Revista Do Ensino 1930 - Maio v5 n 45

REVISTA DO ENSINO 45 nhecem os seus alumnos. A segunda reunião se verifica no final do terceiro bimestre. Nessas reuniões apreciam-se a conducta, a dedicação, a pontualidade, as caracteristicas mentaes e moraes dos estuda I?,tes, segundo as impressões dos professores. Fazem– se conhecer aos paes as apreciações e o juizo que seus filhos me– r ecem aos professores, e se lhes aconselha a exclusão do alumno, quando demonstra não estar em condições de seguir os estudos secundarios. Se bem que pouco rigor oso o pi-ocesso, sua appli– cação resulta proveitosa, porquanto os alumnos, sabendo que serão qualificados, se applicam mais ao trabalho. Assim o com– provam os dados singulares: em 1923 foram chamados como 300 paes; em 1924, depois da primeira qualificação, se chama– ram 50 e 25 depois da segunda reunião, o que prova que os paes se preoccuparam mais de seus filhos. Mas a ninguem se occul– tará que os conceitos que se formulam em taes reuniões não têm, nem podem ter, o valor de um diagnostico sobre o nível mental nem sobre as funcções psychicas dos estudantes. Ha alumnos de mediana intelligencia que, graças á sua applicação e constancia, chegam a occupar os primeiros postos. Por conseguinte, ha que distinguir bem entre a •applicação para o trabalho - que merece ser estimulada e premiada_; e a intelligencia natural e as apti– dões especiaes nos estudantes. Comprehende-se que, para obter um diagnosti.co destas ultimas, se requeira a applicação de um methodo rigorosamente scientifico, de molde a ministrar uma medida o'bjectiva das mesmas. Não se trata, desde logo, 'de transformar uma criança naturalmente de faculdades acanha– das em outra intelligente, sinão de pôr a descoberto as capaci– dades especificas dos estudantes e aconselhai-os, mais t arde, na escolha de uma carreira. Só assim a escola e o collegio completarão a missão so– cial de qu~ falamos . O exame a que nos r eferimos, r ealizado anno após anno, fornecerá os dados objectivos para a prepara– ção das fichas psychologicas individuaes ou psychographias. O exame, por outra parte, não necessit a, para a sua r ealização, de um pessoal especial, nem r equer tão pouco um complicado material de laboratorio. Nos graus das escolàs primarias, deve– ria effectual-o cada professor em seu grau r espectivo, e nos col– legios nacionaes e nas escolas normaes, os professores de Psy.:. chologia e de Pedagogia. Subentende-se que para tal obra alcan– çar a effica,cia buscada, é mistér que o mestre possua uml:l, pre– par açãÓpsychologica sufficiente e est eja instruído na observa– ção e na applicação dos methodos, especialmente dos "tP-sts". o preparo psychologico do professor deve ter , conseguintemen– te ,dois fins .principaes: em primeiro lugar, ha de conhecer a vida mental da criança para tornar mais efficaz o seu ensino,

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