Revista Do Ensino 1930 - Abril v5 nº 44

78 · REVISTA DO ENSINO plicidade, para que asim pos_sa~s cumpir a vossa m,issão. Nessa 1dea central é que deve repousar a edu• cação moral de vossos alumnos, tanto vale dizer, na confiança, na esperança e na bondade. "O espirita de simplicidade, conclue Charles Wagner, é um grande feiticeiro. Corrige as as– perezas, levanta pontes sobre ~s barrancos e os abysmos, approxi– ma as mãos e os corações. As for– mas, de ,que se reveste ,no ,mundo, são em numero infinito". 4 . - Auxiliares da instrucçãQ moral Que quantidade consideravel de obras referentes á instrucção mo– ral! Torna-se difficil escolher en– tre ellas, muitas das quaes sã? P:i• morosas. Mas, eu devo restrmg1r– me, a bem de vossa cultura. De outra sorte, vós vos perderies num, emmaranhado de obras, que não vos permittiriam um estudo attento. Poucos livros bons e bem comprehendidos valem mais do que muitas obras folheadas ás pressas. Wagner tem outro trabalho ad– mii:avel sobre a instrucção moq1l. Intitula-se "Pour Ies Petits et les Grands'\ obra de '4-00 p aginas, 9ue abrange os assumptos mais 1mporlantes da materia, apresen– tando aspectos variados e attra– hentes. Os primeiros capitulas trazem estas epigraphes: Objecti– vo do ensino moral - Eu. - Us ?Ulros - A familia - Irmãos e zrmãs. Que bellos pensamentos ahi se encontram! Vêde estes, tomados ª? acaso: "A moral con siste prin– cipalmcnt-e em fazer que os ho– mens reflictam sobre as consc– qucncias de sens actos" - "Um homem vale o que vale seu traba– lhho., e .:~eu trabalho vale o que elle · a! 1 'Poe do melhor de -s,i mesmo". e~utro livro, que xos inrl.iro, ~a lence a Dewey, o insigne edu– l d~r nort~ americano, uma das g 0 nas mais altas da p edagogia actual . Denomina-se "L'école et l'enfant", traducção franceza. Assim se exprime elle: "O que 05 educadores precisam de ter an– tes de tudo ér uma f é authen tica .ia· existencia de principios mo– ,raes susceptiveis de npplicações effectivas. Importa que esses principias seja,m forirnulados em relações com a vida social e psy– cbologica. Cumpre que nós não os consideremos como cousas ar– bitrarias e ,puramente transcen– den•taes, como si o termo moral designasse uma parte ou uma re– gião especial da vida humana. E é absolutamente necessario re– conhecer que taes principios são r~aes e I'eaes no rmesimo sentido da,s Ôurtras .forças, que elles são inhcrentes á vida social e ao me– ,ca,nis,mo ipsy,chico individual. Aquelle que trahaliha inspirado por esta ,cer,teza ,pode dar cons– .ta,nitemen,te lllma siginificação mo– r al ·a todos os ramos de estudos, a todos os methodos d e ensi·no, a todos os in-ciden1es da vida esco. lar." Ainda vos aconselho mais um livro muito vosso conhecido, "Coração"·, de Amicis, - livro essencial nas escolas primarias para o objectivo da educação es– piritual e moral das creanças, - segundo o conceito do dr. .Mario Casasanta. No exemplar que tenho, de 1927, 37.• edição brasileira, vejo ser até então de 854 o numero das edições do "Coração", cm ita– liano . E' o livro escolar por ex– cellencia a 0 1 bra prima da lite– ratura di'daicHca, a propria alma da infancia, o ,gcnio italiano con– substanciando a humanidade. 5. A cultum mol'al Disse~me uma ,pessoa: "Essas questões de moral eµ as colloc_o n as mãos de 1mieu director espi– ritual". Será talvez muito com– modo repousar assim em alguem, abdicando de sua personalidade. E' o regímen da irrespunsabilida– de, que transforma o homem em um títere.

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