Revista Do Ensino 1930 - Maio v5 n 45
1. 1 t ANSEIO DE FALAR (Aproposito de um concurso da "Revista") . A creança t em, desde cedo, natural impulso para a ex– pansão de suas idéas e pensamentos. Falta-lhe, a principio, o material necessario, o cabedal de expressão . A necessidade, porém, de externar e transmittir a outrem as imagens que se formam em seus cerebrosinhos manifesta-se t ão imperiosa que a creança faz um esforço inaudito para supprir a deficiencia de que se r esente . Realiza prodígios de invenção creando ges– tos e palavr as novas, por meio das quaes procura expandir– se e communicar-se com o meio ext erior. Tem então verdadeira ansia ,de ser comprehendida e chega a descobrir a necessidade da repetição, de cujo argumento usa largamente. Impacienta-se contra a nossa demora em attender aos seus desejos, percebe a n ossa tardia comprehensão aos seus modos de exprimir . Varia então a- maneira de apresentar idéas, r ealisando um maravilho– so trabalho de ajustamento e de aperfeiçoamen_to . Valendo-se mais t arde da linguagem graphica, t ambem por meio desta t em a creança expressões car acteríst icas e int e– ressantes . Que mundo de ensinamentos encerram esses primei– ros ensaios de desenho e que chamamos rabiscos ! Ahi a crean– ça expande largamente às suas idéas, r evela os seus instinctos, caracteriza as suas t endencias, expõe as suas necessidades . Pudessemos e quizessemos os mestres ler e interpretar essa linguagem ! O natural impulso da cr eança para falar é, commummen– te ainda, levado a conta de prejuízos e as suas expansões são desde logo tolhidas, ao envez de cultivadas como mer ecem. A linguagem.da creança traduz a expressão clara e exa– cta das suas idéas e apparece inteiramente despida de precon– ceitos e sem roupagem de hypocr isia . Dahi talvez o primeiro cuidado em resguardar a cr eança do prejuizo de faiar .
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