Treze de maio - 1846

SABBAD~ m w. ...... 18 SI•º TRIMESTRE. -PARA' NA TYPOGRAPHIA DE SANTOS & FILHOS, Rt:A DE S. JOAO CANTO DA ESTRADA DE S. JOSE' - R&ftf ttt:EmWrnrewrnmcmw:sn O CAFÉ. , N aõ temos proposito de escrever longo artigo sobre este genero, descrevendo sua origem, pro– priedades, e melhor methodo de cultura: pre.: tendemos a penas rezumÍI' algumas dds cauzas, que dezani maraõ sua cult1ira na Província, e os meios Je remover a,1uelbs, e promover de novo esta. Em annos anteriores a 1830 produzia esta Província c1Jé sufficiente para seu consumo, e para exp"rtar 4, 8, e até 12$ arrobas por anno. Actualmrnte, e desde annos naõ só o naõ expor– ta, como que o recebe de fóra para seu comm– mo, e o que he notave!, recebe-o da peior quali– dade possível. Vê-se dos mappas de importaçr1ô, que no anno financeiro de 184:2 a 1S4S impor– tou a Provincia 1687 arrobas de café, que de 18-13 a 18-14 irnportou 1792 arrobas, e que de 18-14 a 1845 foi_ ainda alem, e chegou a 2 l t4 arrobas, sendo 555 arroba-. da do Ceará, que alias ha bem poucos annos se d<l á esta lavoura. -Segue-se destes dados estatístico~, que todos os annos decresce na Provincia esta lavoura, e entre as r~zões, que se podem dar para este result:i do nQta-se em Lº lugar o baixo preço de 1280 réi~ por arroba a que cht'g1u o café da Pl'Ovincia no; annos anteriores a 18-30, e em 2. 0 a applicaçaõ ,quazi exduziva rle parte da popu– lai;aõ á cata, e procura <los productos esponta– neos da N .1 tureza, e especialmente da borraxa. Quanto a t'Sta cauza ha razões pro, e contra das quaes pretenderno-s fazer um artigo _especial; e a respeito da outra, o baixo preço do café, foi devido á sua pessima qualidade, e tambem á competencia de grande abundancia culti– !ado especial~~nte na Provincia do Rio de JanP,i ro, e ao melhor . preparo, que lhe daõ. Sabt: -se que o café era quazi todo preparado na Província pelo methodo que chamaõ de can– teiro, que he deixando-o apodrecer sobre a ter– ra, e naõ admira, que el!e descesse de preço até vakr quazi nada. E como he regra ordina– ri a, á proporçaõ, que descia em preço peior o p r·eparnvaõ, e de peior ero peior chegou a ser de tão inferior qualiJade que valendo a penas 1280 réis por arroba foi esta cultura abandona– da ao ponto em que se acha. Se lhe melhoras– sem o fabrico, estamos, que elle se teria susten– tado em alto preço naõ obstante a concorrencia do café do Rio de Janeiro, da Ilha de Cuba, e do Oriente. O remed_io está pois em o culti– varem, e prepararem com esmero e os que o fizerem naü tei ão de se arrepender, porque h,i-de-ihes ser preferiJo no mercado, especial– men te o da Vigini que sendo bem preparado equivale ao café de Moca, que he o melhor co– nhecido. Q uando se examina o processo da cultura do cafü, e suas despezas, e se comparaõ com as do fabrico do ass ucar, farinha & reconhece-se logo, que este genero cu,,ta menos a tratar, e dá lu– cro superi0r; e he delle que provem principal– mente a riquez,i da Província do Rio àe Janei– ro de que este genero he o principal e quazi ex– cluz1vo ramo de industria. N aô o retendemos, que o Pará faça delle ohjecto de 1 exportaçaô, pois que muitos outros generos tem nara este fim, mas que cultive os jficiente para' consumo proprio, e o prepare bem. He isto tanto do in– teresse dos productores, que nesta cultura en– contraõ lucros seguros, como do <los consumido– res, que se veriaõ livres de comprar por ~!to preço o café ordinario, que actualmente se im~ porta, e ~~be mais a terra do que a fruta. ~

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