Treze de maio - 1847
/ (2) guez ·FrancimJ Solano Constando. --Na côrte ficava o cambio sobre Londres a 29 - sobre Pariz SS0 - ,, Hamburgo 610. ( Diario .Novo. n. 0 -64.) COMM U NICADO. O PRAZER DE FAZER BEM. Continuaçaõ do n. 0 690. A Tia Rorn~n:i, que antes quereria morrer de peste do que encontrar-se com hum Medico, e que sempre tem duas pedras nas maõs ·co11tra os ricos, naõ approvou tanta, humildade da Se– nhora N. --Perdeo vos-.ê numa bôa occaziaõ. Se essas soberbonas me trataõ assim; Janço-lhes huma pra– ga e 1ft ~e hajaõ com ella. --Pois eu naõ, Tia Romana, lá está Deos que as vê. --Sim, menina, acudio a Senhora Clemencia toda enfatuada: "Eu confundirei o soberbo, diz o Senhor" - - O modo imposanl ( para uzarmos da casqui– lha linguagem de certos tafues ) da beata fez-nos rir e quazi trahir-nos. Vimos na Senhora Clemencia huma destas Velhas, <1ue por saberem soletrar duas paginas da Biblia, e terem de cór o Ramalh.ele de D;vinas Flores e o Guia do Christaõ, querem decidir em rnaterias theologiras melhor que Snnto Thomaz. --Comtudo, continuou a Senhora N. sempre Deos põe hum bom entre os máos: ao sahir vi ua janella huma menina, que me chamou. --Tome, bôa mulher, me di,se o anjo dando– me hum bilhete úe dez tostões; receb-a esta re – clicularia, era para huma boneca que o ptdí ao papá; mas he melhor que lh'o dê. Pesso que se naõ zangue com a mamã, já ouvio. Sabbado me achará aqui a janeJla ás nove horas; adeos.... eu lhe espero. --Que -anjinho de Deos taõ lindo, murmurou a Tia Romana. - " Deixae vir a mim os pequininos, que dos taes he o reino dos Céos - '' Isto disse a 8enhora Clemencia amassando com o dedo o tabaco no cachimbo: - ·-Agradecí a menina a sua esmola. Deos lh'a acrescente, hoa menina, tenha muita fortuua. --Saúde, Senhora, he o que me falta. -CommoviJa eu mais pela bondade da menina do que pelo seu proceder para com;go, perguntei– lhe o ,que padecia. Respondeo-me qüe padecia de cansaço e que o Doutor andava lá sem ter fei • to nada. -A Tia Romana, que achou a vez de encal'• tar, naõ a deixou passar. Facilmente conhecemos ·que o seu furor contra os .Medicos provem de ella mesma suppor-se mais habil que o mesmo Hip– pocrates na arte de curar. Esse nobre orgulho da. , rria Romana tem grossas raizes na credulidade dos que a occupaõ e a tem de partido ha longos an– nos. A Tia Romana! oh que febre, que quebran– to ha hi que rezistaõ ao ma~ico poder da sua pane/linha, da sua faca-sica 1 Se aguda gastrody– nia vos accommette, ei-la que a combate com enormes banhos de vinde-cá associado com a abu– tua1 com a salsa e com a muéúracaá; vós suart;is as vossas e as camizas dos vizinhos, e se o . mal der tempo, a incomparavel purga de jatuaúba vae restituir-vos a saúde! ! ! Se a naturesa abandonando-vos, succutuhís, o que pouco nos admira, eis a Tia Romana que clama: feitiço,feitiço. Ouçamos a Tia Romana. -Medico!. Santo nome de Deos. Olhe que presumpçaõ, Senhora Clemencia, o Medico que– rendo curar cansaço! Naõ querem desenganar– se: pois mataõ a menina, digo-o eu --Naõ a mataô ( tornou a dona da caza ) por que já a tenho forte como hum coral. . --Vossê sim, mas cá o Medico, que tudo quer por tinta e papel. Olhe, matarão-me o Quimquirn que já me servia. Coitadinho, quando lhe fiz os meus r·emedios já elles - os taes Senhores m'o haviaõ reduzido áquelle Psta<lo. O Jira, eu lhes jurn que naõ m'o haõ de rouh· r P .1is olhe, continuou, eu tinha a cautella de dar os taes venenos só na presença do Medico; porriue como eu conhecia que era a mesrua murte que elle trazia, apenas via-o longe, dava eu os 1neus remeàios_ que de nada mais serviraõ. Tendo ouvido esta mulher naõ pudemos deixar de lamentar a sorte dao· ' que a imi- tão. N aõ somos Medico e te· ·.,tema naõ nos intrometter em ensinar re1i_ .,aõ po- dem~s deixar de dizer que ass11.. ·iras vidas tem succumbido a força da .,. charlataneria dos que se mettem a exerc. nobre das artes a Medicina. As tres mulheres pareceraõ-nos singm ... huma theologa, outra mais que Medico e a tet ceira, ami~a de pagar com orações as esmolas que recebia, o que he raro nestes tempos. --Mas saibamos, continuou a Tia Romana, com que curou a sua menina, esse anjinh0? deo-lhe o morce~o.... a ~alha do bacú.... fez a jalêa do anú.... 'deo-lhe o caiaxió ..... em '! --Quaes anú, isso lá he remedio..... --Oigo-lh'o que o he, pois duvida? --Naõ: mas he hum nojo. . -Isso lá he verdade. Pois entaõ o que lhe deu 1 --.Mastruço, quinze dias.
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