A Província do Pará Abril 1947\A Provincia do Pará de 02 de abril de 1947

Pdgina 8 ''3 20 s o anos, reali z a.rã A ~Â I50 PARA: no s os • uze1ros por a no, em randeza deste a '' Tae Mas na marcha em que as coisas caminham, breve chegará o dia do juízo final para o comércio e para a produção da Amazonia, declara-nos o sr. Otávio Meira - Tudo está por fazer - Transportes fluviais o problema n. 0 1 - Sem povoamento não será possivel pensar em valorizar a Amazonia - Deve ficar com o Ban~o da Bor:racha a execução financeira do Plano de Valorização Na marcha em que as coisas ca– minnam, breve chegará. o dia do Jul– zo final para o comércio e para a produção da Amazonla, declarou-nos ontem, ao receber a reportagem des– te jornal, o sr. Otávio Melra, ex-inter– ventor federal no Pará e uma das figuras de maior relevo da vida cul– tural e economlca da Amazonla. Es– ta previsão pessimista, entretanto, era logo corrigida pela expressão de uma oon!lan,ca no futuro da terra a que tem dedicado os seus melhores es– forços, ao objetivar os problemas principais da região e Indicar para os mesmos a solução que Julga aconse– lhavel. O primeiro de todos os nossos problemas - acrescentou - é o de transportes fluviais, porque pertence a todo o vale. Atenção especial deve ser dada à. agricultura e à. pecuária, acentuou o sr. Otávio Melra, para logo chamar a atenção para a ques– tão do povoamento : "Sem povoa– mento não será posslvel pensar e.m valorizar a Amazonla". Depois de abordar demoradamente outros aspe– ctos que apresenta o plano de valo– rização da região amazonlca, como os de transportes terrestres, eletrl!l– cação e lndú.stria, dizendo em sln– tese que tudo se resume na obten– ção dos meios financeiros, o conheci– do advogado concluiu assim as suas observações : "Tvezentos m!lhões de cruzeiros por ano, em vinte anos, realizarão a grandeza deste vale e darão à sua gente a oportunidade para demonstrar do quanto é capaz o esforço humano ajudado e bem compreendido". "QUASI TUDO ESTA' POR FAZER" Após palestrar demoradamente com o reporter de A PROVINCIA DO PARA' no seu gabinete no Banco de Crédito da Borracha, de cuja dire– toria faz parte, o llustre homem pú– blico paraense sintetizou por escrito as Interessantes observações que fi– zera em palestra, ordeuando a sua dissertação em torno de um ques– tionário que lhe apresentamos. São as seguintes, na integra, as 11.uas Importantes declarações : Santarém precisa de rodovia que faça a 0 --roxlmação com Belterra, no Tapajós, e com as colonlas Interio– res, as mais adiantadas do Estado e sediadas em nossas melhores terras. Alenquer pede caminhos para suas colonlas. Estas andam sempre à. frente das estradas, e com isso cria– se o permanente problema da falta de transporte. Da mesma forma acontece com Obldos, Cametá, Ma– rabá, Monte ' ·1. Outro aspecto é o que diz res;,elto ao financiamen– to de nossa produção. Este tem sido feito, no se)ior da borracha pelo Ban– e· de Crédito da Borracha, com reais e práticos resultados. Os outros pro– dutos dependem do financiamento heróico de nossas casas aviadoras, precursoras das atividades oficiais nesse assunto. Os elementos nãJ> chegam . As crises desanimam. As cons1Jantes alternativas de preço le– vam o crédito à situação de perma– nente flutuação. Há. necessidade de dar Importância capital a esse se– tor, para a establlldade economlca de nossas forças de produção. Isso tudo com referencia ao plano de emergencla, que atenderá às con– dições atuals do vale. POVOAMENTO n _,erá necessidade de organizar um plano definitivo. O esquema des– se plano está traçado nas medidas de emergencia, que deverão ser amplla– das. Para isso haverá o trabalho pri– mário da colonização. Sem povoa– mento não será posslvel pensar em valc:lzar a Amazonia. Mas esse po– voamento deverá ser feito com inte– llgencla e cuidado. Tem como coro– lários: saúde, instrumentos de traba– lho, sementes, financiamento e con– sumo assegurados e Instrução. De– vcsemos preferir os imigrantes lati– nos. Oc nórdicos ou originá.rios da Europa central não aceitarão o nosso clima e as nossas condições de vida.