Revista Do Ensino 1930 - Março v5 n 43

REVISTA DO ENSINO MATERIAL ETIQuETADO 23 Ha professores, aliás devotados e bons, que se magoam muito por não terem collecções ricas, quadros celebres e o material essencial dos museus. Emquanto não recebem taes e taes objectos, que têm por indispensaveis, estão convenci– dos de que não podem constituir o seu museu. Ora, isso é evidentemente-um absurdo. Um museu não se compra nem se dá: um museu faz-se . E faz-se, com o esfor– ço dos alumnos e dos professores, dia a dia, á medida das ne– cessidades. O que é ma is ainda: um museu nunca se acaba, renova-se continuamente, porque a cada momento se nos de– param ensejos de enriquecel-o e transformal-o . FUNCÇÃO DO MUSEU Desde Rousseau vem-se abrindo uma intensa campanha contra o verbalismo. O ensino de palavras. a decoração an– gustiadora, a· repetição de coisas ditas e não vistas, a abstra– cção vão cedendo, dia a dia. o lugar ás coisas. Coisas e não palavras, eis a palavra em moda no seculo !passado. Pois bem: foi para pôr as coisas ao alcance das crean– ças, para que as lições de coisas não viessem a redundar em lições de palavras, foi para se pôr diante dos olhos e das mãos das· creanças um bocado de natureza e de concreto– que se construiram os museus. Elles destinam-se, portanto, a substituir de algum modo a natureza, porque não é possí– vel estar a escola continuamente em pleno campo e, embora fosse poss1vel, nem sempre o campo tem os objectos de que precisamos para as noEsas lições. Em outras palavras: para 11vitar a abstracção e o verba– lism<', pragas das pra ['"as de no1;sas escolas, é necessario mul.. tipl1car as relações das creanças com as coisas, com o mun– do exterior, com a natureza e isrn se conseg ue, periodica– mente, através de excursões, e, permanentemente, por interme– dío do museu. O musPU apresent ,-rn-nos, assim, como o in– termediario entre o mundo exterior e o espírito das creanças, dando-lhes a ver aquellas coisas simples, vulgares e necessa– rias, coisas usuaes e communs, que as estimuJarão a observar, a comparar e a induzir . O MATERIAL Um notavel pedagogo precisou admiravelmente o qu~ de– ve conter nm museu escolar, quando affirmou que elle devia ter. mais ou menos, o que tem o bolso cheio de um garoto, de- ..

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