outros po– -;·os e grupos aqui Pntrados. na formação dessa estrutura cul– tural básica. a. l!JI '-Rfro-indi(<'e– na. sobre que sP· el'!xf'l'Laram outras influência~. para essa ~intese final. que e a cultura brasileira com ~nas diversifica– ções regionais. O probleme, "• porêm, mais complexo quando lidamos com o Português de nossos dias, o entrado no pais com as nova~ correntes imigratória~, Mesmo aquêles que acentuaram as vir– tudes colonizadoras do P.lemen– t,o lt1.~o. são forçados e admitir que um povo e uma cultui-a mu– dam no decorrer dos séculos. E' a lição que nos fornece o ca– pitulo das mudanças scciais e cultl.l,l'ais. O Porçug~ do sé• No Braf!ll . ~ ll atitude uova tem-se manifest:\do de Yárias maneiras. at-é ao scotoma com que ilustres cientistas lusitanos encn.ram o problema das rela– ções de raça. São palavras do eminente antropólogo Mendes Corréa, nas suas observações sobre a arnalgamação no Bra– sil: ''Não há no Brasil os ar– relg-ados e absurdos preconcei– tos raciais dos Estados Unidos. mal': a cordialidade de relacóes entre os brancos e as raças de c6r não significam de modo al– gum a fusão sem reservas. Quando muitos autores brasi– leiros falam na homogeneiza– çâo. na assimilação. na forma.– ção duma nova raça mista, com desapareciment,o dos element,os componentes, eu, com o devido respe!t-0 pelos ílustre..<: confra– des, permiro-me duvidar, como .iá duvidou Euclides da Cunha, ao escrever nos Sertões: '•Não temos unidade de raça, nao a. teremos talvez nunca". A 61'– gregação de raças, a endogamia dei.:tas, não são absolutas no Brasil. Mas existem em escala bem marcada" 1 Cariocas e Pau– . listas, Põrto, 1936, pag. 28.'i 1 • E depois de uma pequena ci– tação de Oliveira Viana. conti– núa i:vlendes Corrêa, aplil:ando aquele método intuitivo ou im– pressionista tão do gôsto de al– guns dos nossos ensaistas, mas tlw perigo~os em ciência, pelas <seneralizações que encerra.: "E, quando, nas tardes dos domin– go~, JU recolhendo ao anoite– <-er eo hotel, eu via, no Rio, na .lwer.ida Beira-Mar, pelo~ ban– cc~. ou passeando, os pares a – bundantes de enamorados. só enco.1trei brancos com brancas, mulaws e mulatas, negros e ne– gro.s. numa eletividade atrat-!va. de i..7dividuos das mesmas re.– ças. 1'Ta hace do amôr que 1ns– pirnva. aqu€Ies idilios, e11tava romo um elos elementos a sfi– !l'clade antropológica. Atuando 1~or mecinismos bio-psiquicos ou rniJ o condicionalismo de restrí- ,;i,cs rncials? .Nào sei. O fato é nq uêle''. ,Id., ibic!., pags. 285- 2861 . Um pi,,sso a mais, e te1·1amos um racism() pzrfeitamente de– x,eado. Embora o •·fato" não seja propriamente "aquêle", poii< o~ pares nesta velha c!dade d2 São Sebastião eominuam /'e procL:rando nas combinações mais díversas de côr, sem ne– nhuma preocupação de "nfini– dade.~ antropológicas", a passa– p;em do ilust.re antropólogo por– t11gi.::ês sei·ve para documentar a atitude atual nesse terreno das relações de raça. !':,as como se comporta no Brasil o Português de nossos dias, nesse capitulo da amalga– mação ou assimilação biológi.