Treze de maio - 1846
[2] é a pessoa que se propõe a estabelecer esta fabrica, e como na minha opinião, a primeira nectssidarle da empreza é a escolha do director, não me fiancio no me1J juizo, consegui saher a opinião de um brazileiro muito distincto, o ~r. Fr. Custodio Alves Serrão (apoiados), de quem lerei a parte da carta que me dirigio a este reilpeito; e pol'que eu havia dito que a opi11ião deste nosso habil chimfro me seria de maior peso para 1ni11ha deci~ão Lle l. " O Sr. barão d'Arcet é chimico eximio, allia com felicidade á pratica a mais esclarecida scif" ncia; s~us trabalhos achãc,-se incorporados nos escriptos os mais acreditados sobre este ramo dos conhecimentos humanos; tem hum nome de honra e de sciencia; tem uma posição social que o defende de qualquer injusta aprehensão; traz no ·caracter, nas manei– ras, uo proceder o t.fütinctivo de homem de bem, e se naõ me espanta, envergonho-me de ser chamado para o garantir. ,, E' o testemunho ma– is lisongeirn que se póde dar de qilalquer per– sonagem, e que tem ~rave peso pelos conheci– mentos e honradez do nosso digno compatriota autor da carta cuja parti lí. Noto que o testemunho do Sr. Fr. Custodio é tanto a respeito da honradez do director pro– posto á empreza, como de sua reconhecida il– lustraçaõ; e ella é tal, que o nosso compatriota, taõ hAbil como é, tem a franqueza de declarar que elle se envergonha de ser chamado a garan– tir o Sr. baraõ d' Arcet. D á-se pois acircunstancia da apresenta– çaõ de pessoa habilitada a todos os respeitos pa– ra a direcçaõ da empreza, e, a meu vêr, naõ ha objecçaõ possi vel contra suas vantagens, com ma– is oa met1os garantias da parte dos emprezarios, e tive de me admirar do calculo feito pelo hon– rado dt>putado da Bahia. Alem de naõ ser exa– cto que o go, erno despenda de uma vez a fJUan– tia, porque é em quatro prestações, e taõ sómen– te 8 l contos de réis ou cerca de 6 contos de juros annuaes na primeira entrada; naõ é tam– bem exacto que o emprego desta quantia dê êm resultado a amortisaça,5 de 1,000 apoiices de contos de réis em 15 annos. E' hoje principio geralmente recebido que a amortizaçaõ não dá resultado algum quando ao mesmo tempo continúa o governo a tomar dinheiros emprestados para as despezas do Es– tado, e que é irrutil esta tentativa. Porém nun– ca nin~uem contestou que ainda neste estado de deficit não seja judicioso tomar empresta110 dinheiros para os empregar na protecçal Je in~ dustrias, que, favorecendo a produr.çaõ, augmen 4 tem a riqueza do paiz e com ella a renda pu– blica (apoiados) E' este mesmo um dos meios de sahirem os governos dos embaraços em que os ponha a falta de rendas; é uma plantaçaô que se faz na e8per~nça do va~tajo~~ seara •• O S 11 ., A . d . t ; , ' o...: l'. LtlcHt11es: - po1a o: 1s o e qu.e e Ct;í'i"' norn ia. O Sr. Souza Franco: - E a questaõ se reduz entaõ naô á vantagem do soccorro publico, mas a sua applicaçaõ. Em regra Sr. presidente, eu tenho sido constante contra favores .a certas in– dustrias que se tem introduzido no Imperio, e po1·que a historia do nosso paiz nos mostra que os favores tem sido de ordinario concedidos a especulações illicitas ou mal dirigidas, e que de tantas fabricas que tem obtido auxilias, ra– ra é aquella que tem depois mostrado merecê– los. Além dos abusos na conces~aõ, admitto mes– mo em mui poucos casos estes favores direc– tos que tendem a descollocar capitaes de traba– lhos proveitosos para outros, que sómente se em– prehendem porque são favorecidos. Em um paiz em que saõ taõ diminutos os capitaes e braços em relaçaõ aos tr-abalhos já começados ou admittidos, não é a introducç.aõ de novas industrias que precisamos, mas prin– cipalmente o melhoramento das industrias exis– tentes, e o melhor aproveitamento dos capitaes e trabalhos nellas empregados. O Sr. Meirelles: - Apoiado: muito hem. O ~r. Souza Franco: - E repetirei ainda que é porque a empreza que se tenta tende a me– lhorar os trabalhos existentes no paiz e a apro– veitar melhor os braços e capitaes nelle empre– gados, que eu a desejo ver realisada. N aõ é uma nova fabrica que venha produzir objectos do uso commum do povo, nM é uma simples fa– brica, é uma empreza niãi, uma fabrica em gl'ande, que vem produzir no paiz muitos in– gl'ed ientes, cuja falta ou carestia sentem tantos t : ohal bos já introduzidos no paiz, como saboari– as, cortumes, refinaçaõ de azeites, etc.; é uma emp reza que a par desta producção vem ensi– nar os meios de empregar estes ingredientes, vem apet feiçoar trabalhos e fazer que com a mesma qu ;; nti<lade de trababalhós e capitaes se creem ma– iores -valores já pela maior quantidade de productos, já pela supe1·ioridade de sua qualidade. E uma empreza destas merece toda a protecçaõ, uma vez que seja bem estabelecida e bem dirigida (apoiados). Disse o nobre deputado da Bahia que á vis– ta da pequenez da quantia com que o governo concorre para o estabelecimento da fahrica em relaçaõ com os que desde logo empte~aõ os em– prezarios, é de crer que estes tenhão meios avultados e que se os tem podem bem dispen– sar este auxi lio do governo. A resposta a esta objecçaõ é simples, e porque dles tem muitos meios naõ se segue que o auxilio seja inutil; mas note o nobre deputado que é de grande valor o auxilio, porque piie a empreza sob a protecc~ão do governo, porque a faz assim ma– ~s conhecid~ no paiz 1 e porque a acredita na.
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