Treze de maio - 1845
f2] ·coberto de crimes'! Estevaõ lhe respondia: he _introduz até a cabeceira da cama da sua victi; que o manto do arrependimento he quase taõ ma, cheguei junto delle, e del'epente me pros• canditlo, como o da innocencia: he que todos nós .tei a seos joelhos •... E depois quando estive.. somos peccadores, e frageis: he que a caridade mos sós... . · he de todas as virtudes do Céo a que Deos mais Aqui parou o penitente. Hum suor frio cor.. -gosta de vêr practicar aos homens. Sabeis vós reo de sua fronte, elle encarou com Estevaô, e hum pensamento que me occorre mesmo con- houve entre ambos hum silencio solemne. tra minha vontade, continuou o penitente, he (Continuar-se-há.) que De_os naõ vos teria enviado ao meo encon– tro se eli-e~ ~õ tivesse o desejo de me perdoar hum di~. -V ó: sois para mim como a pomba, que v·~;,. ""trazér a arca o ramo de oliveira em testemunho de que o diluvio hia acabar. Vós sois hum anjo, cuja missaõ he sustentar.:..me até ao fim de minha peregrinaçaõ. Naõ; lhe dizia Estevaõ; eu sou hum homem, como vós: eu vos amo, e vos lamento. Depois fizeraõ juntamente suas supplicas: o penitente julgava que ellas eraõ mais bem aco– lhidas pelo Senhor, quando subiaõ ao Céo uni– das com as de Estevaõ. . A pezar dos cuidados que o moço Vigario empregava para occultar as visitas, que fazia ao penitente, toda a cidade de . . . foi d.isto logo instruída. A curiosidade publica se dispertou: pesquisou-se que relações tinhaõ podido esta– belecer-se entre dous homens taõ differentes, e o procedimento do caridoso Sacerdote deo lu– gar a insinuações as mais ma]evolas: mas a vi– da de Estevaõ era taõ pura que estes rumores por si mesmos cahiraõ. Humas vezes deixando Q penitente, era E stevaõ occupado por invo• !untarias, e chimericas ideas: elle perguntava a sí mesmo, como podia ter sido commettido al– gum crime por hum homem, em quem senaõ via sombra de hum máo pensamento 7 Outras vezes mesmo contra !ma vontade, estas reflexões o perseguiaõ até ao pé daquelle, que era dellas o objecto. Hum dia o penitente percebeo isto. Olhai lhe diz elle, se vós naõ fosseis hum Sa– cerdote, ha muito, que vos teria contado a mi– nha historia. He este hum exemplo, de que podereis hum dia fazer apprmreitar os mance - bos insensatos, e cegos, como eu fui: he hum calix de vergonha que estimaria beber, a fim de offerecer a Deos mais hüa expiaçaõ. Mas vós sois Sacerdote: hüa tal confidencia teria todos os caracteres de hüa confissaõ, e o Papa me prohibio de approximar a algum Sacramento, durante todo o tempo de minha penitencia. O Papa~! interrompeo Estevaõ. Elle mesmo: he ao Santo Padre que confiei o meo crime: he elle só, quem tem bastante po– der para me dar a absolviçaõ; eile a quem foi dito: tu<lo quanto ligares sobJ'e a terra, será li– gado no Céo. O penitente contou entaõ, como seguio a Pio 7, como chegou a fa}lar-ll~e, e co~ mo o Pontífice lhe accordou hüa audiencia. Eu entrei em seu palacio, proseguio o peniterite, tremendo, e palido, como hun:i assasino, que se \ O Oatholico. ueun l)(ececec• GALERIA OPTICA. Juizo do Jornal do commercio, do Rio de Janeiro,' sobre a terceira exposiçaõ. " Eis-nos chegados, á terceir.a...eXR9sição dos quadros que o director deste estabelecimento .nos annunciou, e que offerece vistas não menos in– teressantes do que a primeira e segunda exposi– ção. A capella de Guilherme 'fell ao luar é um quadro encantador, e na sua simplicidade gran– diosa, digno do heróe que, simples camponez, soube dar a liberdade a um povo inteiro. A sala magnifica que, segundo os annuncios, se acha 110 palacio do príncipe de Schwazemberg, produz um effeito maravilhoso; mas ignoramos se ha engano nos annuncios, pois podemos affir– mar que sala igual se acha no palacio de S. Ildefonso, uma das residencias da familia real de H espanha; e certamente ella é digna de reunir debaixo das suas abobadas híia das mais explen– dirlas côrtes da Europa. É superior a todo o elogio a completa ilJusão que produz o quadro, que representa o-Tunnel– em Lon,lres; perde-se a vista por essa galeria maravilhosa, que, discorrendo por baixo do lei– to do immenso rio Tamisa, reune as suas mar– gens oppostas: quem ha hi, que não tenha ou– vido fallar dessa obra gigantesca 7 Quereis vel-a, apressai-vos a ir á Galeria Optica. E quem ha de contemplar, sem o mais vivo interesse, a vista de N apoies, t~rceira capital da Europa, e residencia da augusta princeza, cuja chegada· esperamos com anciedade 1 Se a cidade do Rio de Janeiro não admitte compa– ração com a antiga Parthenope, temos pefo menos a satisfação de vêr que os arrebaldes do Rio não são menos pitorescos <lo que os de Na– poies, e que a nossa natureza bem pôde indem– nisar a quem tiver saudade das praias do Medi– terraneo . Na entrada da actual imperatriz d' Austria em Vienna nos interessa vivamente o retrato bem· parecido de S. M. e a vista da praça de S. Pe- · dro nos apresenta de uma maneira digna do sa– grado objecto a igreja metropolitana do mundo christão. Os. reduzidos !emites de um periodico naõ nos
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