– ca? Os dados objetivos são in– felizmente reduzidos . Nos qua– dros estatísticos organizados por Oliveira Viana, podemos ver que o coeficiente de homoge_– neidade para os Portuguêses no Estado de São PaUlo, {, de 2,16%, alto coeficiente acima. dos :,,róprlos Alemães • ,Tapo– neses. o que revela que a endo– gamia portuguesa é bastante elevad,a, COQtl~do com a.a- u na~ I0.49, 0,27 e 0,11 %, respe– ctivamente'" •op dt.. pag. 15P . As coml)inaçôes mistas são int.eiramente inesneradas. o Português une-se menos com a ulher brasileira <87,6% no Rio Grancte do Sul e 72.4<>:. em o Paulo i que os E~panhóís <91,1 <;-; no Rio Grande do Sul e 83,2"'n em Síw Paulo) e os próprios Alemães 188,8% no Rlo Grande do Sul e 89,1 % em São Pa,ulo) • Y..esmo o Sírio revela a alta per– centagem de 90% de casamento com bra.sileiras, em São Pault> E'i>ses dados i-ão confirmados (Continua na, oi va ~ ) Rel~t!..-3mer>t.e ao ~en~lm ..o e he.l :l111de.de ant,,tlco, õe Gil Coln, – bre., pode-se afirma!', com OscRr \Vllde, qne a ' 0 A1'te é um vên mala do que nm Pspelho: poss,,e florei; que nenhuma. noresre. conh~c~: ave:=; que nPnh1ttn bosque poAAul'·". E se h on..-P.see dt\'l'ld•s de que a Vida. Imita. 1t Arte mmto mais do que a Arte lmitB ll Vida, a. vida. errante a a artP Fenstvel dP. Gil Co- 1mbra, most.rariarn qne Osear Wil– de t.m ra.zlio em e.firmar a lou– cu1'a absoluta "m q uest/i.o de arte do Infortune.do Hftmlet. quando de– clnrou que a "Arte e o espelho dit Naturna". M :edtt.an.dn sot,re a. p lu1t1ra dos r;raud~s rle.ssi,,os ,. "· hera nça de. cUltura hespanhole. de 011 Colm- o amor e J'aques uas estrepolias FLORES (Pa.rit A PROVIHCIA DO PARA') Oiaem q\le o amôr é cego . Daf, jµl?o eu. a justificativa da 5é~ rie cte coisas estapafurdias, es– trambol!cas que pratica aquêle que está com o amôr no coiro. que está enceguecido pelo amõr: Multas vezes, a gente conhece um moço ponderado, alegre. àe bôas maneiras, dando a demons– trar a todos estar ne, posse com– pleta das suas :faculdades m~ tais, não tendo, a&c,im, nenhum parafuso frouxo. Pois b<?m . Um dia. ;,;s,,.e nos- 110 amigo entra a mudar. intei– ramente, no seu modo de proce~ der. E sAbem por que"' Porque viu "pa~sarinho verde" lll.e. que era ativo, dá p'n1. mo– roso : Ele, que era. corado e Jo– vià.l, se torna pálido, amarelo e triste. p:,,ra não dizer corujer,to. Ele. que era o exemplo do no– mem de b~m, '!nsale. a sua pri– meira. brilhatura no terreno da pouca vergonha, àa chantai.e, Ele. que tinha horror ::i.o copo, se alinha entre os melhores ad– miradores da, pinga Então, a !amma. os amigo;:, os companheiros de trabalho ou de estudo, impressionados com a– Quela súbita e notavel mudan– c;"a, começam a e1;piar os passos. começam a indagar, a observar a vida do nosso transformado ci– dadão. E. sem que demore muito, chegam à conclusão - Deu:o. do céu! - de que o motivo princi– pal de tudo aquilo é. simple1<– mente, o amôr, o amôr no duro. Slm. o amõr que move o sol e os outros astros, conforme disse o velho Dante, o amõr que tem si– do a ventura e a dei;graça do mundo. desde o inicio da sua e– xistcncia; o a.môr, repito, é 11, causa de estar com a cabeça vi– rada a nos~o pobrf! mancebo. Ele está. amando, mas amando, integralmente, com todas as vé– ra:1 d'alma, como cantam os poe– tas, amando, enfim, da cabeça aos pé3. E' mais um11, uma viti– ma