Revista Do Ensino 1930 - Maio v5 n 45
• PESTALOZZI Certa vez, examinando eu diversos tecidos, disse a mim mesmo que com elles se podia comparar a nossa vida. Cada um delles, tela primorosa ou grosseira estamenha, nos vae acom– panhando por meio de recordações aprazíveis ou despreziveis. Si nos f ôra dado, desde a infancia, tramar o estofo da vida com os fios mais preciosos, certamente o nosso viver intimo trans– formaria o mundo em um paraiso. Sentir-nos-íamos ufanos de nosso passado, que então nos teria revestido a alma com os mais bellos lavores. Nem sempre somos nós mesmos que tecemos a nossa vi– da. Outros veem entrelaçai-a com finos lavrados ou com as])e– ras fibras. Sem duvida que devemos ser os artífices de nossa propria existencia, mas quão difficil é isso quando ficamos á mercê de mãos inhabeis ou malfazejas ! A escola é em parte tecelan de nossa vida. Cumpre-lhe dispor de fios escolhidos e du::-adouros. A escola primaria, logo depois da familia, tem grande responsabilidade na contextura da vida das creanças. A ella impende ornar de firias guarnições a teia infantil. Professores e pr ofessoras t erão de viver na me– moria dos alumnos padronados pelos seus ensinamentos, que se transformarão em lembranças queridas, desmaiadas ou mal– quistas, conforme as houverem preparado. O professorado primario do Estado de Minas t erá de padronizar as nossas escolas, de modo que cada uma dellas es– t ampe na vida das creanças a mesma padronagem de senti– mentos nobres e beneficos. A escola activa é o padrão unico, pelo qual dever-se-á effectivar a estandardização escolar . ' Indicarei aos professores e pr ofessoras um modelo para os seus lavores futuros. E ' a vida de Pestalozzi, da qual apre– sentarei alguns traços, colhidos em suas biogr aphias. A SUA VIDA A vida de Pestalozzi é a historia -do genio illuminado pelo ideal da educação que elle procurou attingir, sem atten– der ás asperezas do caminho, tolhendo-lhe os passos, ferindo- 1 ~ 1
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