Revista Do Ensino 1930 - Março v5 n 43

f ALSIFICAÇÃO DE UM MUSEU ESCOLAR Que é, entre n6s, um museu escolar~ E', ordinariamen– te, um mostruario, onde estão cuidadosamente classificados, · ordenados e etiquetados objectos, especimens e coisas mais ou menos raras, no meio. Imitand0-se a organização dos museus de cidade, onde se recolhe tudo o que é ant go, ex• quesifo, raro ou excentrico - o museu escolar tambem reune raridades, collecçôes de mi~eraes ou de insectos, uma flecha de bugre, uma pelle de urso, um passaro Empalhado ... A_s creanças o visitam, de quando em quando, mas com todas as cautelas, porque o professor mal discorre acerca deste ou daquelle topico, em que pode manejar o material do museu, para logo o deixar, com receio de estragal-o. Admi– ravel e bemdicto receio! As creanças, pelo menos, livram-se de_ uma longa e dura estopada, que, de mais a mais, não tem ~biidade alguma, porque o que aprendem, na rapida lição, fica sepultado, no ataúde das coisas mortas. A ESCOLA E' VIDA A escola é vida, é actividade, é movimento. Um ca1xao funebre não tem razão de ser dentro della. E a velha con– cepção de museu-faz delle nada mais do que um caixão de coisas defunta:s, incapazes de produzir um pequeno bem. Demais, se pela sua funcção é uma coisa morta, por outro lado, pelo seu apparato e pelo seu arranjo, o museu tem sido apenas mais um ornamento da escola, um objecto de deco• ração, destinado a encantar os olhos dos visitantes. São esses os mais graves defeitos do museu, tal qual é considerado e realizado entre n6s: primeiro, é uma coisa j1°rta que occupa um precioso espaco dentro de nossas esco- as; ~egundo, é mais objecto de exhibição do que de ensino; terce_1ro, rela especialidade de algumas collecçôes, por vezes Pree1osa, como de pedras preciosas ou de insectos, torna-se cahro def!lais para a nossa modesta organização e não preen• e e os fms que deve ter em vista.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0