Revista Do Ensino 1930 - Abril v5 nº 44

84 REVISTA DO ENSINO A. A instrucção é a riqueza dos ,pobres. · P. E' uma verdade. Conh,eç9 alumnos que .aproveitaram bem a escola, indo até o ultimo anno. Não puderam frequentar collegio, por serem pobre~ mas levaram ,da escolll bôa instrucção e com facilidade aprenderam um offi– cio, de que estão vivendo. Ter um officio é uma garantia para o ~obre. Alguns de seus paes são officiaes, não é certo? A. Meu pae é pedreiro. - O meu é carpinteiro. - O meu é al– faiate. P. Ter instrucção, isto é, saber as coisas que a escola ens ina fa– cilita aprender um offici~, e tambem prepara o menino para u~ empr~go. Certa vez, um me– illl'no 'J)edm uma col!locação, e o gerente da fabrica exigiu delle que apresentasse o diploma da escola. O pequeno não tinha o di'J)loma e_ ficou sem o emprego. Vale ou .nao vale o diploma? A. Vale muito, sim senhora P. O di,ploma é uma carta · de apresentação do alumno, que mostra ser elle um meni,no ins– truído, 1:om um bom começo de vida. Ainda que pareça difficil, i0 .e_lumno lucra muito em ir até o f~m do curs? primaria. Vocês estao no terceiro anno e falta pouco J?ara ~cabar O estudo e consegmr ? diploma_ Todos que- r~m ser diplomados não é _ sim? • as A. E' assim mesmo como a se– nhora está falando P. Vocês conhec~m O Raphael Rezende, empregado no B Moderno? azar A. Conhecemos. _ Quem é elle? p: 9 Raphael é um menino de fam1ha pobre, muito intell. t e activo . 1gen e G E que se di,""lomou pelo q~~P~stá sc~lar . Ha tres annos multo e O pit~~~gf f ~ 11 trabalha 4ou o ordenado Est · e augmen– reira foita, 'Pód· a ~om a cm-– bem vestido ee-s~ dizer. Anda dinheiro pa~a auªi 1 ~a lhe sobra Esse menino temxi iar a familia. que é a instrucçã uma riqueza. 0 r ecebida no li..... Grupo e por elle augmentada com a leitura n as horas vagas. Tal ri– queza está sendo offerecida a. !VOcês aqui na escola .Não concor– dam? · A. Concordamos com a sra. e havemos de saber como o Ra– phael. P . Copiem agora nos cader– cnos a phrase da bandeiri– nha, em letra bem bonita. 7.ª aula 1. Programma de inslrucçáo cívica. O programma official desta disciplims está elaborado de mo– rdo a preencher o s ,m objectivo. que consiste em transformar o · alumno num c idadão, apesar de sua tenra idade. Elle vae desde a organização da cidade a té a or– ganização da Republica. Entretanto, porque se trata de . uma materia nova para a profes– sora, que em geral não a conhe– ce bem, convirá apresentar algu– mas considerações tendentes a aclarar ainda mais o assumpto. r ealmente um dos mais educati– vos da escola. Não obstante sua altitude, tra– dicionalmente extranha â instru– cção civic:i, precisa a professora de interessar-se p ela vida polití– ca da nossa nac:on alidade. A.in– da quando o seu espírito culto ahi descortina anomalias, que afastam do governo a sua coope– ração, isso deverá levai-a n estu– dar melhor o assumpto, afim de formar opinião sobre elle. .A política na sua accepção ver– dadeira, que é a arte de governar o paiz, não occupa terreno veda– do á observação e ao estudo da p1·of<issora . Nações dentrr. as. mais civilizadas do mundo, bem sabe ella, já r econhecem os direi– tos politicos da mulher, e nem ,µor isso d<'ixam de ser a dmira– VPl'Tlentc d;r:1:dda~. O preconceito de sexo, super– ipon do-se á ca:pacidarle pes~oal. eo:nstHue o maior dos absurdos . Homem ou mulher, pouco impor– ta, a questão é do mais c.,1mpe-- i

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0