Revista Do Ensino 1930 - Maio v5 n 45

42 REVISTA DO ENSINO Antes de mais nada, havemos de dizer que o professor deve conhecer a natureza physica e·psychica da creança, como um obreiro conhece o instrumento e o material com que traba– lha e o conductor a machina que maneja. Dahi a necessidade de ministrar aos futuros educadores os factos mais segur os e os conhecimentos mais exactos da vida mental da criança e do adolescente, informando-se-lhes ao mesmo tempo da Psycholo– gia do adulto. Isto quer dizer que é a Psychologia infantil a que deve ser ensinada e completada com alguns capítulos de Psy– chologia geral, se bem_que estes possam preceder áquella. IMPORTANCIA DA PSYCHOLOGIA. INFANTIL PARA O PROFESSOR Foi um erro dos pedagogos antigos considerar a criança como um homem em miniatura, um verdadeiro " homunculus", segundo a theoria dos physiologos do seculo XVII. Mas a cri– ança não é só menor que o adulto, sinão que é um ser totalmen– te distincto. Não differe do homem maduro unicamente em es– tatura e em peso, isto é, "quantitativamente", sinão que é dis– tincta tambem "qualitativamente" . A criança é, sobretudo, um ser em evolução, um ser que cresce e se desenvolve. Suas fa– culdades mentaes não estão nesse estado de equilibrio que é a característica do adulto normal, pelo contrario,· progridem con– stantemente. Trata-se, por consequencia, de um ser humano de typo especial, typo que varia com a edade. Seu proprio cres.– cimento physico não se effectua por um simples augmento em bloco, sinão que r esulta de uma successão de creações, de ver– dadeiras formações novas que se succedem e reitegram conti– mente. Hoje é um orgão qu_e se desenvolve, amanhã é outra, sem que essas evoluções parciaes sejam parallelas em todo o organis– mo do individuo. Ha orgams que se desenvolvem com roais r api– de71 ao passo que outros são mais lentos em sua evolução . Ha, além disso, certos periodos nos quaes o crescimento é maior que em outros . Estes per iodos, conhecidos com o nome de crise de crescimento, variam por sua vez segundo a raça, o clama, o sexo, mente ao educador não é o crescimento physico em si, sinão a in– as condiçõe.s sociaes e a saude. Mas o que interessa principal– menfo ao educador não é o crescimento physico em si, sinão a in– fluencia que os períodos de crescimento exercem sobre as fun– cções psychicas e, por conseguinte, sobre a energia do trabalhe mental. E assim como a ·criança differe physicamente do adul– to, delle tambem se distingue por suas funcções psychicas. De facto, a criança possue menos experiencia, menos representa-

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0