Revista Do Ensino 1930 - Maio v5 n 45
40 REVI S TA D O ENSINO geraes so!n-e a vida. mental das crianças e dos adolescentes e formular, á base dellas, as regras pedagogicas a seguir no en– sino. Mas esta chuva constante de formula rias, e o pedido par a enchel-os, lançaram o desconcer to entre os mestres, muitos dos quaes se sentiam sem aptidões para r ealizar as investiga ções que se lhes solicitavam. Em' principio, o p r ocesso não era mau, mas as indagações, entregues a mãos pouco experien tes, e sem a inspecção necessaria para a verificação da e:xactidão dos da– dos recolhidos, prest avam-se ás ma is per egrinas e caprichosas interpretações. Isso foi a causa de que o methodo cahisse logo em descredito . Par a que se veja quanto se exaggereu a sua applicação, citaremos uma destas indagações, que o pr o– prio Stanley Hall emprehendeu em 1896. Trata-se da famosa e criticada indagação sobre as bonecas. Queria se buscar quaes er am, em relação ao seu material, as bonecas que preferiarp as crianças. Terminada a estatíst ica, informou-se gr avemente que dos 845 meninos interrogados, 191 pr eferiam as bonecas de cêra, 163, as de papel, 153, as de porcelana, 144, as de tr~po, 11, as de papel "maché" e 6 somente, as de madeira . A que pode conch1zir uma estatística desta natureza , encarad., do ponto de vista pratico da Pedagogia ? A nada , seguramente, salvo si se quizesse utilizar o_s resultados para aconselhar aos f abricant es de briquedos a prepararem as bonecas de cêr a em maior pro– po;ção que as demais. Duvidamos, porém, que possam servir ate para t al fim esses dados estatísticos, pois que se ignoram os factores que int ervieram na det erminação e eleição effectu– ada pelas crianças. A Psychologia e a Pedagogia não ~ahiam, pois, ganhando nada depois de tanto t r abalho, visto como nenhuma conclusão se t irava referente ao mecanismo da men– t alidade infantil. Contra t aes exaggeros levantar am-se vozes de p r otes– to, primeir o a de Münsterberg, em 1898, e logo a de J ames, mas não par a combater a Psychologia pedagogica, como se acreditou então e muitos creem ainda. O propr io Münst er b'erg escreveu, dez annos mais t arde, uma Psychologia destina da aos mest res em a qual define sua posição. Si antes havia combati– do a precipitada applicação da Psychologia ao ensino, er.a por– que então os psychologos não estavam ainda aptos par a offo– r ecerem o materia l ajust ado ás necessidades do professor . A essa circumstancia se devia seu pedido de estudos psychologiv cos especiaes e de experiencias ao serviço da educação. E, como esse pedido fôra satisfeito, acredit ava chegado o momento de estabelecer um eontact o mais intimo entre o laborat orio e a escola .
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