Revista Do Ensino 1930 - Abril v5 nº 44

REVISTA DO ENSINO 9S modo que tirem ,de· seu ambiente .o melhor proveito ,possivel . Tão diversos entre s: são os ,alumnos que o professor não po– derá encaminhal:os cgualmcntr... .Como contentar a todos elles. si mem ha tempo pai,a Bso~ Ol>ri– gal-os a atrnvessar a j)Cnle seria levar-lhes o cor.po . des nortc:indo– lhes o espirita. elles que a atra– vessem, p ois, á sua vontade, não ha o_utro rr.medio . No tra-jecto longo da ponte, .nada menos que o curso primar-ia, o menino é um excursionista, que i<ruer instruir-se para melhor co– nhecer o outro lado, a sociedade onde vae viver . O professor des– empenha o 1papel ele cicerone, ~onforme lhe chama a doutora lt1ontessori . , Excursionista que elle é, como .tal deve ser tratado o escolar . O cicerone não se impõe ao excur– .sionist,a : serve-lhe de guia, mos– ,t-ra-lhe o que deseja ver, dá-lhe .as informações pedidas. apresen– ta-lhe o qt~e póde interessai-o. E o boon cicerone acaiba ;por co- 1nhecer o turista. Chega a i1tdivinbar-lhe os pensamentos, os desejos, as indecisões. Pene– tra-lhe ás vezes na alma, e alli vae surpreh·ender o que jaz recondito. Em Nido o caso, ,deixa o turista ex,pa,ndir-se á von– rtade, e desde logo conc ilia a sua confiança. , A ponte ideal, que deve ser a escola, é sobranceira ao rio -da vi– da . As enchentes deste não po– dem attingil-a e n em abalar os seus fundamentos . Tanto vale dizer que a escola h a de sobrepai– rar ás tempestades •da vida, sejam eJlas de que natureza forem, poli– ticas, sociaes ou religiosas. .A companheira ·predilecta do excursionista é a liberdade de agir. ·Si lhe tirarem esta, elle se transformará em •prisioneiro. Era eu bem pequeno, quando no colle– gio um de .meus intensos dese– jos estava em passear na grande e bffil'.l, tratada horta alli existente, o que •nunca me foi permiftiido Disso ainda me recordo com cer: to pezar ... Ainda bem que a li'berdade tem hoje, na escala, o seu Jogar de honra ! Mas, não basta acolhei-a prazenteiramente . Ci. tan.do ,pala– 'Vras de outrem, já tive oocasião ~ e dizer que •ha duas especies de hbel"dacle: a falsa, quando o ho– mem é livre de fazer o que lhe a~rada; a verdadeira, quando elle é livre de ifazer -0 que deve. Liber– dade de cumprir o dever isso sim; liberdade de transgr;dir o dever, isso n•unca, que nem Hber– dade se <chama, sinão que tem no– me de licenciosidade. O 'Cicerone nem precisa de dizer, não -pod: jámais consentir que o turista se aµproxime do Vesuvio . .. 2. • A socialização dos alumnos FamiJia, escola e sociedade não ,p assai"?• de ser uma gradação. Tudo isso resume-se em socieda– de, maior ou menor. A vida em oommum começa para o menino desde o berço, com o primeiro sorriso da mamãe. Elle é o ex– trangeirinho que apparece, tra– zendo o <passaporte do amor. E• •talvez um principe ou uma prin– cez.a que vem nobilitar a familia, honrand-0-a rrnals ta!'de com o seu trabalho, com o seu talento ou com as suas virtudes ,peregrinas. A respeito della interroga Rous– sau: "Haverá no mundo um ser ,mais fraco, mais miserando, mais it mercê de tudo o que o cerca. que tenha tão grande precisão de 1piedade como uma creança? Não ,parece que eJla apresenta uma fi– gura tão encantadora e um ar tão affectuoso, sinão ipara o fim de que todos os que se lhe approxi– mam venham a irnteressar-se ipela. sua .fraqueza e apressar-se a soc– correl-a ?" ---

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