Treze de maio - 1845
(2) melhas, e brilhantes. Naõ foi hum ,suor ordina– i-io, que humedeceo os membros do Messias quanrlo soflreo por nós. O frio suor, que cobria ·sua figura mortal, era de sangue! Jes-us tor– nando a entrar em sentimentos de sua divinda– de1 le\'anta-se da poeira, lagrimas se misturaõ 30 sangue, que corre sobre suas faces; sua vis– ta se fixa no Céo, elle ora em voz alta: "o mun– do, meo Pai, naõ existia ainda •. . .. já tínhamos visto morrer o primeiro homem, já tínhamos . visto cada hum assi~nalado pela morte de hum peccador ! Seculos inteiros correraõ àssim car– regados de tua maldiçaõ ! Mas h-e chegada em fün a sagrada hora dos mysteriosos sofrimentos, esperada antes que o universo se posesse em movimento por sua marcha eterna, an tes que a morte immolasse suas victimas ! Eu vos saú– do vós, que dormis em D eos: eu vos saúdo no 'fundo de vossos silenciosos tumulos: vos resuscita– !feis ! Ah 1 quanto soffro neste momento carre– gado de vossa fragilidade; por que eu taõbem nascÍ, taõbem de\'O morrer! .... 0' tu que sus– pendes sobre minha cabeça teo braço . de juiz, tu que fazes estremecer rneos ossos formad os de barro, accelera o vôo <lesta feliz hora! fazei-a mah rapida ..... Tu podes, a ti tudo he pos- sivel, o Eterno! .... Este calix terrivel que tu encheste de tua cnlera, de teos medonhos te;,rores, tu o tens sohre mim derramado! N aõ o derra– mes até a ultima g tta, desvia-o .... Estou só, isolado, sem anj os, sem homens, que me saõ ain– da mai~ caros, sem homens rneos irmaõs ! ... e '.SOU por tí repellido .... Pai celeste, j ulgandó-nos, digna-te lembrar-te que somos filhos de Adaõ, que sou teu filho! ... Mas seja feita tua vontade, e ,naõ a minha ..... ,, Assim falla o Messias e sua direita vacillante se apoia sobre a noite; o dia fo~e a sua esquer. da. As imagens horríveis de 1:tüa morte eterna passaõ-lhe por diante; as almas malditas amal– diçoaõ a omnipotencia; das entranhas da terra se elevaõ os ruídos das cataractas, donde sahem os terrores infernaes, e o murmurio dos regatos, cujo perfido som convida ao enganador somno do nada. O suspiro infinito do desespero accusa a creaçaõ junto do Creador; maldiz o passado, o .. presente, o futuro. O H omem Deos comprehen– deo ~te suspiro. Jesus deixa a humiltle postu– ra de hum peccador·, se avis inha a seos Aposto– los adormecidos. Tornar a ver homens, irmaõs basta para lhe pagar tudo quauto soflreo, os Céos cantem: " He .pa!-1sa<la a primeira hora rle pro– va: a primeira hora <los sublimes soffrimentos, que daõ a paz ao universo passou. ,, Assim can– tem os CéGS. O Messias em pé diante de seos discipulos contempla seo somno. "Pedro meo amigo diz elle tu dormes, e minha alma está opprimida de crueis angustias! Naõ podes velar comigo hüa hora 1 Tu quererias, eu o sei, mas és filho da terra! Este grosseiro lodo ainda domina tua alma .·,, Vem logo ao Messias a feliz lembrança de que sua morte deve dispolo ao mundo, que veio res• gatar. Desvia-se, prostra-se, ora, e de novo sof– fre . . . . Suspenso na ponta de hüa rocha esteril , po1· longq tempo Adramelech, o -anjo do mal, observa o Messias. Elle vê hum suicida qu e se degola, se avisinha a Jesus, olha-o attentamente, e de sua elevada cabeça, onde está. sentado o orgulho, sahem pensamentos desastrosos, como ondas de torrente formada pela espessa nuvem, que o raio acaba de quebrar. O Messias dirige para elle hum olhar, em que brilha todo o po– der divino, e o segundo príncipe <lo inferno ca– be aniquilado1 .... Levantd-Se, mas naõ vê · mais a terra, o céo, o filho de Deos; tem en– trado no abismo, que o recebe bramindo de rai– va, os Céos cantem: " He passada a segunda ho– ra dP. prova; a segunda hora dos sublimes sof– frimentos, que daõ a paz ao universo, passou: ,, Assim cantt:m os Céos. O Eterno possue ainda a balança temida; o Messias se curva debaixo da poderosa maõ, que o pune dos peccados do mundo: he assim que o cordeiro se torce ao pé do altar, onde o vai immolar o cutelo do sacrificador; he assim que Abel tomba debaixo de hua maõ estimada, cha– mando em vaõ seo pai em seo soccorro. O côro dos seraphins que até aqui contempla– va, adorava o Mediador se abala: RS forças im– mortaes taõbem tem limites. Eloha, Gabriel fi– caõ sós ao pé delle, · mas cobrem suas cabeças com a mais espessa nuvem. Tres vezes o Juiz Eterno falia, tres vezes taôbem a t erra treme, t res vezes taõbem Eloha a sust em. O Filho do Ho– mem levanta-se pela ultima vez da poeira: tem venc;ido: os Céos cantem: " He passada a ter– ceira hora de prova: a terceira hora dos sublimes soflrimentos, que daõ a pa,,; ao universo passou. ,, Assim cantem os Céos. ( Continuar-se-há. ) O Catholico. lllm . 0 Sr1:r. lnspector. - Examinamos a nota de cem mil r{is da 2 ª Estampa numero 5:9SS, assignada por JVlanoel Gomes d'Uliveira Couto, a qual accvmpanlwu a Portaria de V. 8. de 12 do mez findo; e a julgamos falsa pelas di.ffe.– nmças, que encontramos das 'Verdadeiras. Supposto o seu papel sfja mais aproximado em peifeiçaõ ao verdadeiro,· e a chapa bem desem– penhada, circunstancias pelas quaes poderá illu– dir a primeira vista; com tudo bem averiguada, se conhece a sua falsidade. E.raminando-a com attençaõ, elta deixa certa desconfiança em con– ~equencia da cór; pois que nas do verdadeiro pa-_
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