· Virão para cá e daqui seguirão para Minas, São Paulo, Paraná., Santa Ca– tarina ou Rio Grande do Sul, onde encontrarão ambiente assemelhado ao de sua origem. Aproveitemos em primeiro lugar os portugueses, d,:, preferencla os llhéos, que são agricultores. Busquemos os italianos e espanhois. com a preocu– pação de trazer homens do campo, acostumados aos trabalhos agrlco- anç a ! • ou 1 Pl 1 C r las. Estará, assim, plantada a se– mente de novas gerações que se mul– tlpllcarão para a erandeza do Imenso vale que habitamos. Parece-me que tenho assim respondido à primeira pergunta do questionário de A PRO– VINCIA DO PARA. EXECUÇÃO A CARGO DO BANCO DA BORRACHA São as seguintes as respostas dadas pe!o sr. Otávio Melra aos outros itens do nosso questionário : - Sou de parecer que a execução financeira do plano deverá ficar a cargo do Banco de Crédito da Bor– racha, s. A., a maior organização de crédito da Amazonla. O Banco lnst1- tulrá a Comissão Executiva do plano da qual participarão todos os Esta– dos e Territórios interessados. A van– tagem é manifesta. Dentro de pouco tempo o Banco de Crédito da Borra– cha, S. A., em sua nova estruture.– ção, passará a operar em todos os setores de produção da Ama.ironia . Financiará todos os seus produtos e não somente a borracha. Estará, as– sim, em contacto permanente com todos os problemas da região. Novas agencias seriam abertas nos locais mais necessários à sua função de crédito e de executor do plano. O organismo já. existe, sob rigorosa fei– ção bancá.ria, capaz de dar conta de tão relevante incumbencia. Não per– deria o Governo Federal o contacto indispensavel com essas atividades, uma vez que o Banco é uma socie– dade mista, da qual o Brasil partici– pa como maior acionista. A PARA' ELETRICA - Não digo que a Companhia de Eletricidade Paraense ·deva ser inclui– da no raio de ação do programa. E:·., companhia pmticamente não existe mais. O que existe são as ne– cessidades c!o povo cm face dos pro– blemas de força e luz . Esses, sim, deverão ser incluidos como ponto dos mais importantes no plane de emer– gencia de execução imediata, ao lado de identlca situação que ocorre cm Manáus. Deve ser declarado caduco e rescindido, por falta de cumprimen– to, o .contrato celebrado com aquela companhia . Nova organização deve- e V • rã surslr, CO!llltltulda. por todos qul.l.ll– tos têm tnte1·esse em um l:!<:im e mo– derno serviço, sob o patroclnlo do plano de valorização da. Amazonia. E' preciso fazer tudo de novo, e fa– zer logo, antes que seja tarde demais. NIVEL DE VIDA DA PO– PULAÇAO - O nlvel de vida da população amazonlca deve ser elevado ao mini– mo compatlvel com o genero huma– no . Isso só poderá. ser obtido através de serviços wcials, de valorização da produção pelas faclJldades do trans– porte e do financiamento e melhoria das condições de trabalho. POSSIBILIDADES ILIMI– TADAS - A:!! possibllldades da lavoura e da pecuária são 111mltadas. Mas não podem progredir e melhorar sem a. devida asslstencla. Esta não pode se fa~ ·.r sem dinheiro e sem técnicos. o dinheiro possibilitará a vinda dos técnicos. Tudo se resume, portanto, na obtenção dos meios financeiros. Fs::3 virão através d~ verbas cons– tltuclonals destinadas a esse fim. BELT~RA - A Amazonla n!í.o precisa de uma B.-.cola de Asronomia, mas de multas. Belterra poderia ser transformada em centro de aprendizagem prática, como curso de,aperfeiçoamento. A .Amazo– nia deveria ser dividida em regiões e cada região dessas receberia a sua Escola Prática de Agronomia. Pode– riamas ter uma em Bragança, para atender à zona compreendida entre o :.:~ranhâo e a foz do Amazonas. Um:1 Escola de Veterinária em Ma– raJó, com séde em Soure. Uma Esco– la Mista, de Agronomia e Veteriná– ria em Santarém, para atender ao Baixo Amazonas. Outra em Manáus e outras mais em Porto Velho, Rio Branco, Bôa Vista, e Macapá.. Ca– metá ganharia outra escola, que as– sistiria à .região tocantlna. Não de– vemos ter agricultura emplrica, feita a enxada, si queremos ter agricul– tura. Essas escolas poderiam ter ca– rater prático em sua grande maioria Ih s - çao e tltulariarn não pi:op,ri&mente agro– nomos, otijoa conhéctmentos de\leln atingir a um gl'á'u generalizado e complexo, mas agrtcultjires adianta– dos, que iri&m para o campo realizar o que aprenderam. Em Belém poderia. funcionar uma Escola Central de Agronomia e Veterinária., destinada a formar