Treze de maio - 1846
tUARTA-FEIR~ 81, 0 TRIMESTRE~ , <J :---PARA' NA TYPOGRAPHIA DE SANTOS & FILHOS, RUA DE S. JOAO CANTO DA ESTRADA DE S. JOSE'- PASTORAL do Exm. 0 e R~. 0 Snr, Arcebispo da Bahia, invocando a char-idade publica em. favor da desolada Provincia do Ceará, por meio de subscripqões abert11s pelos Reve– rendos Parochos da Diocese. JJ. Romualdo .Bntonin de Seixas, por Mercê de Deos e da Santa Sé .Bpostolica .Orcebispo da Bahia, Metropolitano Primaz do Brazil, do Cori.-;elho de :S. .M. O Imperador. Grande Dig– nitario da Ordem da Roza, Graõ-Oruz da de Ohristo, etc. Aos reverendos parochos da nossa Diocese saú– de, paz e bençaõ em JEzus CHRisTo nosso Di– vino Salvador. Quando n:i sessaõ das camaras legislativas do Imperio rle 23 de aeosto de 1827 foi submettido á consideraçaô dos representantes do povo o estado calamitoso, em que se achava a província do Cea– rá assola<ia por uma fome horrível, a que se jun– taraõ os fla2;ellos da peste e de um inexoravel recrutamento, Nós, que entaõ tinhamos a honra de nos sf'ntarmos entre os escolhidos da naçaõ, naõ podemos abafar dentro do peito a sensibili– dade, que Nos inspirava a miseranda sorte de tantos infelices, e unindo nossa debíl voz á elo– quencia victoriosa dos mais distinctos oradores, naõ só advo~amos a causa da humanidade, como tambem felicitamos os nossos patricios, habitan– tes do Pará, pelos generosos e opportunos soc– corros, que enviai ão aos seos consternados irmaõs do Ceará. (1) Hoje pois, que se reproduz a mesma scena de ---------- ----------- (1) No tom. S. 0 da pollecçaõ dos nossos escri- ptos pag. 149 se acha o discurso, que pronuncia– mos sobre esta materia. dôr, e de morte pela cruel fome, que afflige a– quella província, e que a vai convertendo em um vasto cemiterio, d'onde os que escapan, buscando asilo nas provindas visinhas, naõ offerecem senaõ a imagem da miseria, e quando muito, tristes rui– nas de sua fortuna destruída e sepultada em .seos abrasados e desertos campos; hoje que esta inte– ressante porçaõ da familia brasileira se acha de novo á braços com a fome e seo medonho cortê– jo, e estende suas maõs supplices .ª todos o~ seos conterraneos filhos qa mesma patr1a; poderiamos Nós ficar insensíveis a taõ doloro-;,> espectaculo; e a voz que se eleva da Cadeira Pastoral no meio de um povo profundamente religioso e magnani– mo, será menos efficaz e poderosa que a que outr'ora se levantou da tribuna no seio da repre– sentaçaõ nacional 1 N aõ por certo. Revestidos, P?sto que sem me– rito algum, de um caracter subhme, que, líla fra– se de um antigo padre da lsreja, he a mais bri– lhante estrella do amor e da charidade, e Mi– nistros de uina Religiaõ, onde se refugiaõ todas as dôres e uemidos, e unica depositaria do vaso que conté~ o balsamo da mizericordia, nós sen• timos commoverem-se Nossas entranhas ao som dos lugubres accentos de tantas victimas, que imploraõ auxilio e compaixaõ. Tal he, amados irmaõs, o espírito do Christianismo fundado naõ só na doutrina, como tambem no exemplo de Jesus Christo, cujos milagres, segundo observa um illustre sabio, (2) tiveraõ quase sempre por objecto o alivio das pr~prias neressidad~s cor– poraes, já fazendo cah1r a0~ndante pe1 -~ nas redes de al~uns pescadores para prover ao seo (2) O celebre Bacon citado por Jll. de Genoude no tom. 5. 0 da sua tradztcçaõ e commentario da Bi– blia, pag. 67:
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