Revista Do Ensino 1930 - Maio v5 n 45

REVISTA DO ENSINO 73 de empirismo e o resto de asnei– ras maiores. Filar idéas vencedo– r as como quem fila cigarros caros - eis o meu 1emma . Foi com elle que cheguei a uma situação ,privilegiada e que con– quistei um nome realmente acata– do. Explorar a rendosa industria do ,parasitismo in,lellectual é a minha e9pecialidade. Se, em vez de me fechar num ga•binete com os meus amigos HE<lmholtz, Exner, Wundt, Werber, .Marlius, Fechner, i\Iuller, Stan– ley Hall, Bechterew e lautos ou– tros precursores e defensores da pedagogia objectiva, me mettesse entre negrinhos catarrhentos e bu– .grinbos barrigudos, sertões a den- · tro, para estudar psychologia ex,perirnental, que me acon tece– ri'a? Simplesmente isto : ninguem levaria a serio o que eu dissesse . Como, porém, eu cito theorias as– peras e autores de nomes 1mais as– peros ainda, itenho o renome dos mestres, porque, de facto, sou um deJles. Perguntei-lhe, ainda, se elle já havia fundado ou dirigido algum estabelecimeuto de ensino. Que não, foi a r esposta. E argumen– .tou: - Isso são empre~as para os ,temperamentos timidos, para as organizações que só agem no ter– reno limitado, na arca acanhada dos conhecimentos a posteriol'i. São coisas 1para os bastardos •da i;ciencia, para os que são os mem– bros e não o cerebr-o da sciencia. Eu sou o h omem ge-nio - sonho, propbetizo, invento, descubro, de– duzo. Meu campo de acção é todo aprioristico. Minha fónm.a dy– inamica são as confeTencias e os artigos com recheios exoticos . .. Mais tarde convenci-me de que o ,professor Jurubeba era, intelle– ctualmente, um amphibio . Quan– do lhe faltava a memoria ou a erudição, re~ irava p elas valvulas da imaginação. Mys tificava, ta– peava cy,nicamen,te. Agia como certo magistrado que'já houve em Bello Hori:wn te e que tinha o ve– za de defender réos, perante o ju– ry, apoiando-se em criminalistas cujos ,nomes eram suggeridos pe– las coisas que primeiro .avistava, camio os postes electricos e os bon– des, que se tornavam os illustres tratadistas Postelectrique e Ca– lhambecchi. Isso quando. não fa– zia de publicações escabrosas com-0 o Rio Nu' um!.I exhaustiva monogrnphia de Ferri. E da tri– buna. Minha convicção sobre essa pro– JJriedade do pro:fessor Jurubeba veiu quando elle me relatou umas eXiperiencias sen,sacionaes, sobre psychologi.a eiqperimental, irealiza– das na universidade de Cracovia ,pelos biologis tas Yagueffe e Trot– tspokwieff . Consistiam taes pesquizas, se– gundo affirmava elle, na deter– minação exacta da capacidade re– gistradora da cam'<lda "encepha– lo-magnetica" de Piegwinlew ( ?) e da força emissora e Teceiptora dos "cilio!S-animico-vibrateis" de Koengkow. ,Fol'mavam a ,base scientifica dum processo inedito e miraculo– so de ensinar a ler correctamente em seis horas, mesmo a gente que, como Mahomet, tenha o cerebro de cimento armado - es~ecie de meUlodo'logia do ·anjo Gabriel, com certeza. Confesso que essa theoria, para mim, é menos comprehensivel que a de Einsten. Comtudo, tomei aponrlamento da o·bra que a desenvolve. Aqui vae elle, para uso e abuso dos que gos– tam de ,fazer collecçpes de coisas esta,pafurdias : "Psycho-radio-neuro-objectiva– eduC{lcional dos drs. Yagueff e Trottspolcwieff. Leipzig - Le– euwarden & Dubner, editores." Se essa obra existe, realmente, deve ser uma coisa clara, accessi– vel, intuitiva e assimilavel, como a Summa Theologica escri.Jpta em chinez. Mas o professor Jurubeba - de– tentor de tantas theori1as estram– boticas, conhecedo•r proifundo de tudo quanlo já foi ,feito e advi– nhado em psychologia experi– mental e a quem os mais antigos

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