Treze de maio - 1846
blico o Officio abaixo transcripto, afim de que 11aõ vossaõ alegar ignorancia - · Tendo o Tribunal do Thesouro Publico N;i– cional declarado pelas ordens de 28 de Novem.– bro de 1838, e de 22 de Dezembro do anno passado, que das rifas que forem le~almente per– mittidas se deve pagar e exigir o imposto do Sello em conformidade das Leis de 18 de Outu– bro de 1833, e de 31 de Outubro de 1835 por SP-rem verdadeiras Loterias, e por isso compre– hendidas no art. 22 do Regulamento de 26 de Abril de 184-1 para pagarem o sobredito impos– to, ordeno por isso a Vmc. que naõ permitta que se extraiaõ as ditas rifas sem que tenha exami– nado. seos planos, e auctorisando-as, se conhecer que naõ contém lezaõ, ou alguma fraude, fisca– lisando, e obrigando ao pagamento do 8ello, e pr-esedindo a sua extracçaõ para o que o nomeio em virtude dq art. 1. 0 do Regulamento de 27 de Maio de 1844. Deos Guarde a V me. Palacio do Governo do Pará 19 de Fevereil"o de 1846. - .Manoel Paranhos da Silva Vellosa. - Snr. Dr. Henriques Felix de Dacia, Chefe de ·Policia in– tirino da Província - Conforme. - O Amanu- ense José Maria Pinto Guimaraens. . . ESTADO CRITICO DO CEARA'. Carta particular de · pessoa fidedigna: A fome 9ontinua cada vez peor ! Hontem reuniraõ-s;e para r.eceber esmolas, que o Governo está man– dando destribuir, duas vezes por semana, doze !nil e tantas pessoas, com as quaes se consumi– raõ 400 sacas de farinha! O numero destes indi– gente·s ·cresse nesta Cidade de dia a dia espan– !osamtmte, e eu vejo que naõ he'possivel ao Go– verno Provincial, com taõ fracos recursos, qua,,es o_s de que pode dispôr, continuar a sustentar este immenso povo de mendigos até que mais se naõ faça preciso! ..• Dominus providebit. No dia 3 deste chovêo aqui bem, e ainda mais acon– teceo pelos Sertões; aqui porem d' então para cá veio tornar a chover hoje soffrivelmente, e parece, pela cerração do oriente, que e!,ta chu– ya se estenderia a muitas legoas: Deos assim o Permitta, e que não haja interrupç-ão, que pre– judique. Até de sementes temos falta conside– ravel. ...:....:..No dia S deste mez chovêo aqui toda a ma– nhã, e d'entaõ para cá só se vê armações do tem• po que se desfazem em vento; segundo o costu– me nesta ProvinciZl as chuvas ainda naõ tardaõ, mas he tal o terror dos habitantes, que estaõ todos esmorecidos como qu·e já estivesse decla– rado o anno sêco, o que Deos tal naõ permitta por sua infinita Mi-iericordia. Nas quintas fei– ras <l~ todas as semanas he o dia aquí marcado e.rn que o Governo destribue esmolas de farinha, feijaõ, .arroz c<Ün a pobreza; quin!a fefra _pas:~ sada ( 5 do corrente ) reuniraõ-:se sete mil e-tan– tas pessoas! com as quaes foraõ destrihuidas SOO e tantas sacas de farinha de tres quiirtas cada uma, e assim mesmo voltaraõ muitos sem nada ter recebido; avista disto, faça o mt:u Amigo uma idéa do povo que se acha recolhiqo na Ça_gita~ e que calamidades naõ haverá, e o que podera acontecer se por desgraça nossa naõ houver in– verqo. Eis o nosso e§tado presf'nte. - ..... que hiaõ faltando todos os recursos para sustentaçaõ do povo que se tem reunido nesta Capital; porque· o Governo está dando es– mollas de farinha nas quint::is feiras e Domin– gos; e tendo-se no Domin~o passado darlo es– mollas acerc11 de sete .mil pessoas, na quinta fei– ra u!timajá se apresentaraõ 10:109, e hoje per– to de doze mil: naõ sei onde isto irá parar; o povo continua a reunir-se na Capital; poucos ou quaze nenhuns saõ os soccorros que se esperaõ; e aperias haverá farinha que chegue ate 9 :fin;i. do conente mez. Até hoje nada de inverno; apenas houve– raõ pelo Sertaõ algumas chuvas nos dias Q, 3, e 4 do corrente, que, a não continu.arem, de pou~ co ou nada poderão servir; porque o sol fará !ornar tudo a terra. Adeos meu amigo até· outra yez, em a qual desejo dar-lhes melhores noticias. Já nôs constava que o nosso amigo o Sfü'. Antonio Telles de Menezes; do Ceat·á bem co~ nhecido nesta Cidade do Pará, pelas suas hôaíf qualidades, que são a honradez e humanismol ti– nha na crise em que se a~hão os nossos bma~ Cearences praticado muitos actos de beneficen .. eia que muita honra lhe fazem: agora que rece– bemos os Jornaes do Ceará - Pedro 2. 0 - de~ paramos coni uns versos que o lemos com gosto, por serem dedicados a virtude do nosso amigo, e por isso aqui os copiamos. Hum amante das muzas ( sem que ellas o saibão) inspirado pela fama pregoeira das acções de benefict:ncia praticadas pelo Sr. Antonio Telles_ de Menezes, com poz os seguintes \'ersos,, que ao mf'snío Sr. dedica: - Erga fungar vice rotis, acutum J-leddere qme ferrum valet, exfars ipsa secandi• ( Hor. Art. Poet. ) Por contente me dou, fazendo as vezes Da pedra de amol!ar, que em sí não tendo Virtude de cortar, dá córte ao ferro. ( Idem, trnduçaõ de Candido Lusitano, ) Ordenadas phalanges romper féro, Muralhas arrazar, escallar muros, lpcendi~r ci9ad~s,, _verter sang,111::; Eis do guerreiro a gloria ~
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