Revista Do Ensino 1930 - Abril v5 nº 44

90 REVISTA DO ENSINO Na escola ainda surge o meni– 'DO como u,m extrangeirinho, que ,muitas vezes já recebeu .da vjda lições rudes, crueis desenganos e golpes IJ)rofundos. Outras vezes é elle ,o mimoso da fortuna, que por isso mesmo vem cheio de inexcpe– riencias, sem conhecer sinão os afagos da familia. Mas de uma ou outra ifórma, seus olhinhos denun– ciam a sur,presa do novo viver que é a escola. ' Que vae fazer o professor, per– gu'llto novamente. Vae proseguir o trabalho da familia, vae fazer o milagre da instrucção, em uma palavra, vae preparar o menino •para a vida social. De que modo? !Por meio da socialização: "trans– tformando a escola de classe sem sociabilidade numa sociedade em miniatura", conforme diz O regu– l amento do ensino primario em cuja parle, relativa ás instituições escolares, traça um plano magni– fico. Organizando e fazendo funccio– nar dentro da escola o club de leitura e outras associações, que se coadunem com os seus interes– ses, os alumnos "estarãó exercen– do os sentimentos da sociabilida– de, responsabilidade e coopera– ção". Elles ificarão conhecendo– se melhor, estreitarão entre si os laços dJ cordialidade, compre– hen_de:ao o ':alor do espirita as– sociativo, ,lerao _de _eleger os dire– ctores da _agremiaçao, disporão de O'))portunidades excellentes para d_esen,voover .ª ;X'Pressão, a inicia– tiva, o d0'1llm10 de si nn,esmo e outros muitos predicados. Mas, eu vou abrir um parenthe– s~ ,para o ,predio escolar. E' pre– ciso ~ue este se adapte melhor aos fins da socialização ; -importa tomal·o em parte tão accessi,vel co_mo _é a casa commercial, a con– fe~tana ou _o café. Porque a bi– bhotheca nao ha de ler em · t u - , sua ms a ~çao,. a accessibilidade de uma hv~a~1a? Porque não se faz a expos1çao escolar em vitrinas que dêem p ara a rua, onde .todos possam apreciai-a sem. nenhum acanhamento? Porque ·não ha, pelo menos, uma sala indepen– dente e ao rez da rua, franqueada ás associações escolares nos do– mingos e feriados, quando a esco– la não .funccion a? Convenhamos em que o predio escolar a inda não se acha bastante socializa– do ... 3 . 0 A inslrucção cívica Sem a socialização dos alumnos não se ,póde minis trar de modo. efficiente a instrucção dvica, a qual, para ter cunho educali'";O, precisa por sua vez de ser socia– lizada, isto é, integrada na socie– dade. Entretanto, não é só fazer o alumno participar da vida social, dentro e fóra da escola, sinã-0 lamb em observai-a, ficando por vezes á margem della. A multi– dão ou a r eunião não deve passar despercebida aos olhos dos alu– mnos; querem elles ver o enter- 1'0, o batalhão, a procissão ou a -fesita que ,passar deante da escola, deixae-os satisfazer os seus dese– jos. Recommendae-lhes que pro– curem observar a assistencia de uma egreja, a sessão de um jury, o acl-0 de uma eleição, até mes– mo os brinquedos dos collegas na arca de r ecreio. Depois, que elles contem e~pontaneamente as im– pressões ~ecebidas. Quanto eu gostava •de ver, na– quelles tempos da meninice, as trexpas e as boiadas que atraves– savam as ruas da minha terra l Não seria dahi que me veio. a idéa de incluir no "Vocabular10 Analogico" um capitulo sobre as cores e os sig•naes dos ,cavallos e dos bois? Com que curiosida_de eu recparava nos tropeiros e boia– deiros talvez desejando ser um dclles 'na sua vida afanosa e aven– tureira"?

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