Treze de maio - 1845

QUARTA-.F'EIRA a~. 0 TRIMESTRE ~ PARA' NA TYPOGRAPHIA DE SANTOS & MEKOR;ES, RUA D'ALFAMA N. 15. - 1845. tte46&õ- 5l&r!t~lit·H !idAíM.:í.'/M1:#i':'1-iP4'1ffii:iíi&tab«&W-1t1Wf iü @ri&¾ii:':!MG:...i&· 'fflh 4f¼êêê-+iiiisi p ARTE RELIGlOZA. .Messiada. ( Traiçaõ de Judas. ) Jesus se cala, os Apostolos comprehenderaõ ultimamente, que elle hia morrer; mas sua fra– ca razaõ naõ acha expressões para explicar os sublimes pensamentos, que suas palavras fazem · nascer em sua alma. Judas perdeo a animosi• dade do crime, no meio dessa santa reuniaõ se horrorisa de si mesmo. O Messias o olha com terna piedarle, e_ desviando logo sua vista desse objecto de affiíçaõ, e de dôr, a emprega na as– sembléa com viva emoçaõ; estas palavras pro– pheticas sahem de seos labios: " Eu v0s digo, meos amados, hum de vós me entregará! ,, Tocado de horror cada discipulo responde por sí por hüa acclamaçaõ espontanea. O traidor he Õ primeiro que protesta sua innocencia, e o Mes– sias repete com o grave accento de hum juiz supremo: " Eu vos repito hum de vós me en– treO'ará l O Filho do Homem se2:uirá o caminho l'."I · , ~ ! traçado p-elo Eterno, mas desgraçado aquelle que tem o poder de o trahir ! Na verdade vos digo, ser-lhe-hia melhor o naõ tei' nunca nascido!,, A sombria nuvem, que acabava de obscurecer por hum instante o semblante de Jesus he logo dissipada pelo pensamento da felicidade que sua morte devia espalhar sobre o mundo. Tornado todo amor, todo misericordia 6e levanta, pro– nuncia as palavras sagradas da nova aUiança, parte o paõ, e derrama o simbolico vinho. Hüa aureola· celeste rodeia sua ~abeça, o calix, que sua maõ eleva, brilha com resplendor sobrenatu– nil. Celebrando assim a lembrança da morte do Mestre ainda vivo no meio delles, os Aposto– los sentem todo o poder de sua divindade: só Judas naõ treme com hum santo terror. Para o peccador endurecido este paõ, este vinho naõ saõ hüa nutriçaõ, que o identifique com D eos, mas hum fogo devorador, que o vota ao inferno. Entretanto fscaric,tes está prostrado com os-mais discipulos aos pés do Messias. Jesus estende a maõ á Simaõ Pedro, enchuga as lagrimas -de Lebbeo, aperta Joaõ em seo peito, e tem para todos hüa doce palavra, hum surriso consolador. Seos olhos finalmente se fixaõ em Judas. " Co– nheço todos os meos amados diz eUe, hum d'en– tre elles me trahio ! quebrou com suas proprias maôs sua corôa! ... Levanta-te .J adas, ,, acres– centou elle com tom de severa auctori<lade. Judas obedece. Furioso, fóra de si, deixa a reu– niaõ santa manchada com sua presença, ·e di– rige seos passos para o palacio do grande Sa– cerdote. Atravessando as ruas silenciosas, e de– sertas de Jerusalem, sua raiva muda rompe emfim. nestas palavras: "Elle sabe, diz elle, co- nhece meo crime! ... Todos o sabem . . . . Pois bem ! tremaõ todos! .... Levanta-te Judas me disse elle ! q :rn as peras palavras ! . . • . N aõ he as - sim que falla aos outros .. :. Verdade he que se– naõ conclemnaõ os reis .... Antes de os adorar como taes, quero vê-los. captivos .... mas que si~nificaõ esses sinistros adeoses, esse., aparelhos de morte? ... Hum ardil inventado para <lesar– mar minha colera .... N aõ te enterneças Judas , l ' naõ te esqueças que es < espresarlo. Mas como farei morrer Jesus , he ünmortal ! Ao menos se– ja por hum instante carregado <le ferros, terá en– taô hum surriso gracioso, hua supplica para o discipulo, que despresou ! . . . Os mestres de Israel me esperão, eu sou seo confidente, elles me tem proclamado o maior d'entre elles ! ... ,,

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