Treze de maio - 1845
SABBADO lll•º TRIMESTRE. PARA' NA TYPOGRAPHIA DE SANTOS & MENORES, RUA D'ALFAMA N. 15. - 1845 A descripçaõ dos Festejos publicos que se fizeraõ nesta müi leal Cidade de ~anta Maria de Bellem do Gram Pará nos dias 19 té 15 do corrente mêz, em applauzo ao Feliz . N ascirnen– to, e Baptisnw do Serenissimo · Principe Impe– rial do Brazil o Snr. D. Aflonço Pedro Christin Leopoldo Philippe Eugenio Miguel Gabriel Ra– phael Gonsaga, será relatado no seguinte nu– mero 508 deste periodico. --=telft!O!--– {Jontinuaçaõ do n. 0 506. . Se o homem, creatura por excellencia, he in- . capaz de crear hum insecto, hüa flôr dos cam– pos, hum pé de herva; se recebeo, e naõ deo a sí o espírito, o jqizo, o pensamento, e mesmo o sopro : de vida, que o anima, existe pois em al– guma parte hum ser mais poderoso, mais per– feito, mais habil do que elle: mas este ser naõ se encontrando na superficie da terra, he ne– cessario hir procula-lo em outra parte. Quem he elle? Onde está esse ser formidavel, que creou do nada todas as cousas, que mantem e perpetua sua obra por meios tirados de sua maravilhosa sabedoria 1 Sua fórma, dizem os Bra– menes da India he de huma esphera perfeita, que naõ tem principio, nem fim. Plataõ, e So– crates prohibem hüa indagaçaõ mais c_uriosa so– bre sua nature8a. Saade refére, que húm sabio entranhando-se hum d_ia na considcraçaõ deste objecto, certo sujeito lhe perguntára se nada re– feria de sua penivel, e longiqua excursaêi: O pano de meo vestido, respondéo elle, estava cheio de rosas para vós, e para 0l!tros meos amigos; mas encantado, embriagado com seo perfume ce– leste minhas maõs por si mesmas se abriraõ, e o pano de meo vestido escapou-me. Para se assegurar da existencia de Deos, bas: ta contemplar as maravilhas da naturesà. Como sabeis, que Deos existe 1 perguntava hum viajante da Europa a certo Arabe do de– serto. A aurora tem neces~idade de archote para ser vista ? re!llpondeo com seriedade o Arabe. ,, Ha huni Deos, diz M. de Chateaubriand, as h~rvas das planices, os cedros _das mon~anhas o bem dizem, o insecto sussurra seos louvores, o elephante o saúda ao amanhecer, o passaro o e nta debaixo da folhagem, o raio faz resplan– d t cer seo. poder, e o Céo annuncia sua immensi~ • dade.,, 'SPgundo os Epicureos, o consenso geral de todo-. os homens basta para nos convencer, que ha Ueoses. Cícero, e .Seneca observárão, que naô existia em seo tempo hum só povo atheo. " Lançai os olhos á superficie da terra, dizia Plu– ta rco, podereis ·ahi achar cidades sem fortifica– ções, sem lettras, sem magistratura regular, po– vos sem habitações distinctas, sem profissões fixas, sem propriedade de bens, sem o uso de moedas, e na igaorancia universal das bellas-ar– tes: mas vós naõ achareis em alguma parte hüa cidade sem conhecimento da divindade.,, Todas as nações tem o sentimento da exis– tencia de Deos: por toda a parte o homem se prostra diante deste Rei dos mundos invisíveis;:_ que governa com hüa economia admiravel, e hüa mvsteriosa simplicidade, este globo nascido de suà' pal avra fecunda. Niaguem tem podido co cr· p rehender sua essencia, ninguem conhece · perf:itamente seos caminhos n~m suas obras; mas todos dizem - Creio em Deos ! - ( itaque inter omnes omnium gentium constat, omnibus enim ianawm· est, et in animo quasi insculptum, esse Deos. Cicer. De nat. Deorum, lib. 2. ) ( Tràdusido .) O Catholico.
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