do mui poderoso deus Eros. E ama o nos150 amigo não s6 com o tal de coração. não! Está. amando com a cabeça, com os olhos, ouvidos, braços, pernas, • mãos. fígado, baço, estomago, etc. e mai.:: etc. Ama com a cabeça, sabendo– se que ele anda aluado; com os olhos. porque éle passa pela gen– te nos olha f' não nos \'ê; com os ouvidos, porque a gente chama e o dánàdo, embora pertinho, não o,_uve; c.Q/-11. os braços, mãos e pêr - n!I,~, porqv.e êie não os governa; cõlil o estôma&'(), porque não tem ape_tite, riã'o come. e, assim, su– cessivallJcente. Amôr-a~ ~a.~!o _8)WS ·~ . . . Naturalmente que a essas a– normalidades, a êsses modos pe– ri_pa.téticos. estão sujeitof os l'i>– prPsentantes dE' amboi; os r;rxQ~. sendo que na, mulher, r;egundo opinião de abalis11dos sabtdões. 11 , ~oi.sa aparece de forma. mais acentnada. um homem apaixonado é pau, P fel.o, é ruim, mas ••• tolera-:';e. Ent.ret.anto. uma dQlla Eva, nas mesmas condições. Nossa Senho• re. 1 E eu, a f6ra outros destetl'– pêros. me lembro logo. nào tó dns choradeiras. às escondidas, como dos "ataques", dos fani– quitos. às clara.~ 01< meus amigos já Yiram um "\'.elho amorudo? l)ê.s.ses chama– dos gaiteiros? Ah! E ' uma rapa – dura de rldic:ulo. E' um hom– bom de grot-é:,co, VE>nào-o; a– Pl'eciando-o nos trejeitos. nas forquinha.s que éle faz a Rtl8. deusa . é de a gente se pelar de 1·lso. E uma ,·elhota gorda. en- 1.umecida de paixão, já ,·iram" Dessa.~ que reuiram os olhes e dão sm;piros que parecem vir ó.o :;ubterranPo cte mm alma"! Pols se não viram, procurem. vêr -e· de ei,;talar e morder a Ungua de gõso. Para muitas organi.ze.çóes. PR.• ia muitos tempern.mentos. o a– môr surge 1-ob a feição dP um cttso. mal~ ou menos. patologicc. Haja. ;·i.~ta o ciume. Daí. os sui – dd.io11 por umór, os casos pa5sio– nai!i. O individuo flexado. /Prido pelo tal menino Cuplrlo, sofre i:omo um t,ão pirento. E . então. zaranza de sofrimento. conven– cido dP que para o seu mal 11áo há remedio - como fnzem al– gum; enfermos desengenacos - o z!nho dá um ftro i10 "côco ·· ou bebe um troço vt>ne1101;0 e, adeus . encantos do muncto ! A vida, Jà ctls:,e um pandego, pode ser comparada a. um a.pa – relho. pl!,recido com uma. balán– ça. o qua.J 111tra estar em dia. não deve regi!lt.rar peso mais de um lado do que cio outro. O ,equilí– brio const-itue o meio termo. que & o melhor pedaço da Yida : nem tanto ao mar. nem tanto à ter– ra. Disso se depreende que assim como há 811jeit.01<, que, 1,e11do bons f' felizes, o amõr fa-los maus e desventurosos. as.~im há os maus e infortunados que o amôr enuireita, cor1'1ge e Iaz a,té ~ia~~s manos ganh em na fo- õ amôr e suas e~tropelias .• . $00re ê~t.e a:irmnto ténho mui– ta , coi~a 9:4.ida P'.afa. Jiiiiagu~r ~ os meus amirosl Maa \!êtclb c)i:iisado. Falei. tanto em amõr que, - JJE.lrwr[I. de quem tem ~a,– ll!,'.wa ..... n,e sinto am6M,e~- ~~-. p(.I" ...... ,.,... - "•· crlro.q porque ,Pspe1to cio mesmo vam a c~df1 pnt,srJ, O lnteresesnt.e é que à sonibr õa dit'icuic:.ad ... de •·rct~na-,• 1.