Treze de maio - 1845
SABBADO a®). 0 TRIMESTRE. PARA' NA TYPOGB,APHIA DE SANTOS & MEr;oRES, RUA D'ALFAMA N. 15. -1845. E dh &<f·MW❖"tléNW~wk'JíS.t#êfi~ll#§tfflMN 1&dí-ASAetn.kM&M4W4 WAA i...E-i p ARTE RELIGlOZA. .Messiada. ( Extracto do canto quinto do poema ./J-Jessiada. ) Deos desce á terra. O Serafim Eloha o segue sobrn hüa espessa nuvem. D este pedestal celes– te sahe surdamente a ameaçadora voz do trovaõ. Eloha vê descer o Eterno sobre o T habor, e o Messias se demora em hum jardim solitario. "Filho do homem, diz elle, tua bondade igua– la teo poder! carregado dos peccados do mundo tu vens pedir para tí só o castigo, que elles to– dos tem merecido! Nada do que ha de creado póde sondar a profundiuade deste subli– me segredo! ... Anjo, Seraphim, adora teo Crea– dor, e cala-te. Homens, eu vos saúdo ! homens, meos irmaõs, vos hi des ser, como eu, imrnor– taes ! ,, Assim fallou Eloha: e com os braços esten– didos sobre a terra, elle a bem disse em seo pensamento: O Eterno chegou sobre o· Thabor emvolto n'essa hora . solemne da noite, em que o bronze a · annuncia á natureza por doze to– ques mysteriosos. A travez desse véo transpa– rente para t udo que naõ he mortal, vê a terra coberta de peccados, cheia de alta res levantados aos falsos Deoses. Os cri mes passados, e fu turos sabem dos abismos, em que se precipitaõ as. ge– rações, que el! es infamaõ; a pode rosa voz da consciencia os arrasta ao pé do tribunal su pre– mo: hum la,;;timoso murmurio desce do ~ éo; so– bre as tremulas azas dos ven tos chegaõ os sus– piros da virtude, que soffre sobre a terra, e os gemidos das victimas, que expiraõ sobre o cam– po da batalha; o trovaõ deo sua voz em favor do sangue innocente dos martires: clama pela vingança a travez dos immensos Céos ! Deos pensa ..... Sua maõ sustenta o universo, que vai redusir-se a pó, perder-se no infinito. Tor– na para Eloha. O Seraphim comprehen<le o Eterno .... Remonta-se para os Céos, mas sua vista fica fixa sobre o Thabor: sua maõ ele.va a terrível trombeta, que deve hum dia ressusci – tar os mo rtos de todos os seculos, e a dirige pa:– ra a terra. A este chamamento espantoso o Se– raphim ajunta estas palavras: "Em nome da– q ue lle, que tem as chaves da immensidade, que dá as chamas ~o inferno, omnipotencia a mort e, ha debaixo dos Céos hum ser, que queira com– prarecer diante delle em lugar do genero hu– mano? Se existe, appareç~, Deos o chama. :, O .Messias em pé junto ao Thabor ouve o som da trombeta, a voz do anjo. A bala-se, sóbe, e entra no sanctuario, onde o espera o Eterno. Se eu tivesse a previdencia dos prophetas, a . voz dos ·seraphins, se estivesse as minhas ordens a trombeta do juizo final para narrar os pensa– mentos divinos, mesmo assim faltar-me-hiaõ for – ças para te cantar~ Salvador do mundo, quando lutas contra a morte, contra a colera de teo pai, para tí inexoravel por amor de nós.· Espírito do Pai, e do Filho, eu naõ sou mais do que hum fraco mortal; dirige meo ptnsa– mento, e eu verei, eu comprehenderei, naõ obs– t ante o meo nada, os soffri mentos, a agonia do filho Je D eos ! O .Messias estii prostrado na po– eira formada pelos ossos dos filhos de Adaõ mor– tos no peccado, geme, torce seos braços com muito p ezar, vê o inferno entre sí, e seo Pai : combate, luta contra a morte, contra o nada: a immensidade dos peccados de todos os seculos o opprime. Seo sangue agitado pelos terrores d'agonia circula mais ligeiro. Sua cabeça, sua face.divina estaõ banhadas de gottas grossas, ver~
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