Revista Do Ensino 1930 - Março v5 n 43

( .REVISTA DO ENSINO 5 . A imitação é, pois, 0 grande recurso educativo, mas por J.SSO mesmo O :mais perigoso. O professor se apresenta ao alumno como um ser su– perior, que de facto é, não só pelo cultivo intellectual, mas ta°:bem porq~e lhe parece que elle accumula os mesmos po- dei es que residem nos seus paes. · . ~ est'arte, 0 mestre, desde o primeiro instante de con- v~vencia com os discipulos é alvo de uma cons_tan_te obse.c:va– çao por parte destes Analysam-lhe a personahdaâe phys1ca, a personalidade mo~al, mais por curiosidade que por outra coisa . Das suas a1: titudes inrf erem · .a conduota que co ?v.em manter para com elle formam sobre elle bom ou mau JUizo, que logo em seguida ;e affirma em sympathia ou antip~thia_. Costumo affirmar que melhores observadores, mais ati– lados psychologos são os alumnos que os professores, que, longe de os examinarem, os tratam como se fossem eguaes . .Mas, como dizia feita a analyse, assentadq um juizo, qualquer que elle seja' a creança continúa a reconhecer no mestre a autoridade .; obedece. A sua personaJidade se vae impondo dia a dia ; convivencia se estreita, grande parte do dia trabalham em' commum _ logo, o professor se torna o grande fornecedor de exemplos aos seus alumnos. ,Elles imitam-lhe a letra, a -entonação da voz, o andar, os gestos, as qualidades moraes. · E a observação con·tinúa. Longe de se circumscrever á vida escolar, ella se extende para fóra, e lá como aqui, está o mestre sob a incansavel observação dos discentes. Isso explicado, faço agora a pergun'la que é sempre um pesadello para muitos educadores que disso só têm o titulo: - a vida social do professor condiz com os preceitos moraes que elle préga e exige dos seus alumnos? Elle não pôde se esquecer de que a verdadeira escola de moral é a vida pratica, e de que esses preceitos moraes re– citados pouca s ignificação têm, quer para os adultos, quer para os pequenos. Se_a cr eança encontra o professor praticando o contra– rio daqmllo que lhe ensina, se verifica que ha dois estalões de vida, um para ser exigido dos alumnos, outro para ser pra– ticado pelos professores, a creança não pôde agir ·com segu– rança , e, a ter de escolher entre o aconselhado e o praticado, escolhe este, que mais ;fundamente lhe impressiona os senti– dos e a consciencia . E não fica ahi o mal, porque o escolar terá já compre– h en dido que a escola faz a apologia da hyp<?crisia e da men- I

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