Revista Do Ensino 1930 - Março v5 n 43

10 REVISTA DO ENSINO impressões e opiniões, e não -se habituam.ª joga~ com pala– vras a fazer phrases, a fazer essa rhetonca vasia e balofa, tão ;m uso entre nós, e que, espremida, nada dá de si. COMO EVITAR O SUPPLICIO DAS COMPOSIÇõES Já n este mesmo numero da Revista, tivemos ensejo de alludir a esse supplicio das competições de nossas escolas; marca-se um assumplo, de todo ponto afasta do das preoccu– pações dos inter e~ses, infantis, co~sas <:!ue n~nca vir~m, situ~– ções que não estao a altura de 1magrnar, impressoes e opi– niões que nunca jámais tiver am ou recolheram _: e quer-se, a toda força, que os ahimnos escrevam paginas e paginas, co– mo se fosse possível, mesmo a um adulto, falar de coisas que não viu, não estudou e n em de l eve conhece. E' o caso de dizermos: - Podeis tirar agua de um po– te vasio? Como quereis então tirar de uma creança coisas que ella não adquiriu? Pois bem : o que se faz com o pote e se exige do pote - é que se deve fazer com os alumnos . Primeiro, põe-se agua, depois tira-se . · A differença é que com as creanças não se põe nem se impõe . Deve-se-lhes dar ensejo de experimentarem, de sen– tirem, de viver.em e, depois, contarem o que ,ex,perimentaram, o que sentiram e o que viveram. " São lapidares, nesse sentido, as palavras de uma gran– de professora franceza: "Todo exercicio de linguagem deve ·ser, portanto, antes de tudo, um exercício de pensamento e um exercicio falado; o resto seguir-se-á, não ignorado nem desprezado, mas em seu justo logar. O erro inveterado da escola tradicional por certo suffocou legiões de germens de individualidades virtuaes que um nada, em tal edade, é bastante para estiolar ou fortificar." COMO FAZER O DIARIO A professora, de começo, perguntará aos alumnos os acontecimentos mais salientes do d.ia . Conversará sobre elles. Discutirá com elles . Fará que os exponham naturalmente, com simplicidade, fazendo que repitam palavras mal pro– nunciadas, que aperfeiçoe~ tal ~ tal phrase, que empreguem este ou aquelle termo mais P:eciso e mais expressivo. Em escolas norte-americanas, esse processo é empre– gado desde o primeir? ann3 de escola, escrevendo os profes– sores, com suas proprias maos, no quadro negro _ 0 que lhes dictarem os meninos .

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