Treze de maio - 1846
sÚstento, já amaldiçoando a arvore, que naõ pro– duzia os fructos destinados para alimento do ho– mem, já multiplicando os pães para acodir á fo– me da multidaõ; _que o seguia fatigada ao deser– to. Estas obras são taô aceita!i e meritorias di– ante deste Deos-Homém, que naõ duvida reco– nhecer como ftito a elle proprio todo o lwm prestado ao infeliz para matar sua f,,rue e sêde, e he sobre ellas que no ultimo dia do mundo o incorruptível Juiz do Universo e!Stabelecf-'rá a medida das penas e recompensas eternas - [te maledicti in ignem reternum, . quia P-surivi ef non dedistis mihí manducare, silivi et non dedistis mi– hi potum (3). Fieis aos dictames e. exemplos do Divino Mes– trê, os Apostolos naõ foraõ menos solícitos no e !_ercicio desta supereminente caridad t> , e ape– nas consta em Antiochia a fome, que ameaçava os fieis de Jerusalem, cada um se apressa, con– forme sua~ pos~ibilitlades, a offerecer soccorro~, que foraõ remettidos pelas maõs de Rirnahe e de Saulo. (4) A historia da Igrtja está cheia de iguaes exemplos de beneficencia e dedi1~açar\ ·que na0 fazem menos honra ao zelo do S act"r – docio Catholico, que a pit-dade dos povos ; e sem remontarmos á antiguidade Christã, o mf's – mo Seculo, em quf' vivemos, Seculo em tiUe aliás ' se acha taõ obscurecido o lume da Fé, e ·quaze extincto pelo egoismo e indifferença o fogo da caridade, acaba ' de Hprezentar o tocante espeta– culo do Clero de França, que ao reclamo · dos seus primeiros Pastores naô hesitou em promo– ver Subscripções nas Freguezias de Pariz e de outras Dioceses, de que coiheo avultadas e,mo– lãs, em favor dos desgraçados habitantes da Ilha de Guadeloupe, victima <le uma espauto:sa catas - t rofe. · Qúanto naõ será pois honroso e digno _da pree– rn inencia, que occupa o Clero Bahiano na hie– r archia da Igreja Brasileira collocarem-se os Re– \·erendos Parochos, em uma taõ importante oc– casiaõ, á fren te da caridade publica, abri ndo # subscripções nas suas respectivas Freguezias, e constituindo-se protectores e medianeiros de um Povo afflicto, e sobre tudo dessa innocente e ama– vel lnfa ncia, cujos gritos lastimosos entre as angus– tias da fome e as convulções da morte naõ podt>m deixar de partir de dôr o mais insensível co- . raçaõ ! Aincla se tivessemos de diri~ir-nos para uma taõ Santa obra á um Povo mPnos hurn:rno e catholico, poderia achar desculpa o nosso silen– cio ; mas ao Povo Bahi&no, ao Povo, a qu em só basta indicar uma :;tcçaõ nobre e virtuosa, ou apontar ó caminho do bem, pa ra o se~uir sem demora, ao Povo, cuja reli~iosidade he geriil• ------ (S) .Math. Cap. 25 V. 42. ( 4) . !l.ct , Cap . l I. 11, 27 e seg. mente apregoaifa comll o attrihtrto mais promi- – nente de seo optimo earacter ..•. Que consola– doras esperanças naõ devemos conceber ! ~ o que he a R e li~iaõ de Jesus Christo, sena11 o exercício do amor de Deos e dn prnximo, taú li– gados e inseparaveis, diz S. G rPgorio Magn11, como dous ramos da mesma a-i·vo,·e, dous anneis da mesma cadêa, dous rios dirivados da mesma fonte 1 Ah! Como poderá lisonge:tr-se. de amar a Deos, exclama o Discipulo do amor, aque lle que vendo seu lrmaõ eutregue á necessidade lhe cerrar suas entranhas ! ( 5) Nós naõ quer·emos, amados Irmai"is, nem ainda suspeitar a possibilidade de obje, tar-~e, que o dever da caridade naõ nos obri~a a respeito de urna Província estranha . A política e as Cons– tituições humanas podem marcar um circulo, fóra do qual naõ seja' licito aos Dispensadores ri a fortuna publica praticar semelh,1 ntes ad os de bPneficencia; mas a política e a Cun'itituiça0 do Evan~elho, proclamando a Lei da caridade, naõ . lhe pre'lcreveo outra marcha que a mesma t , a– çada pelo · Author da Natureza ao ::istr~ do dia, para virificar com seos bem~nos influxo~ todos os pontos do U ui verso, e levant ar- se sobre os bons e os máos, naturaes e estranhos, ami~o~ e inimi~os. (6) Ora se a universidade dest.:; pre– ceito_ abrange todos os homens separados e ois– persos pela supP1fide do Gloho e apenas unidos pelos laços de fraternidade, como descendentes de um só homem, e filhos <lo mesmu Páe Celt>S• te, ennobrecidos com a sua irnagf'm e semelhan. ça; como naõ deveráõ ser ruais apntados estes laços entre aquelles, que o mesmo Deos reunio e fixou em um só l111perio determinando, como . (liz o Apostolo, os tempos da duraçaõ dr' cada P ovo, e os limites da sua habitaçaõ? (7) Uma Patria commum~ a mesma Religiaõ , o mesmo 8ceptro, as mesmas Leis e instituições, a mesma Lingoa e os mesmos costumes, em uma palavra, a rnesrua sociedade, ou antes familia , seriaõ pni s circunstancias indifferentes, ou naô deverão el– las acl'escentar mais um peso na bal::inça dessa cariáade universal, impellindo-nos por uma ir – resistível sympathia a compartir os padf·cimen • tos dos nossos lrmaõs, e a dizer com o Gr·rn ,ie. Paulo - Quem he que soffre, ou está t-nfen no, q11e eu tambem naõ soffra ou uaô enferme - Quis infirmalttr et ego non infirmor? (R) Oh! e se depois de ex pôr aos vossos olhos o quadro luctuosu da situaçaõ do i nfel iz Ce~r::i. nós podessemos tambem patentear-vos os efl 1tos rnoraes da calami dade fizica, qne pesa sobrt> t>l – le, queremos dizer, os peccados e fscan dalos, (5) Joan. Epist . 1. Cop. 3. Jl. 17. (6) Mp,th . Cop. 5 V. 45. (7) .Oct. Cop. 17. V. 26. (8) 2 Corint. Cap. 11. V. 29-~
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