Treze de maio - 1845
QUARTA-FEIRA !}~. 0 TRIMESTRE • PARA' NA TYPOGRAPfIIA DE SANTOS & MEr~ORES, RUA D'ALFAMA N. 15. -1845. - t>M W fficW!Wifü ttth¾#Ytfií~&iôiãíl$SiWMN+Ui#&Wb/E-ti&fSIR#tâí§F??W'i&HIE'§ii'W & Aii$M$2l¾IWtfAMtiiiílú1êfMI A-&1!N#iíi?t1t-1!Mt;;,;r:,zg p ARTE RELIGIOZA. .Messiada. ( Traiçaõ de Judas. ) Soou a hora solemne, que termina o dia pas– sado, commeça hum dia novo; sobre toda hüa ci– dade adormecida a peste estende lentamente su– as azas sombrias, immensas, terriveis ! Sobre suas extremidades, e protegida pelos muros, que fecbaõ seo recinto, a morte se esconde, sopra ao redor de sí vapores envenenados, e a cidad€ co11- tinua a dormir. Ao debil claraõ de sua alampa– da noct.urna, o sabio vella, e medita. Perto do frasco cheio de hum generoso vinho, cujo mo– derado uso alegra o coraçaõ, nobres amigos se entretem com a doçura do sentimento, que os une. O dia apparece em fim, e com elle a de– solaçaõ, e o desespero ! Os gemidos da joven desposada, seguindo a pompa funebre d'aquelle, que a devia conduzir ao altar, enchem o ar: os orfaõ1, abandonados pedem em vaõ doces mi– mos, h u rn abrigo, paõ ao frio cadaver, que foi · seo pai! Espirando no meio dos restos inani– mados de seos filhos a mãi maldiz o dia, que os vio nascer, o dia, em que ella mesma nascera; o coveiro palido, e desfeito com os olhos enterra– dos em suas orbitas, passeia lentamente atravez de montões de ca<la\'eres, que seos braços can– saJos naõ tem força para sepultar: elle morre o ultimo! Do alto de nuvens ameacadoras o an– jo exterminador desce sobre esta 'immensa se– pultura: ahi se demora pensativo, silencioso, só, e satisfeito ! ... He entaõ que Satanaz domina sobre Iscario– t.es adormecido: o coraçaô do discípulo bate mais ligeiro; elle se habitua ao crime, e seo cerebro se infla ma no fogo terrível de paixões odientas. lthuriel, seo anJo da guarda, está ao· pé delle, Prevendo a horrivel tentaçaõ, que o principe das tcevas prepara ao Apostolo do Messias, ele– va os olhos ao Eterno, como para supplicar-lhe perdaõ, se elle faz mais do que deveria para Sdlvar o desgraçado confiado á sua guarda, e tres vezes sua aza toca o cedrn, sobre o qual está adormecido Judas. A folhagem se agita, e sôa como o ruido da tempestade atravez de hüa es– pessa floresta: o tronco abalado em suas raizes treme, e estala, como o raio, quando brilha, e cahe. Mas Judas dorme sempre! Tres vezes o 'anjo passa perto <lelle: debaixo de seos fortes passos o chaõ se abala, e estronda: mas Judas dorme com hum lethargico somno, a palidez de seo semblante torna-se a cada instante mais hor– rorosa, suas feições se alteraõ, hum frio suot co– bre sua testa. Ithuriel se desvia, hum longo, e surdo gemido lhe escapa: he o hymno de mor– te, de luto, que os Céos cantaõ sobre a alma. immortal proxima a ser presa dos ardis de Sa-, tanaz. Apenas o anJo tem deixado a Judas, quando ' hum sonho infernal o inicia nos misterius do rei– no das trevas: cré vêr seo pai, crê ouvi-lo di – rigindo-lhe estas pe; tidas palavras: "Judas Is– cariotes, meo filho tu dormes cüm hum somno pacifico, como se nada tivesses a temer do futu– ro! aprende em fim a conhece-lo, eu vou des– cobri-lo a tua vista; vem, segue-me, naõ vacil– les .... Estamos sobre o cume do monte ....Re– para corno se desemrola á tua vista o vasto, o brilhante imperio, que o Messias vai fundar pa– ra sí, para os seos muito amados. Vês tú de– baixo de teos pés esta cadeia de montanhas co– bertas de . matos, cuja sombra embellece hu1n lindo valle 1•.. , A fertilidade deste encantado
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