Treze de maio - 1845

Sosinho para cumprir a sua grande, e impor– tante Missaõ o que deveria fazer o Filho do Homem n'um seculo de immoralidade, e cor– rupçaõ? Encarregado por seo Pai para ser o Redemptor do genero humano o que lhe cum– pria fazer? Aquillo que seo coraçaõ Jhe dicta– va; e como nelle tinha amplíssimo lugar a be– neficencia, sobre a humanidade he que deviaõ ser derramadas todas as suas effusões. O dia, em que devia ser offereci<la em holocausto a victima mais pura era emfim chegado. Houve hum Propheta, hum bardo religioso, que em remotas eras tinha vividoi e que entaõ pronosticou á Cidade de Siaô o seo grande cri– me, e os flagellos assombrosos, que lhe viriaõ pela morte do ~t:o bemfeitor e suas lagrimas, monumento sublime, e sagrado do Christianis– mo, cqrreraõ em fio de seos olhos, Jeremias previo a morte do Homem Deos, e chorou so– bre ella: sublimes, e maviosos threno~, que a Santa Igreja repete nestes dias. N aõ parecerá intempestivo este nosso pensamento, esta nossa idea. Nunca suppomos, nem podemos suppor, que haja no gremio da Corimmnhão Christã hum homem, em quem naõ foç'.a impressnõ a historia _dos acontecimentos da vida, e morte de Jesus Christo. Memoravel para todos os seculos, pro– veitosa para o genern humano, e até de necessi – dade para a moral, a narraç.iõ fiel do padeci– mento do filho de Deos, como nó-la presentaõ os annaes da religiaõ, se torna sobre maneira vantajosa, e implica hum grandíssimo desen– volvimento para a historia da humanidade. Que epocha mais digna de hum p;_·ofondo res– peito, de hum medo salutifero, do que o espaço de 7 dias, destinado a rmlemnisaçaõ dos mages– tosos actos, que a Igreja n'elles celebra! Nada ha no Christianismo, que sejc- mais capaz de despertar n'alma pensamentos mais elevados, do que esta mesma taciturna tranquillidade nos templos, durante o período da Semana Santa. Parece que ha certa relaçaõ immediata entre o espirito do homem e o Ceo, de maneira que qua<si in oluntariamente passamos por hüa espe– cie de extase deste mundo para o das intelligen– cias mais sublimes. Se os mysterios augustos, e sacrosantos da Re– ligiaõ Christaã saõ capazes de produzir nos co– rações as mais fortes emoções, abstraio 'Por hum momento de todos elles, e lancando a vista sobre a paixaõ, e morte do Filho de Deos, vejo que ha hüa epocha, qu,e distincta do resto das mais, se torna digna do maior acatamento, e venera– ção por causa dos grandes factos, que nos recor– da. Se Jesus o ungido <lo altíssimo, o Verbo se quiz ' humil har até a vil morte de Cruz: pergun– to em que póde haver hum documento mais vivo, mais irreflagavel de seu amor, e da sua beneficeucia 1 Lembremo-nos do que pos diz o Codigo Sagrado, e não miremos sem reflexão o quadro, que ante nossos -olhos se descortina. -De necessidade devia sncceder hüa revolução nas idéas, e nos i::ostumes, havia de comec-ar hüa epocha mais vantaj osa aos progressos, e ;os in– teresses dá humanidade, e esta revolução, esta epocha appareceo com a apparição, e morte do Christo. O oriente vio o expectaculo desenro– lar-se a seus olhos, mas nos temos a satisfação de ver que, transpondo idades tão remotas, à nós veio a memoria dos feitos immortaes, e divi– nos do divino Filho do Homem. Entretanto borrifemos de flores o tumulo do Christo, can– temos com os Vates de Solyrna, e solemnissi-– mos a epoçha da Semana Santa com a pratica das boas obras, e com a penitencia das nossas culpa. · ( Do. amigo dos homens. ) O Catholico. U Discur~o .do Sr. Souza Franco. A questão das Alagoas foi hontem compJeta- 1mente elucidada na camara dos deputados. Não ouvimos, nem ainda sahiu impresso o discurso do nobre ex-presidente daquella província; mas consta-nos que o Sr. 8ouza Franco justifi..:uu-se cabal e victoriosarnente de todas as impntaç•'ies com que seus inimigos teem procurado descon– ceitual-o ante o paiz, e que mostr,m irrefraga– velmente que o movimento das Alagôas era plano muito premeditado e combinado, para apparecer contra todo o presidente que ousas– se tirar o domínio daquella provinda das maõs dos que se insur~iraõ. . Recommendamos ao pu– blico a leitura desse discurso que tanta l•1z der– rama sobre esse deploravel acontecin1 .::!nto, para que elle não fique na memoria do paiz, adul– teracJo como anda pelos interesses dos ccmpro– mettidos, pe1as paixões e espírito de um partido infenso á actual ordem de cousas. Talvez, attenta a importancia do objecto, transcrevemos em sua integra, ou extractado o discurso do digno ex-presi'dente daquella pro– viucia. E' um facto que pertence á historia con– temporanea do nosso paiz, é um protesto feito de maõ armada pela fação contra os que lhe substuirão no poder, que convem seja bem re– ctificado em quanto a memoria dos factos e das circumstancias ainda está fresc:a. (Dü J\"ovo Tempo n. 0 83.) Pede-se-nos a publicaçaõ do sef.{uinte: Nós abaixo assignados, credores da firma - Brito & Raio - com quem fisemos concordata em 28 de Janeiro de 1841 obrigando-se os ·socios da dita firma José de Brito Manso e Jeronüno

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