Treze de maio - 1845

RUSSIA, 1l arsovia 2 de Setembro, Referem-se curiosos pormenores acerca do no– -vo regulamento formado para follegios dos dis– trictos de V arsovia, que acaba de publicar-se. Dépois dos requisitos necessarios para serem recebidús nelle, segue a parte disciplinaria. que he a mais importante. O regulamento tem uma perfeita similhança com hum codigo penal mi– litar; muito rigor, e naõ poucos castigos; porém em troca promtttem-se recompensas aos que de– nunciarem á authoridade os alumnos ou profes– sores que deixarem escapar palavras mal so– :ante1-. Ha tempo que um sabio polaco publicou um -folheto_provando a necessidade dos castigos cor– poraes para manter a boa disciplina: considera as varadas como ~ principal movei da educac;aõ; e partindo deste systema formou um e1tlcuio pa– ra estabelecer uma perfeita harmonia entre a na– tureza do delicto, .a inten~idade dos golpes e o seu numero. Para cada dçlicto ha designadas varas de uma elasticidade e comprimentos determinados com uma exactidaõ mathematica. Par-a alcan~ar o : gr.áo de elasticidade exigida propõe_ o prof ei<sor que as varas se tenhaõ em agoa por espaço de ,,arias noites. Em recompensa de ter publicado este livro, o professor foi nomeado reitor de Lud[i em V ar– sovia; mas não occupou muito tempo este Jogar, o qual ag-0ra occupa o russiano Filipow, que de– ve realisar as idéas do leal polaco appro vadas pelo governo. _ O palaco obteve como indemnisaçaõ o seu or– denado por inteiro, e alem disso a authorisaçaõ de publicar a _Historia de Napoleão, priviie§!;ÍO que até agora a ninguem tinha sido concedido. JToraõ-lhe abertos os archivos, porque deo a se– gurança de que naõ abusará desta demonstra– _çaõ de confiança. FRANÇA. París· 12 de Setembro. '' Interrogado o enviado marroquino Mohamed– Ben-Serrour falfando ácerca do effeito que nelle produzira a memoravel batalha de Icly, disse qut elle tinha ju-lgado, como todos os seus, que sem duvida venceriaõ os francezes quando viraõ hum exercito taõ :pequeno decidido a combater com a multidaõ marroquina, que cobria ao lon– ge as collipas e os campor,,, porém que as mano– bras deste -pequeno exercito, que parecia mul– th)licar-se e obrar com a promptidaõ e sagaci– dade de huma serpPnte, os desconcertou até tal ponto que perderaõ a cabeça e jul~araõ-se mui– to felizes de vêr ·que tinhaõ atraz de si vastas planices, nas quaes procurataõ salvar-se - a to.; do o galope dos seus rapidos corseis. " O enviado marroquino ajuntou, que seu amo naõ poderá fazer nada melhor, do que apode- -rar-se _de Abdel-Kader; porém que este emir _he demasiado habil para se aventurar em sitios • onde o imperador de Marrocos naõ encontraria obstaculo á execuçaõ da sua vontade, porque tem o, cuidado -de acompanhar ..no meio das trihus revoltosas que naõ reconhecem senaõ nominal– mente a authoridade do sultaõ. Oi. mesmos sol– dados deste, desde a sua chegada até ao mo– mento da retirada de Abdel-Kacter, viaõ-se de– tidos na sua marcha pelas tribus na apparencia mais submissa, mas sobre as quaes o fugitivo emir conserva ainda hum grande assendente. ,, Mohamed-Ben~Serrour concluio dizendo, que os francezes deviaõ ter-se esforçado por aprehender o emir quando percorria as posses– sões argelinas. " Tudo o que este enviado vio em Argel, aon– de se dirigio vindo de Tanger por mar, e tudo o que vê que tenha rela,,'.aó com o territorio fran– cez, concorre para lhe fazer formar uma boa opiniaõ da grandeza e do poder da França: elle mo~tra uma viva curiosidade 1 ,e o seu primeiro cuidado foi percorrer a nos::.a cidade, acompa• nhado do capitaõ Arnaud. Antes de -se diri~ir a París, Mohamed foi vi~itar Toulon. A sua ch-e– g, da a París lhe facilitará a occasião de recor– dar a maneira, bem differente da pratica cons– titucional, com que nossos pais recebíaõ os mais insignificantes enviados dos principes barbar.os . -~ No seculo passadQ, hum embaixador Jtune– s-ino desembarcava em frente do palacio munici– pal de Marselha, por entre as -salvas <le artifüe– ri a; os membros da municipalidade, vestidos com as suas compridas beCc1.s roxas e os seus gorrns, o arengavaô, e lhe offerecião caixas de doces, fructas seccas, tapétes de Smirna e vél– las: punha-se a sua disposição hum camarote do theatro, e permittia-se-füe di1·igir em arabe hum comprimento mui lisongeir-o ás nossas avós, que ficavaõ encantadas de ouvir da sua boca que tinhão €Staturas mais elegantes e esbeltas que o tronco de huma palmeira, -e olhos tão bellos como os de huma gazela. ,, --Escrevem de Toulon o seguinte a 2 do cor– rent€: '' As oito horas d-a manhãa pegou fogo n"hum tilheiro, onde se guardava o breu, situado perto do estaleiro no arsenal da marinha. Os promptos e bem dirigidos soccorros, com que lhe acudirão derão lu~ar a retirarem-se a tempo ·todas as ma– terias intlammaveis contidas no deposito, taes como breu, cabos, madeira e ,outras, evitando-se assim a sua destruição! as bombas que acudirão logo extinguirão promptamente o incendio cau•, sado por faltas de precaução. {D6 Pcrio_dico dos Pobres N. 0 2S2.)

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0