Revista Do Ensino 1930 - Abril v5 nº 44
i 1 l 1 l r REVISTA DO ENSINO 83 iSi ~ão fosse o trabalho, todos mor r eriam de fome. Qu~rem um con– selho? A. Qu,eremos. P. Fiquem muito amigos do trabalho que t~em aqui na escola. Aprendam a ler bem. a escrever, a f~zer contas, a estudar · tudo mais. Para vocês, o caminho certo está dentro da escola e fó– ra del}a o caminho errad~ . •Voces conhecem a canção dos dedos? A. Não, senhora. P. E' a seguinte, que eu vou di- zer, mostrando os dêdos: Diz o pollegar: Quero pão l E seu visinho: Que .fazer? Pae de todos: Vamos ver ... O quarto diz: Mendiguemos. Grita o Minguinho: Isso não! Trabalhemos, comeremos. • '6:-- "Remenda o panno, durar-te– ª ouil'o anno". . P. Dentro deste envelloppe es– ta um c:1rtão. que depois lhes mos.trarei. Agora, vou mostrar a voces duas calças de menino. Uma está rasgada, vejam bem, e a outra tem este remendo. A ,primeira, si for usada, em pouco tempo não servi rá mais; a segun– da poderá durar a inda muito tem– po, talvez um anno. Qual das duas vale mais, Isaura? A. A calça concertada vale mais. P. Tem toda razão. Remendan– do a roupa, nós a conservamos, e fazemos economia. Peguem nas calças e reparem como é bom o panno. Porque se ha de perder uma dellas, não a concerta ndo? A gen– te deve desperdiçar as cousas, Jorge '/ A. Não, senhora. Devemos conservai-as . P. Realmente. O pa,pae traba– lha para ganhar dinheiro; a ma- 1mãe faz a calça. E' n ecessario conservar esta o mais tempo pas– sivei :-.. es tá suja, manda-se Iaval-a; falta-lhe bolão, prega-se outro: ,rasgou-se, faz-se remendo. Isso se chama economia: sem ella o rico fica J?Oh~e, e o pobre vae pa– rar na m1sena. Não sei si estão me entendendo. A. Estamos, sim, senhora A mamãe lambem fala assim. · P. Mas, é só a calça, que de.ve – mos conservar? A. Nós devemos conservar to– da a roupa, para não andarmos rasgados . P. Isso mesmo. A roupa bem conservada não é só signal de economia, é signal de educação. O desmazelo é companheiro da preguiça, e ningllic'm gosta delle. Nenhum menino seja desmazela– do: conserve bem a sua roupa. ,E' tão bonito andar lilUl])o, ainda que seja com a roupinha concer– tada l Mais tarde, as meninas e a té os meninos ~vem aprender a concertar a roupa, pregando bo– ,tões e fiazen,do uns remendos bem feitinhos. Fiquem todos, pelo me– nos, meio costureiras, meio al– faiates. Acham direito o que eu estou fallando? A. Achamos muito direito. P. Eu vou remendar em casa ,esta calcinha rasgada, para ella não ficar triste deante de sua companheira. A. E o euveloppe, a senhora não mostrou. P. Vou abril-o. Aqui está o cartão para um de vocês lêr. Po– de lei-o, Augusta. A. Remenda o panno. durar-te– á outro anno. P. E agora, que vamos fazer d0 cartão? · A. Vamos copial-o. P. Pensaram bem. Abram os cadernos e passem a copial-o. E' ,um bom conselho, de que nunca se escruecerão. 7. A inslr'ucçáo é a riqueza dos pobr es. P. Faz alguns annos, inaugura– ram uma casa construida para escola, e Já puzeram muitas ban– ilei ri nhas de côr, entre as quaes, uma como esta que eu trouxe . Leia, Horacio, o que está escri– pto na bandeirinha .
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