Revista Do Ensino 1930 - Maio v5 n 45

44 REVISTA DO ENSINO professores", não se cança de insistir sobr e est e ponto. "O mes– tre, diz elle, baseando-se em suas observações escolares, deve saber quaes, dentre os discípulos, os que são aptos pa ra acom– metter o ensino secundario, e, em segundo lugar, fundando-se egualmente nos dados da obser vação, deve achar-:se em condi– ções de aconselhar um grupo de profissões aos seus alumnos, de accor do com as aptidões destes" . Não basta, accrescen– ta, que este juízo ou este conselho se apoie na impressão geral que o discípulo tenha produzido no professor, ou no conhecimento que este tenha de sua cultura escolar e de suas disposições para as differentes materias que integram o programma da escola. Não basta tão pouco que esta actuação se resolva , com as formulas geraes : X pode pas– sar a uma escola de instrucção secundaria, ou é apto para esta ou aquella profissão . Pelo contrario, a observação deve dirigir-se a pôr de manifesto e estudar as particularidades das funcções psychicas dos alumnos, taes como a attenção, a memo– ria, a intelligencia, etc., e relacional-as de maneira que a cada uma dellas se conceda o justo valor no juízo definitivo." Com um preparo psychologicu orientado neste sentido, a missão do mestre se amplia e adquire um alcance social consideravel. A Psychologia já não 'lhe serve exclusivamente para conhecer o espírito da criança, afim de lhe tornar mais efficaz o ensino . Novo trabalho, muito mais grave, muito mais serio se lhe depa- • ra, e é o de servir de conselheiro e de orientador scient if ico na eleição da carreira dos seus discípulos . A escola completa, deste modo, a sua funcção ,social . Não só ministra ás cr ianças os conhecimentos mais graves e uteis para a vida, como tambem as colloca em condições de pôr em jogo suas provadas aptidões e luctar assim com vantagem . Mas para isso, tornamos a r epe– til-o, é necessario que o professor conheça a psychologia infan– til e os processos especiaes para o diagnostico das aptidões, cou– sa não muito simples, por certo. Basta haver assistido ás reuni– ões que celebram os pr of essor es com o fim de se formar em con- ceito sobre os alumnos, para observar como se emittem as opi– niões mais contr adictorias . Commummente, não se formulam mais que j uízos de caracter subjectivo e, no melhor dos casos, se t oma em con.ta o trabalho escolar r ealizado pelo alumno. Até agora, porém, entre nós, e pelo que sabemos, não se fez um estudo, um exame verdadeiro das capacidades r eaes dos esco– lares . Tenho á vista os dados que me forneceu o r eitor do Col– legio Nacional Sarmento, estabelecimento onde, ha dois annos, se celebram r euniões periodicas de professores para a qualifica– ção dos estudantes . A primeira reunião se r ealisa ao começar o segundo bimestr e, porque se suppõe que os professores já co-

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