Revista Do Ensino 1930 - Março v5 n 43

REVISTA DO ENSINO olhos e do espirita, o segredo de uma bôa escola e os ver– dadeiros processos de educar. Mesmo em obras antigas, como o Coração, de Ami– cis, em que tão vigorosamente se desenha uma escola italiana do seculo passad \ um professor de verdade co– lherá ensinamentos excellentes, encontrará modelos para sua attitude, melhor comprehensão de sua tarefa e, por isso mesmo, maior devotamento. Pois bem. Esse genero de literatura acha a sua ra– zão de ser na necessidade que têm os homens de sabe– rem o que fazem os outros homens, o que tentam e 0 que conseguem, - para, por sua vez, aperfeiçoarem os seus instrumentos de trabalho e não se arriscarem a ex– periencias desastradas. Não póde deixar de haver, entre nós, como os ha em toda parte, professores de verdade, que têm a intui– ção das grandes leis pedagogicas e· bastante devota– mento para merecerem o nome de mestres, - e nós de– vemos observar-lhes a obra, a attitude, os processos. Si 0 que querem os escriptores de escolas - é vulgarizar doutrinas, ori'!ntações, applicações intelligentes e fecun– das, para que nos utilizemos das experiencias alheias, porque não observarmos o que fazem os nossos mestres as suas experiencias, as suas iniciativas, os seus esforços? Por que não buscarmos, através dos grandes pedagogos, o que fizeram efazem os outros povos? Esse desprezo das experiencias alheias, essa falta de interesse pelo trabalho dos outros na obra commum que todos nós estamos realizando, essa surdez e essa ceguei– ra para as qualidade~ _e virtudes alheias - constituemgra– ve erro e pesado pre1u1zo para a actividade dos mestres. Mesmo Pestalozzi, .911: foi exemplo dos mestres, e cujo genio lança um clar~o mcomparavel na historia da educa– ção, não poude realt~ar, em toda sua plenitude, .a immcnsa obra que queria re~hzar, porque quiz contar . só comsigo, só com o seu propno engenho e com as suas proprias crea– ções, deixando de colher as lições e experiencias dos ou– tros. 1 i

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