Treze de maio - 1847
(2) dõ- Redemptol'. PrPparados com taõ santas rtJs– posii;ões, cc11;0 sel'la possivel que esses bons Cbnstãos deixassem de procurar sollicitos a pat'• ti-cipaçnõ dos Sacramentos 7 Contritos e humi– fo ~dos, elles comparedaõ · no tremeudo Tribu– nal da Penitencia, e purificados de todas as manchas nesta saudavel mystica pi~ciná d'ahi passavaõ a prostar- se humlldemente perante a Meza Eucharistica, a fim de receberem o mes– mo J. Christo, que para remir os homens, por elles se otfereceu a seu Eterno Pae na ara da Cruz. 'l'al era a edificante conducta desses verda– deiros Christãos ! E poderemos nós atrever-nos a confrontal-a com a que pel.t maior parte se_ observa nos nossos dia.;? Ali! Embora a San– ta l~r1:ja, sempre animada do mesmo espírito, sempre sollicita do bem <le stNS tilhos 1 se em– penhe em os dispor, por meio de precedentes observancias, para di~namenle celebrarem'. a me– moria dos sagrados mysterios que nestes dias se representaõ: apezar de toda a sua sollici– tude, de todos os seus disvelos, a penas se divi– sa huma passageira sombra da fervorosa pieda– d1\ com que, nesses abençoados tempos do es– plendor do Christianismo, eraõ observadas as veneravei!S praticas, que a Igreja iustituio para perretuar a memoria dos · adoraveis myster10s da Redernpçaõ! E que espantoso contraste en– tre o recolhimento e dissipaçaõ, eritre a devo– çaõ e indifferença, entre o acat, mento e irreve– rencia, com que os Chri,tã >S assístião naqnf'lles 'tempos, e assistem nestes á celebraçaõ dos mes– mos Divinos U fficios ! Bem quizeramos aqui dizer ale;uma~ pala– vras de justa censura e doce exhortaçaõ, e que .ellas ficassem profundamente ~rnva Jas nos co– rações! Mas emmude;a nossa debil vo'l., e dei– xemos aos Oradores Evangelicos o encargo <la sua missaõ. A elles pertence ar~uir e exhortar, e ai delles, se calarem! ai delles, se abusareru .do seu ministerio, usando, por qualquer con:-i– deraçaêi, de outra lingoagem, que não seja a do Evangelho! Sim; deixemos aos Ministros da Palavra o desempenho . do seu tremendo mi– nisterio. Eltes intimarão aos fieis a imperiosa necessidade, em que estão comitituidos, <le se aproveitarem destes dias de indul~encia; elles lheil persuadiraõ que não ha dias mais propri– •OS para os peccadores se reconciliarem com Deos, do que aquel!es, em que J. Christo der– ramou, por elles seu sangue preciosíssimo; el– les lhes farão vêr que não há dias mais propicios, do ·que aquelles, em que o Homem Oeos, á violen– cia dos mais crueis tormentos, expirou na Cruz pe– los peccados do mundo inteiro. Quanto a nós, con– tentar-nos-hemos com a breve exposição dos officios e ceremonias da Santa Igreja ne~tes dias de reconciliaçaõ. Todavia, se esta simplês ex– posiçaõ for attentamente ponderada, não dei- xará de excitar µor si mesma saudàveis sen– timentos do verdadeira piedade. Domingo de Ramos. A Igreja julgou dever honrar neste dia a entrada triumphante de Jesu Christo em Je- -rusalem, quando · todo o povo veio ao seu en• contro com ramos de palmeira e de outras ar• vores, em signal de alegria e de triumpho. Jesu Cbristo recebeu estPs manifestos sig, naes de respeito da parte dos Ju<leos cinco d1- as ames da sua morte; o que oiostra até onde pode chegar a inconstancia e leviandade do ho– mem, pois que aquelle _mesmo povo que ti– nha exclarna<lo, vendo-o entrar em Jerusalem: Gloria ao filho de David, bemdito stjfl o qut. vem em .Nome do Senhor, pedio a sua mm te: exclamando para Pilatos: Seja cruci.ficorlo. Esta festa he de institui~·aõ mui antiga na JgrPja. Lê-se na vida dos Padres do deserto 1 que: separando-se elles durante a Quaresma para se prepararem para a festa da Paschoa por meio de hum retiro mais apertado, naõ deixavão nu nca de se reunir para a festa das Palmas ou dos Ranuos 1 que prePedia a semana dos mysterios da Paixão do Nosso ~alvador. A Igreja benze neste dia os ramos, e os diiitribue depois pelo clt>ro e pelo povo, que os levaõ em prods~ão, para representar a en– trada de Jesu f;hristo em Jerusalem. Houve lugares. onde se tornava esta representaçaõ ain– da mais perfeita,. levando-se o SS. Sacramento na Proci:-.saõ de Hamos; mas e~te uso acabou. A solcmnidade do triumpho de Jesu ChJis– to não impede a Igreja de começar a pôr di– ante dos nossos olhos a Paixão deste Divino Salvador, a qual ella manda ler na Missa As– sim a Igreja ajunta de alguma sorte o triumph,o de Jesu Christo com a sua morte, po,que buml seguio de mui perto a outra, e os J udeos naõa tardarão a crucificar aquelle, a quem acabavã0: de abençoar e fazer triumphar com tanto es-• plendor. · Se Jesu Christo foi mode~to no seu tri– umpho, foi paciente no seu supplicio, para nos ensinar a ser modestos na prosperidade, e cons- tantes nos padecimentos. . _ O tri11mpho e o supplido de Jpsu Chris-· to, que não distaraõ bum do outro senaõ o intervallo de cinco 'dias, devem tambem exci– tar-nos a lembrança da nossa propria iwons– tancia, que muito se assemelha á dos J udeos. Em hum dia adoramos a Jesu Christo, pl'O• curamol-o na communhão, consagramos-lhe hu– ma especie de triumpho no nosso coração. e no dia seguinte o traímos, abandonamos, e cruci– ficamos de novo com os nossos péccados. · ( Da Voz da &ligiaõ n. 0 14.)
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