• n~. samento f': definir o coucea('J a eada. objeto. iormararn~,-e 1111.1! escolas de Hlofio!tr-t. Un:'ls r·r,2· r~m a negar a existeoc!a tio i o \'lme11to. e o que é mflls cur:o provavl'm por 11m racloclnio ura mente matematlco que uma fl~c atiraria. de um fl.rco at1ng-1r-t 0 v,:, s~m ~e m over absolutamcnt Outl·a:-::, nada af1rmavo.1r~: corn')r zlam-~e em du-.làar nums. Racr11ment,0.l - ·•susteoi n, .rt1 r:, :. M!rmo•·. llm soCl.ata !a~rn da p , deneill a hM& CIO nRino: o Plt rleo n~te,belect&. coroo p r!mnrc, ,. mento o aprender 11, reflet ,r oesouecer de IRlar, O dlsc:;;111\) ge,·a.l copla..-a com !ncHldnde modelo dos 1nest:res~ ma.s 1gno1·a y:1 qui, vinham a ser a prrnl•·nc;, silencio, e. r ef\e,.i,o (O ~ -vtrtuct, f!losofia. parn ,, di~clpn:o se r mia qna~e ~empJ' numit 11t1• imitatln.: parP.. o mestn, era um tudo porf!!tdo para alcantar a l:)edor!a, Como os mestres eram consict~r da,• sablos he.<'\P. a étf'..Sl'Onflança , q,,e 06 fllofiofo~ ~lln'lllt.vam dt culd"-Cies :nas úefln! ôH das ic:! •., para que ficasse 00111 *r·-:Jt! rla r.ua arte. ·•Hercallt<.o. d!M-o L creclo, adq uiriu !&mi\ omf.l"t O<S los pôr cau~" dl' oht<aur1c~c:e isu1< linguagem, po!15 ~ . !!lneta..,· adm!r11m mata as !~tl111, m1au • I\R v,.en1 º"" 1 tas entre palnvras 1 compreens:,-P!s· . Até qua.ndo se tra•a df' d(''\n o homem. ~c1, ,1p!n!õeg mudam mP~ll:lO Pll\\ ÚC• q 11e {l p,.t'fvl(.. ti roem t:on10 St! fora 11m !'.:> - hnmem " u m JJlped• ~eI!": , ,erno Cl"~'f>·e en, ,~ma p sua s obras o Q "lll"" S,:.c!·&.i. ·•s •ria d ••o, ir,rn P... :-11: 1,. ~-:-c! .. d - ! ramo~ que c,')Uf,& :r-.ej11. t) humf' que podemos aflrmnr· ê qc:• o t IDOII por am da COUSR,C mt1!s f!ce!s ele conhec<'r" ~0("1TtE"~ 1 ra irL1ho t..·a !Lrl q_ al\dO clisr:ut1~. r·oc.1t·,mand0 r lf'>J car it orovn a~ d1>f!nlcões propo• nor ouu·oFi. n1a.1o nãc.1 em propo~· n 1e!HJ'I'"' .1d.clü.~ e tlet1nkutl!!:. ~:):11: t:es 1n.s: er!'0~f n t.. :n nl"' ,1~~, . (.L~l,-: ••• No 'banque'ie ~vtt,·h: !r, z,..r o e1o do An1m:. conuindo .... dhcu~~·-· ouv1\1 df! l~Jll fl. mllHi.t"'r' ,~!' '\t tinéla, E quitnd.o ,1u1:. d ~f•i.1:· B~m . que eJ~ r.-0n s!der11: ll 0b 1 lmutavel da rrizã,,, ri,c,ocreu , n o nal cio 'f'ilpbo, ft Bj nd a rjP. ( (tlemP.ntos difPrt•ntA...~ : o be~o. ('!'I rnetrJoo, f\ in t ehge1!c1a. a ,•í,-1 "' nplnlr1u verct,;.ddra e n• pr l'('S r~uros. N rt--rd.Hh1.rír 11) 1.' ""SC\1ÇêG do Bem . e DàO prc1 ment ~ t• 1 oa <I Pf1 u lçRc, "Nada ~e dAftnc-. E n es.% 1 l),.c!da,1.. ,1,- de!ln!r ~s <'<H!> qn~ Pstl\ 1n.-ec1cri.numt~ " b~1P7 1,uc10 quP é !nde!lntv~l" . e-,,-r, l,P.martln,.. pensondo n atur:um r em. Sorrtlr;c:i;:;. Mas que .t.- ,, arn.or ? <t)ur .S n o 1' platonlco i;al como "0llCP.beu Pl t,ÍIO? F':ni iH'7- de b :1scr.1· UJTIR (!r1ni ~ · dP an,or. <111 de estuda--Jo :.ii- 1 ·: ~ das paixões hHmn.nfls, co1n o :.:n1 to de ,-ngrandPcer a, almM q se dfl'IPitam l!'m 1.!'t.r nzna express <!Bplrltua.J a. toda.,; n.~ vercted~s. melhor ~eisn lr o modelo qur Vior:· tes empregava nss sus~ pi1 ie!-.t1 Esse :rnC"'tod.o r:onsistia rirf' ···◄ •..-1 · 1 • te em Pxa.minar as dPt1nir.bP.~ r,. postss por Ot\tros sP-m ldé'tt teclpada df! Impor uma ciP..i.1', O D!Mago "m que r'JaTii.r, ,., u. cio Amor é o Banquete. F -,, sumo trata-se de uma obra LP. loao!la. considero.da , po~ , s: .,,_ ,. mo obra dramat!c~.. 'e (Continua na oitava

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