Revista Do Ensino 1930 - Maio v5 n 45

REVISTA DO ENSINO CONSEQUENCIAS BENEFICAS DO MOVIMENTO PEDOLOGICO 41 Não ha de crer-se, entretanto, que tenha sido inutil o inusitado movimento de que falámos. Com todos os exaggeros do começo, a actividade desdobrada pelos investigadores, as– sim com·o as sociedades pedologicas - sociedades para o estudo da cr eança, trouxeram grandes benefícios. E' certo que houve uma somma enorme de dados e de t r abalhos inuteis sob todo ponto de vista, mas ha que reconhecer tambem que muito de bom e proveitoso se guar dou da colheita. Ademais, o mesmo occorre no começo de todas as sciencias. Começa-se por bosque– j os. Os dados que se recolhem são incompletos, fragmentar ios, duvidosos e até contraditorios, mas os investigadores que se succedem se encar regam de comproval-os e verifical-os mais t ar de, e denuram a sciencia mediante uma critica severa e me– t hodica. E a Psychologia, uma das sciencias mais novas, não obstante sua velha historia, não poude escapar a essa lei. Ho– je, com todos os progressos que tem r ealizad_o a Psychologia de labor atorio, ainda ha dentro das fileiras dos educadores muitos detractores da Psychologia experimental, por conside– rarem-na incapaz d<'! ministrar uma base solida á Pedagogia. E' que par a esses toda a Psychologia experimental se reduz á Psy– chophysica de Fechner. Não se deve esqu~cer, porém, que a Psychologia de laboratorio não ficou estancada no sitio onde a deixou Fechner. Claro que se aos futuros professores se in– struísse unicamente nos methodos psychophysicos, de mui pou– co lhes serviria sua preparação psychologica. O mesmo have– mos de dizer relat ivamente ás experiencias e medidas pura– mente psychologicas, que em muitas partes se realizam á guisa de Psychologia experimental. Porque, desgraçadamente, mui– tos reduzem toda a Psychologia á Anatomia e Physiologia do systema nervoso e ao estudo dos reflexos, e como experi– mentador es contentam-se com registrar a curva da pulsação arterial ou da respiração . Está é quasi a unica Psychologia que se faz entre nós. Não é de extranhar, portanto, que alguns dos nossos mais eminentes pedagogos, entre outros o meu dis– tincto amigo professor Paulo A . P izzurno, se mostrem sce– pticos da utilidade que semelhante Psychologia pode trazer á redagogia. Se não é, pois, a Psychophysica e se não é tão pou– co a Physiologia - mais ou menos adulterada - o que ha de dar-se aos futuros professores como base psychologica para a sua profissão, qual é, então, a Psychologia de que necessita o fu– turo educacionista?

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