Revista Do Ensino 1930 - Abril v5 nº 44
.82 REVISTA DO ENSINO P. Os que não teem peçam em reasa uma caneca ou copo. E' ,coisa barata e tão necessaria co– mo o lapis e o livro. Todos os dias hão tle trazer o lenço e a ca– nequinha. Eu exijo isso, porque é para o b em de vocês. Querem saber de uma coisa? A. Queremos. P. Não bebam agua com a boc– ,ca na torneira. E' muito perigoso. A gente não sabe o que póde sa– hir dalli. A saude vale muito e não se deve facilitar com ella. Vocês conhecem alguns versi– nhos a respeito do lenço e da ca– neca? A. Não conhecemos nenhum. P. Vou dizer-lh es estes: - Menina de saia branca Que fazes no teu quintal? - Estou lavando meu lencinho Para o dia de Natal. A. E a r espeito -da caneca? P. Não sei nenhum. Vocês mes– mos íaçam uns versinhos :para a caneca. A. Eu posso dizer uns . P. Perfeitamente. Nós t~dos ou- viremos com attenção. Á. Canequtnha que ganhei, Vo~ levar-te para a escola; Hei de guardar-te tão bem Como guardo a minha bolà. P_- Muito bem, Helenita. Você me1 ece parabens. E não se es– queça nem do lenço nem da ca- neca. ' 5 · "A feli~idade da vida está ino trabalho lwremenle acceilo co– mo um dever." 2.• anno. · •P· Como se chama isto Anto- nw? • A. Chama-se parede. P. Quem fez a parede? A. Não sabemos. P. Pois foi . como O carpintº, .Pedre1ro, assim · t:iro fez o soalho, a porta e as janellas, o escriptor fez o livro e vocês fazem a leitu– ra deste. Posso dizer deste mo– do: quem fez ludo aqui na sala de aula foi o trabalho. Dizendo assim, vocês entendem e está cer– to? Foi mesmo o trabalho? A. Foi elle mesmo que fez tudo. P. O trabalho é muito impor– tanl~. Elle fez a casa da escola e fez as casas de vocés. Tudo que está lá dentro foi feito por elle. Quem trabalha merece o nosso respeito, não ê assim? A. E' assim mesmo. P. Reparem aqui. Eu estou trabalhando, quando lhes ensino ,e vocês trabalham, quando estu: dam. Lá cm suas casas ba traba– lho, e na cida de tambr.m. Na ra– ça existe trabalho, quando fazem plantações e colhem os generos, _quando tratam do gado e de suas crias. Em toda parte encontra-se ,trabalho. Devemos todos traba– ,lhar, Manoel? A. Sim, senhor,a, para ganhar dinheiro. P . E' isso mesmo, fazer o traba– J.ho bem feilinho para ganhar bem o dinheiro. E ainda ba gente que ,não trabalha, como os vadios. Elles passam mal, ficam abor– recidos por não fazerem nada, ,não ganham dinheiro e não são estimados. Vocês querem ser tra– balhadores ou vadios? A. Trabalhadores, sim, senho– ra. · P. O trabalho de vocês é estuda– rem bem na escola e servirem ern casa tanto quanto puderem. Me– -nino vadio, que falha muito da ,escola, é uma vergonha, é uma tristeza para seus paes. Nenhum de vocês será vadio, não é assim? A. E' assim mesmo. P. Quem trabalha, seja a cosi– nheira, seja a dona de casa, se– ja o medico, seja outro qualquer vive feliz e não faz mal a nin– guem. E' muito bom saber tra– balhar, fazer bem alguma cousa.
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