Treze de maio - 1847
fABBADO Sra.o TRIMESTRE~ :; r--PARA' NA TYPOGRAPHIA DE SANTOS & FILHOS, RUA DE S. JOAO CANTO DA ESTR.1~,DA DE S. .JC\SE' A SEMANA SANTA. Quinta Feira Santa. A Igreja celebra neste dia duas acções me– moraveis de Jesu 0hris•o, a~ quaes tiveraõ lu– gar na vespera da sua Paixaõ e da sua morte. A primeira he a •instituiçaõ da Eucharistia; a segunrla he o acto de humildade que praticou este Divino Salvador, lavando os pés a todos os _seus Apostolas sem exceptuar o mesmo Judas. Para nos trazer á memoria a instituiçaõ da DiYina Eucharistia, faz a Igreja representar nos seus templos ·a angusta ceremonia desta institui– ça5. O 'acerdote que representa a Jesu Chris– to administrf\ a comm•mhaõ a todo o clero, as– sim co1no · o Homem Deos a admit,istrou a to– dos os A postolos depois da imtitu içaõ da Eucha– ristia. Nan se diz senaô huma "\-Iissa em cada Igreja a fim de imital"com mais exactídaõ a ceia de Jesu Christo, e os Sacerdotes recebem a communhaõ á maneira dos leigos, assim como os A postolos a receberão i;n mediatamonte das maõs daqnelle que acabava de instituir- este au– gusto F )cramento. /, ara nos recordar o acto de humildade que praticou este Divino Salvador lavando os p~s o~ seus Apostolos, a Igreja faz tambem huma / esp~cie de representaçaõ, cuja pratica he mui -7 antiga: O Sacerdote, que occupa o lugar de Jesu Christo, lava os pés a doze pobres, assim como Jesu Chrito. lavou os pés a seus discípulos. Lê– se antes desta ceremonia o Evangelho de S . .Jo– aõ, onde esta ar.çaõ he referida com todas as suas circunstancias, para mostrar que ella deve servir-nos de modelo. Os mesmos Reis e Imperadores a observa- raõ, e tem observado como dever religioso aba– ter neste dia o orgulho · do seu <liadema para seguir o exemplo de Jesu Christo, que adver– tio aos seus A postolos, que sendo seu Senhor e seu Mestre qmz abater-se diante delles, a fim. de lhes ensinar a naõ terem pejo de se humi– lhar diante do seu semelhante. Para entrarmos no espirito e nas intençõ– es da Igreja, devemos l. 0 render a J esu Chris• to eternas ações de graças pelo inapreciavPl be– neficio da Eucharistia 1 onde Elle se humilha a ponto de alimentar os homens com a sua pro– pria carne: ponderar q11e o seu amor para com– nosco naõ lhe permittio abandonar-nos, e que instituio este mysterio para estar comnosco até · á consummaçaõ dos seculm1. 2. 0 Admirar a pro– funda humildade do nosso Sah'ador, e imitai-o com os nossos sentimento'l e conducta; reflectir que o servo naõ deve elevar-se acima do s~nhor, e que pondo-se o senhor abaixo do servo, este, se he possivel, deve abater-se ainda mais do que o mesmo Jesu Chrºsto. A Igreja fixou lambem para- a Quinta fei– ra Santa outra ceremonia, que he a absolviçaõ dos peccadores. Achão-se vesti~ios desta cere– monia nos monumentos os mais authenticos do quarto seculo. Ha huma · carta do Papa Inocencio 1., onde está expressamente declarado que havia o cos– tume <le differir a reconciliação dos penitentes para. a quinta feira antes de Pascoa, salro se se achassem em perigo de morte; e S. Jeronymo, que vivia no mesmo tempo nos diz em humtt. das suas carta.s, que se vião antes do dia de Pascoa os penitentes da cidade de Roma á por• ta da Basilica de Lati ão, esperando que os man– dassem entrar na Igreja, da qual estavaõ expul~ SOS.
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