agronomos e veterlná– rl06 e q1,1e ooristltulrla o v_erdadelro grau superior e cientifico do ensino. A ClJL~URA DA BORRA– CHA A bottacha arnazonlca •terá de passar do est'ado silvestre para o de cultura, s1 quiser sobreviver na con– correncia Internacional. Nem sempre se poderá manter uma produção pelo sistema da proteção tarl!ru-ta, maxlmé quando esta não procura sair do es– tado embrionário de força espontA– nea da natureza. Belterra está rea– lizando um notavel programa de grande significação para o futuro de nossa hevea. Milhões de serin– gueiras de plantação estão com~ çando a produzir. Os trabalhos são ainda experimentais e muitos bllhões de árvores, deverão ser plantadas. Isso se fará., pois o trabalho prosse– gue sem Interrupções. - Não se pode pensar em desen– volvimento Industrial sem força mo– triz. Posslbllldades há Inúmeras. O Pará dispõe de regular parque indus– trial, todo ele resultado da Iniciati– va lndlvldual. Os nossos industrias slb forças de ação heróica e singu– lar. Pagam o mais caro quilowatt do Brasil. Usam motores monofáslcos, o que nem na China mais acontece. Como progredir Industrialmente? Co– mo obrigar cada Industrial a ter sua . força própria, sl esta torna prolbltlvo o custo da produção? Será necessá– rio, como já disse na parte inicial desta entrevista, mont~ novas usi– nas, trifásicas, Diesel, em Belém, Ma– ná.us e outros pontos populosos do Interior. Teremos assim o ponto de partida para a nossa expansão Indus– trial. Nossa gente tem coragem e tem empreendimentos. Mas não pode fa– zer m!lagres. Nossa pequena indús– tria realiza um esforço de sobrevi– vencla que acredito não poderá. ser excedido. Dê-se força economlca e suficiente à Indústria e os particula– res farão o resto. Els o meu pensamentd de brasileiro e de paraense sôbre o que penso a respeito da valorização da Amazonla. Trezentos milhões de cruzeiros por ano, em vinte anos, realizarão a gran– deza deste vale e darão à sua gente a cportunidade para demonstrar do quanto é c"paz o esforço humano ajudado e bem compreendido. Q1;1airoo.-f eira, 2 de abril de 1947 ino lato i telegrafic:o ali oç--o cl p evide ■ 1 s e • 1 ilitar a as Um veterinário do DES transportar-se-á com urgência para os locais atingidos - Importante portaria assinada ontem Vem tendo grande repercussão em todo o Estado, a extensão dos prejuizos causados pelàs enchen– tes no Marajó e no Tocantins, das quais tem se ocupado a. im– prep.sa locat O Govêrno do Estado, no intui– to de salvaguardar o interêsse do povo, vem tomando as medidas compatíveis, com a situação, ha– vendo já telegrafado ao Presiden– te da República e ao ministro da Agricultura, comunicando-lhes o que vai ocorrendo nessas duas importantes regiões do Pará. O govêrno enviou para a cidade de Marabá a importância de cem mil cruzeiros para ocorrer as des– pesas de -manutenção e socorro às pessoas que ficaram desabrigadas em virtude da enchente do To– cantins. E a bancada paraense na Câ– mara Federal levará. o assunto ao conhecimento daquela casa do Congresso. Além disso a palpitante ques– tão foi já levada à Câmara Esta– dual, onde l'oi motivo de debates na reunião de segunda-feira. UM VET,Ji;JµNARIO A..VALIAB_j.' A GRAVlDADE DA SITUAÇ.ll 'O Nova providência vem de ser tomada agora pelo Govêrno esta– dual, determinando a ida, aos lo– cais atingidos, do inspetor veteri– nário Antônio Bona, do Departa– mento Estadual de Saúde. Nêsse sentido o major Moura Carvalho assinou, na tarde de ontem, a se– guinte portaria : O Governador do Estado do Pará, usando de suas atribuições, e atendendo às alarmantes pro– porções da atual inundação dos campos das faze!).das localizadas na ilha de Marajó, fenômeno de graves consequências para os re– levantes interêsses da coletivida– de, de vez que sérios e irremediá– veis prejuizos têm causado à pro– dução Jjecuária da região assola– da, com diréto reflexo sôbre o problema do abastecimento da população do Estado, RESOLVE: Determinar ao sr. dr. Diretor Geral do Departamento Estadual de Saúde que designe o inspetor veterinário, dr. Antônio Bona, a fim de, com a maior urgência, transportar-se para os locais atin– gidos pela enchente, com o fim especial de avaliar a gravidade e a extensão dos prejuizos oriundos da inundação