Treze de maio - 1845

me arte da fraude, e do engano. A quem se dirigem os primeiros ataques'! Aos sujeitos mais fracos de ·qualquer moda, e mais azados para a seducçaõ. Tal foi a traça dó. genio do mal, e tal he a: marcha de todos os que tra– taõ de revolucionar: aquelle começou pelo sexo fragil, estes principiaõ pelos homens fracos de qualqiter sorte; Os m~fos se empregão? Os mesmos que se empregão no .modelo de todas as revoluções, a se– ducção. A felicidade dll par innocente do pa– i'aiso ainda era maiur · do que a pinta o famoso cantor do Tamisa, ajudando-se de todos os re– cursds- de sua brilhante imaginação. Mas · que vai na felicidade dos ·outros a um espirito irn mo– ral · e invejoso, que a não tem ? E que estado de felici.dade poderá haver no mundo que a calum– nia e a má fé não ouzem desacreditar; si o de nossos pais no paraiso ntto escapou ás censuras de Satanaz ! ·Muitos revolucionarios vivem des– graçados e inquietos no _meio de homens felizes ou de homens contentes com a sua sorte, qu~ não he menor felicidade. Persuade-lhes o or– gulho, que lhes pertence . o pâo que os outros comem; e que os .outros gosão da abundancia ou ainda mesmo da mediana, indevidamente, porque elles tem fome ou porque querem mais do que basta aos outros. Todos os titulo de ha– ver admittem questão, menos o que elles medi– tão, isto he, o transtorno de todos para proveito d' alguns . Para mudarem de circunstancias hão mister que <JS outros mudem de condição: eco– mo ninguem muda senão na esperança de maior felicidade, desacreditão a real que todos pos– suem, e promettem a fantastica que ninguem al– cançará. Como esta obra, como se vê, he toda de illusões; os meios devem ser da mesma natu– reza. . Nada mais commum a todos os revolucionarios do que lamentarem a escra,·idão dos que vi– vem debaixo do imperio da lei, que sempre re– presentaõ como barbara tira_nna. e despotica. Na– da fazem que não lembrasse ao pai da mentira, por aqui he que eUe começou a tentar os ani– mos dos primeiros viventes; a enfraquecel-os, a preparai-os para a desobediencia e para a re– volta. Eisaqui as palavras que lhes endereçou· - " Porque vos prohibio o Senhor vosso Deos comer do fructo de todas as arvores do parai– so? ;, - · Deste mesmo recurso; arma ji prova– da, se servem to.dos os antesignanos de revoltas. Eisaqui como etles folião aos que perten<lem al– lucinar: " Para que são tantos tributos? Para . que · se prohibe ao homem a communicação de seus pensamentos? Que cousa são privilegios 1 Que quer. dizer uma lei para uns, e outra pa– ra outros? " A pena que a lei impõe aos transgre~sores he a mélhor guarda d~ella, e o melhor esteio da fe– licidade que ella procura, - O temor d'esta pena --- - ---- .- - -- --• - .-- - - --~ - he a maior barreira que encontrão as revotu:: ç.ôes; mas os conspiradores, sempre astutos e sa~ gazes; nâo se descuidao de remover este obsta• colo. A serpente disse, Restas vistas, aos primei– ros viventes:- - " Não morrereis! " - Todos os architectos de no1Jas ordens de cousas dizem aos que procurâo para cooperadores~- " Não te– mais,. que as cousas estão bem dispostas, e o exito será bello t A, tirannia desmaiará á voz de liberdade! Não vos lembreis de forças, nem d 1 açoutes; nem d' exterminios, nem de confiscae ções, nem dé carceres. '' , A promessa d' um futuro lisongeiro he a ma..: xima de todas as seducções. O revolucionario promette sempre, promette largo; promette o bello ideal em todo o genero. --- Sereis, diz elle, homer'.." perfeitamente foli ✓.es; .elevar-vos-heis ao ni vel das naçoes civilisadas; a lei será igual pa• ra todos; quem não trabalhar não comerá pão; os cargos seráõ sómente o premio do merito e__ da virtude. Desgraçadamente o pomo revolucionario sem,: pte acha olhos a quem pareça agradavel e for– moso, maõs que se estendâo a, elle, bocas que o recebão, dentes que o mastiguem, gargantas que o engullão, mas nunca estomagos que o de-. rigiraõ I ! ! · Quaes são as consequencias das revoluções 1 Veja-se quaes forão as da primeira, que ella foi o modelo de tod4s em tudo. Nossos pais as– piravaõ a um futuro lisongeiro, promettido pela serpente n'aquellas palavras - Sereis como deo– ses, - e tornarão-se desgraçados ! Perderão o rico vestido da innocencia, forão condemna9,os a penas de trabalhos, soffrerão o exterminio. Ta– es são os resultados de todas as revoluções. Ef.. feituada a revolta, engolido o pomo fatal da re– volução, os illudidos abrem os olhos, e não veª em senão miserias em torno de sí ; conhecem, mas tarde, a suç1. ill1,1são, e quanto lhes era me– lhor viver no estado em que a Providencia os pozera, do que prJcurar sonhados engrandeci– mentos, quimericas venturas. As revoluções tra-· zem • comsigo a perda dos vestidos e dos bens para uns; trabalhos e penas para outros; exter– mínio para muitos: e as vezes tudo isto para todos . A revolução do paraizo, por tanto, he ~ modelo de todas as revoluções. O .Moralista. (Do Imparcial.) --=:=18loi.1- AV J ZOS . Seguem viagem para o Amazonas a saber: no dia 6 do .presente mez para a villa da bar• ra do Hio Negro a coberta Triumpho Legal no dia 12 parà a de ~,antarem o Hiate - Dois lrmâos, e no dia IS para Obidos a Escuna 13 de Março tocando em Santarem, e receberão as malas deste correio nos dias acima meu~ - --- - - - - _ .... •

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