Revista Do Ensino 1930 - Abril v5 nº 44

96 REVISTA DO ENSINO apenas para um reduzido numero 1 de .professoras, e as outras, que o quizessem acompanhar, o acom– panhariam sem dispensa do tra– balho quotidiano. Tenho presente aos olhos e ao coração o admiravel espectaculo humano que representastes, em nosso primeiro dia de traba!h?. Acudistes em tamanha mult1dao que não somente enchest~s a· sa– Ja designada, mas em pe, entre as carteiras, occupando todos os espaços inlermediarios, agrupa– das fora da sala e na frente das janellas e das portas, acoto– velando-vos nos corredores, na altitude de quem quer escutar, - symbolizaveis, assim, em toda a sua preclara magnitude, a ansia dos mestres mineiros pelo seu aperfeiçoamento e pela sua cul– tura. Disse-vos então que o grande presidente Antonio Carlos !! o Rosso illustre chefe sr. Francisco Campos, illumi~ados cons~ructo– res de nacionalidades, haviam de sentir-se sobejamente pagos dos dissabores que a vida publica ordinariamente offerece a quan– tos a ella se consagram com a as– piração do bem collectivo, pagos, repito, de todos os seus esforço_s e sacrifícios, vendo esta magm– fica assembléa de professores atrui reunida por todo um mez e espontaneamente, para a realiza– ção da grandiosa reforma de en– sino por elles sonhada, tr:açada em lei e só agora em plena ex– ecução. Não póde haver por certo maior recompensa. porque, tra– balhadores do futuro e para o fu– turo, vós antecipaes o juízo da posteridade ácerca daguelles que tiveram a visão exacta do nosso maior probl~ma e coragem ~a~– tante, para defrontai-o, sem timi– dez nem vacillação. Eu recebi, por isso, no nosso primeiro dia de trabalho, a mais viva e eloquente das lições, de– ante de vossa altitude, que era uma exprl'.ssão de coragem e era um acto de fé. O attrito di.ario com os homens, no inevitavel en– trechoque dos interesses e das po– sições, dá-nos uma falsa notão dos seres e das coisas. Só de lon- Jge, no tempo ou no espaço, é que conseguimos julgar, com acerto, os acontecimentos em que toma– .mos parte e os homens ao lado de quem ou contra quem comba– temos. Por onde se vê que o nosso ,ambiente de lucla é por vezes o que menos conhecemos e o que nos ministra maiores surpresas, porque só os sabios é que podem discernir o trigo do joio, quando esse trigo e esse joio são quotidi– anos e ordinarios. Dir-vos-ei, portanto, que a so– licitude com que acudistes ao ap– pello do nosso sabio governo, su- 6citou em mim uma das mais bel– las emoções da vida, porque vies– tes provar, deante de meus olhos que não viam. que deslumbrante sub-sólo de idealismo, de senti– mento e de espiritualidade a na– ção brasileira tem no f~rmidavel professorado de Minas Geraes. Trabalhámos assim, Jã desde o segundo dia, transferidos para es– ta sala da Gamara dos Deputados, ,durante um mez inteiro de sete ·horas e mela ás dez: da manhã. Mais de uma centena de professo– ras não perdeu uma _só àula, não se forrando a esforços nem a sa– érificios. Entretanto, que sacri– fício para aquellas de vós que, obrigadas s um trabalho extraor– dinario e em hora . tão matinal, ainda tínheis de voltar para a vossa classe, continuando a vossa tarefa de todo di.a 1 Pois bem. Ao terminar o nosso curso de aperreiçoamento. não me parece bem deixar-vos partir, sem que vos diga algumas pala– vras amigas. Não vos direi pala– vras de agradecimento, porque o agradecimento deve ser de nossa infancia e de nossa Mmas. Uma não tem ainda coração para vos ,comprehender nem linguage~ a>ara vos falnr. Outra, a n~ssa M1- J1as, vós a tendes verdadeiramen– -te tangível e real d_entro <le vossos corações, ,para -assim a elevardes.

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