em caUlia, apresen– tando, se possível, por via tele– gráfica, rela.tório circunstanciado, com as sugestões capazes de ha– bill,tar o Govêrno a adotar as pro– vidências adequadas, no sentido de reduzir os efeitos da situação criada pelas encl;lentes. Deverã, ainda, o funcionário por esta parta.ria designado, apare– lhar-se dos recursos materiais que reputar apropriados, para proporcionar assistência veteriná– ria aos rebanhos locais, na pre– visão de que isso se faça necessá– rio, seja em virtude de males atuais ou que venham a grassar como decorrência das enchentes. Cumprida essa tarefa, que tem o caráter de absoluta urgência, deverá ainda o profissional em questão: a) - Percorrer tôdas as fazen- das da regi!l.o a !1m de examinar e inspecionar o seu estado, situã– ção, melhoramentos exigiveis, ca..,_. pacidade de produçã<J, e, em es– pecial, montante atual dos reba.- · nhos; b) - Apresentar relatórt~· abrangendo gado vacum, cavalar,.' muar, asinino, caprino e ovino, :' ·bebedouros, pastos, currais, caiçd:'- 1 ras, pontes de embarque, culturas" de capim, moinhos de vento, re- 1 prêsas destinadas à exploração de peixes, ranchos para os vaqueiros, : currais para as vacas leiteiras, en- . fim, tudo que se refira à organi- , zação das fazendas inspecionadas•. Toda e qua1quer espécie de transporte de que necessitar o re– ferido profissional para a desin- : cumbência fiel das presentes de- . terminações, correrá por conta do • Estado, exigidos os comprovàntéa para oportuna indenização". .Li\.mpliação das minas· de ouro do Gurupi Comissão de técnicos americanos parte hoje para a região fronteiriça do Maranhão - Coroando os esforços do cel. A. Ferreira Dlirante a sua permanência nos Esta.dos Unidos, de onde regres– sou há. poucos ~ dias, o coronel Aluisio Ferreira tratou de vários e impcrtantes assuntos relaciona– dos com os nossos problemas atuais, inclusivé o que diz res– peito à pesquisa e desemvolvi– mento das nossas fontes de mi– nérios, principalmente o de ouro, de ·que há. grandes indícios na região do Ourupi. Estabelecendo contacto com técnicos e capitalistas america– nos, aquele deputado federal pro– curou interessá-los sôbre o assun– to, !a.rendo um •relato completo de tudo quanto atualmente ocor– re naquele zona aurífera e. após fornecer-lhes elementos sôbre as condições locais e demonstrar as vantagens que teria o Estado com a execução de um plano tendente a desenvolver aquelas fontes de riquezas naturais, mostraram-se os norte-americanos francamente dispostos a tomar a iniciativa dos trabalhos em estreita colaboração com as autoridades brasileiras. os quais seriam brevemente co• meça.dos. , Quando cogitamos da volarlzação economlca (e não recuperação) do grande vale amazonlco, deveremos en– carar de frente os seus problemas. :Resolvidos estes, a obra estará termi– nada. Esses problemas são de vá.rias ordens. Temos : povoamento, saúde, transportes, vias de comunicação, educação e pr-0dução. Isso significa que quase tudo está por fazer. Não é posslvel pensar em valorizar a Ama– zonia, no sentido economlco, com úma população de cerca de dois mi– lhões de habitantes. Não é possivel :pensar em povoar essa Imensa área, éapaz de receber t rezentos milhões ç.e almas, sem preparar, antes, os meios que tomem posslvel a vida, útil e. exlstencla e proveitosos os tra– .;i,a~os. .. !!.~~-& meios consistem em Regulado por portaria oficial o abate de gado vacum em todo o país - Expressamente proíbida a matança de bezerror.. Sem transporte-s e s€m combustivel as Como resultalo das Dl3gocia• ções feitas, ficou então estabele– cido que engenheiros americanos especializados inicialmente reali– zariam um.a viagem à. zona do Gurupi para fazer minucioso exa– me do local e o necessário levan– tamento topcgráfico da.~ minas ali situadas, promessa que agora vem de se concretizar, coroando os esfbrços do coronel Aluisio Ferreira, com a chegada, a Be– lém, dos engenheiros estaduni– denses John Knabell, Don John– son, John Hern, John Gay e Yeul Drouby, que trouxeram. aquete obj_etivo. · • ..;. ___._ _ _.. _ ___ .: __ 1 - .:t- - ..:a .........,, , ... r.i.--nno.nt.o TV\T" r,.n-1 r.P.nt.n ds:t m.ata.nca total de bois e ... _J_ • ..... _ •

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