Revista Do Ensino 1930 - Maio v5 n 45
' REVISTA DO ENSINO 5 lhe O coi·ação e amargurando-lhe o espírito. A sua ri~ida estru– ctura moral, sustida por uma ~orte resistencia phys1ca, outor– gou-lhe a palma da victoria, expressivamente representada por aquella corôa de carvalho, que lhe offerecem as creanças do orfanato de Beuggen e que elle commovido recusa, collocan– do-a na fronte de um menino e dizendo: "Eu não mereço esta corôa; dei"'\.ae-a para a innocencia". . . Nascido aos 12 de janeiro de 1746, em Zupch, na Smssa, a terra tradicional da liberdade, Pestalozzi tornou-se orfam de pae, quando contava apenas seis annos. Ficara ~ntre~ue f~– lizmente a "melhor das mães" no dizer delle propno, e a mais fiel das creadas, Babeli, que ;romettera ao pae de Pestalozzi, na hora suprema, não abandonar a familia, emquanto ~ mes~a precisasse della. Foi assim que Pestalozz1 passou a rnfancia e a mocidade em uma casa, onde reinava perfeita ordem a par de muita economia, pois que a familia não dispunha de. suffi– cientes recursos. · Não somente o edificante exemplo familiar, mas taro– bem o ambiente social de sua cidade, que era um foco intenso de vida intellectual, contribuíram para formar o nobre cara– cter de Pestalozzi. Era o tempo em que um sopro de liberdade agitavà os espíritos. em que os livros de Rousseau irradiavam as novas idéas. "Foi nas luctas ardentes de sua juventude, diz Compayré, que Pestalozzi hauriu, manifestando-a desde logo, a fé democratica que o animou durante toda a vida, e que fez delle o infatigavel defensor dos pobre/) e dos opprimidos contra os abusos dos potentados". Alem de seus estudos e leituras, outras circumstancias concorreram para patentear-lhe as realidades sociaes, que iriam impressionar-lhe o coração deante da roiseria e do sof– frimento. Passando as ferias em casa de seus parentes, um delles medico, e o outro ministro evangelico, elles o levavam para visitar os pobres e os enfermos, e com isso se apuravam os seus sentimentos de piedade e de philanthropia. Aos vinte e tres annos de edade, Pestalozzi desposou Anna Schu_lthess, casamento de amor, a que se oppuzeram os paes da noiva. Estes o achavam tão feio tão pobre, tão pouco pratico, porém Anna, como mulher i~telligente, apreciava mais a belleza moral do que as vantagens exteriores. Em 1770 nasce-lhes o primeiro e unico filho, e no anno seguinte ~nstalla-se a familia na sua propriedade rural, a que Pestalozz1. deu o nome de Neuhof. E' nesse ponto que começa o seu cammho doloroso. Apesar dos ingentes esforços que em– prega, de grande parte do patrimonio que a esposa lhe confia,
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