Treze de maio - 1846
(2) E se o emprêgo rendozo se calcula tambem em razaõ da maioria das sommas empregadas, he fora de duvida, que havendo dinheiros a to mar· a• juros baixos, se tomarão emprestadas quantias mais avultadas, e maiores serão os lu– cros do Banco, então o principal, e quazi exclu– zivo emprestador de dinheiros. Julgamos, que podemos calcular em cerca de 100 contos de reis os dinheiros, que actualmente se Jão a ju– ros nesta Praça, e podemos levar ao duplo as obrigações por generos, e fazendas com juros a p:igar depuis de \'encido o prazo ajustado para o pagamento. E se ao juro alto de 2, S, e 4 por cento se toma esta avultarla quantia; porque não esperaremos, que como tem acontecido, em tan– tas outras Praças, se elevem os descontos, ou quantias tomadas a juros a sommas mui superio– res á actual '! E estes mesmos, que ass,im se ,obrí~ão a j aros desde o vencimento da obriga– ção, acharão mais vantagens em tomar por me– tade dinheiros ao Banco, e pagarem a seus cre– dores, vindo assim este ~stabelecimento a re– gularisar melhor as transações mercantís, e a · torna-las liquidaveis em menor praso. Pensem nisto os Snrs. Negociantes. __ , Quanto Íl segurança do emprego dos capitaes do Banco, já dissemo8 quanto era bastante sobre os riscos, que póde correr, e ainda uma vez nos re– ferimos ao que acontece na Corte do Imperio, e seu Banco de quem diz a Commissaõ, que em sette ann <ts naõ tem perdido um real, nem o te– me das tranzações effectuadas. A todos os res– peitos he pois vantajoso um Banco, e ganhaõ to• dos com elle, e se me coleraõ uma comparaçaõ, direi desta assignatura . de acções, ou contri– buiçaõ de dinheiros, que a respeito dos ho– mens de negocios os quaes saõ em regra os maiores subscriptorns, e accionistas, lhes vem .~empre a acontecer como com as subscripções para festejos & &. em que são elles os principaes çontribuintes, porem tambem os que mais reco– lhem de novo nas vendas, que fa,,.em. A contri– pui~·ao de dinheiros para um Banco he semen– teira de muitos, em que todos intert-:ssão, porem be sempre o Cõmercio o que mais lucra. . E já que fallamos nas perdas occazionadai:i pelo pagamento de juros avultados, permitta-se-nos ~ppresentar al~uns exemplos em proveito da– quelles, que pensiio pouco na força com que obrão os juros. São simplesmente 2, S, e 4$ rs. por mez em carla 100$000 réis, dizfm alguns incautos, e não meditão que não ha lucros. que çheguem para pagar esses 2, 3, e 4$ réis por çada um cento de mil réis no mez. Ouvimos tnesmo referir, que haja quem para não trocar d inheiro em ouro, ou vender alguns bens, se Q,brigue a altos juros, que em pow·os annos lhes leva a moe(f~ queridá, tl os bens todos. Supponha-se, que para não trocar l.90 _peças de ouro tome qnalque~ a premio <1e 2 por cento ao mez 2 contos de reis. No fim de um anno está obrigado por 2:480$000 réis, que se poder obter para pagar seu ~n1 fJ l.-' llho, e naõ trocar ainda ac peças, tambem lhe chegariaõ para comprar en– taô naõ sómente 100 peças, porem 124. O em– prcstimo serviu-lhe pois taõ sómente para per– der 24 peças de ouro, que poderia ajuntar ás 100. DPmos, que um outro tome 6 contos de réis· á juros para fazer uma caza, e pague sómente 1 por cento ao mez. A Caza de 6 contos de réis naõ dá nunca aluguel maior, que o de 400$, no entr·etanto, que o juro daquelle dinheiro saõ 720$000 por anno. Temos pois que, se vai mo– rar na caza, paga o dono aluguel duplo do que ella vale; porque juros, decimas, e concertos iraõ a mais, que 800$000 réis mensaes. E se as faz para alugar naõ tira metade do juro, que pa– ga por anno. Dentro em poucos annos esta-lhe a caza custando mais do que o duplo de seu va~ lor, e se quizer liquidar, e pagar a divida terá de sacrificar a mesma caza, e muitos outros bens. Eis a vantagem de <tomar dinheiro a juros para fazer cazas, e muito peior se für a juro de 2, eu mais por cento. Se applicarmos á lavoura o exemplo, veremas, que saõ ainda os lavradores menos felizes éom dinheiro a juros, porque se a lavoura dá ganhos seguros, saô comtudo muito modicos, e por isso naõ ha na lavoura, como no Cõmercia, nern grandes riquezas adquiridas em pouco tempo, nem lambem grandes perdas, uma vez que se livrem os lavradores de obr-igações de altos juros. Naõ nos consta de plantaçaô, ou lavoura, que ainda em nosso fertilíssimo Paiz, possa dar 30 por cento liqui<los, nem talvez 20 por cento. Como pois póde o lavrador pagar 2, e S por cen– to de juro ao mez sem que lhe vá sahindo do capital 1 E esses 2, e S$ réis por mez em cada . 100$ que tomaõ de comestíveis, fazendas & bem que naõ pareçaõ nada, saõ muita coiza; porque os lucros naô daõ para tanto e porque reunidos chegaõ em poucos annos a elevarem muito a di– vida, e a obsorverem escravos, terras &. &. H~ disto mais de um exemplo. E o mesmo com o Cômercio, que aliás tem lucros mais avultados. Tome-se qualquer loja, a mais afreguezada, a que mais prontamente liqui– de suas vendas, e receba b dinheiro, e feita a conta ás despezas veja-se se lhe fica éi livres alem de ~O por cento. E se tiver este Logista de pa– gar juros do dinheiro restar-lhe-ha al~1una coiza dos seus ganhos 1 N aõ por certo. Dos que rom– merceaõ para o interior da Província temos vis- · to obrigações de 2, S, e 4 por cento ao mez de• pois do vencimento do prazo, que nunca be mais longo que um anno. E qne lucros podem dar estas negociadas a vista do alto preço das f~e11da~, grande:, de~ezas das longas vi&ge~,
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