Revista Do Ensino 1930 - Março v5 n 43

REVISTA DO ENSINO 6S •nde foram estudar os novos me– thodos de ensino, enviadas pela Associação Brasileira de Educa– ção, publicou hontem as impres– sões das professoras Maria R. Campos e Consuelo Pinheiro. Hoje tem o prazer de publicar e que ouviu, e ,são fan1pressões de– veras interessantes, das professo– ras Laura Lacombe, _vice-directo– ra do "Curso Jacobina", e Julieta, Arruda, directora da Escola• Ro– drigues Alves. A illuistrada eiducadora senho– rita Laura Lacombe confess,a-nos: -A impressão que tive dos Es– tados Unidos foi de deslumbra– mento, não pela belleza das cida– des, pois só Washington é verda– deiramente linda, mas pelo ambi– ente de estudo em que penetra– mos. Ha muita gente que suppõe serem os Estados Unidos o p aiz onde se tem "a goodtime". Jul– gam aquella Republica pelo cine– ma, o que seria tão injusto como julgar a França pelos romances ou ainda. . . o Brasil pelo carna– val. Realmente lá existe de tudo como em todos os grandes paizes, mas o que faz o seu progresso não será essa camada frívola, porém a base da sua sociedade, que ainda em iparte guarda os h abitos dos !Puritanos do tradicional "Mayflo– wer". Fomos em Nova York entrevis– tadas ipor qois senhores que dese– javam saber sobre se no Brasil se julgava,m os Estados Unidos pelo cinema. Não pudemos negar que muita gente o faça, e com razão, pois é só o que de lá conhecem. Aqui não chega a profusão de li– vros scientificos que lá são produ– zidos. Muito ganharia o Brasil se pudesse haurir daquella fonte tão farta. -Acha então superior a vida de estudos nos Estados Unidos? - perguntámos á senhorita Laura Lacombe. -Sem duvida alguma: ao vêr aa salas de bibliothecas, repletas de moças e rapazes que lá passam dias inteiros fiquei triste de me lembrar que aqui, no Brasil, ain– da não se comprehende o verda– deiro valor do estudo; o cinema. a Avenida, têm mais attractivos. Notou a•lguem que não víamos anocifnhas ,pelas rums: estas encon– tram-se nas "high schools" e nos "colleges,", e só se divertem nos "weeck~ends". -Que achou do nível de cultu– ra do povo norte americano? -Muito superior ao que espera– va. Todos têm, pelo menos, cultu– ra secundari,a e até alguns bo– teis e grandes lojas preferem as empregadas que tem curso de "college". - Não acha que esses empre– gos rebaixaan quem item a culitura superior? - Para o americano, todo tra– balho é nobre . Em um desses edifícios, cha– mados "halls", onde se hospe– dam estudantes, vimos rapazes 1rabalha,ndo na ,cozi,nba: eram es– tudantes da rColumbia University que a1Ssim galllhavam o seu sus- 11.eruto. -A cultura do povo não será causa• da crise de criados? -Por certo, ella causou essa crise, mas a mulher americana vence a situação, pois é uma per– feita dona de casa. Vi a verda– -deira vi·da de "home" talvez mais intensa do que a conheçamos e i,sso -bem IJ)erlo de Nova Yoyk: uma mulher instruída, que cuida do seu jardi,m e 1faz os seus ,petis- 1cos, e o seu ,marido que, ao voltar do es·criiptorio, ajll'da-a ,collocando l en,ba na lareira! Não a mulher servindo seu marido e senhor, po– rém, a jus•la co()(J)eração dos dois no trabalho do lar. J á havíamos tomado grande tellll]Jo á professora L aura La-com– lbe. Quizemos, -coontudo, saber a,i'll– da ·das va1J1tagens desse movidnen– to criado em :nosso paiz pela As– sociação Brasileira de Educação.

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