Revista Do Ensino 1930 - Abril v5 nº 44

" REVIS-TA DO ENSINO 77 Nem se diga que ·estou exorbi– ' lando. Cada uma de vós bem sa- 1Jc- que o trabalho da professora tan to tem de distincto como d e modesto. Na s ua escola acham-se ,os meninos do povo, quasi todos pobres, que convivem com a sin– geleza, com a parcimonia, com .. n aturalidade. Para que ferir-Ih,;;<; os olhos com esses artific ias in– uteis; que mo r almen te deslocam a JJro fes ~ora de sen meio escolar? A professora precisa de ter uma concepção da vida, que lhe dê a capacidade de con trolar se,.1s ac tos, pondo-a de accordo com a dignidade de su a nobilissima pro– fi ssão, que tem sua origem no p en– samento e no sentimento exterio– r izados com toda a n a turalidade. 3. - A concepção da viela Em um dos grandes theatros de Washington, o pres idente Roose– v elt, nome bastante conhecido, fez a seguinte apr esentação: "E' esta a primeira e será tamb em a unica vez, que durante a minha presiden ci a apresento um orador a um au ditoria. E s into-me feli– cissimo de o fazer nesta occasião, porque si h a um livro que eu al– mejo seja lido como um tra ta do, e rum tra tado interessante, por to– do o nosso rpovo, é a Vida Sim– ples, escripla por Charles Wa– gner". Ahi está o livro que vos convem, JJrezadas professoras, para formar a concepção da vida. l\Iais uma v,ez eu o reli agora, e certifiquei• me de que elle merece ser o livro de ouro de vossa estante, o brevia– rio da vossa meditação, a bussola de vosso caminho. Cumpre, porém lel-o com serenidade e atlenção: no original fra ncez, si fôr possi– ,vel, e depois relei-o e ,con sideral-o . como amigo, a quem r ecorr er de v ez em quand-0. A idéa d a simplicidad e agita o livro inteiro. Centraliza-se n ella a concepção da vida. Basta ler o •l ndice para conh ecer a .estrnclura ~a obra, tão pequena e singela no seu formnto, quão grande e pro– funda na sua essencia. Levemente, qual uma nv~ corta n~o o azul se– reno e limp1do, deshsa naquellas r>aginas a idéa da. simplicidade architectando o mais bello plano d e vida. De que consta a simplicidade'? Responde-nos ·w agner: " ~ua ~ri.– cem é toda interior. A s zmplzcL– dade é um estado de espírito. Re– side n a intenção central que n os anima. Um homem é simples quando a sua mais alia preocupa– çiio consiste em querer ser o que deve ser~ isto é, simplesmente um homem." "A verdadeira vida, nondera '\\'a"ner está em r ealizar, dentro da º nos~a act~vi da de qu_9tidi ~na , os b ens superiores que sao a JUS– tiça, o amor, a verdade, a liberda– de, a energia moral, qualquer que seja o logar d elles .e a ~ua fo~ma exterior. E essa vida e poss1vel n as mais diver sas condições S<;J– ciaes e com dotes n aluraes m a1s differentes. O que con~titue o va– lor da vida não é a riqueza n em a superioridade p essoal,. ma~ o p artido que d a mesma vida J:ira- mos". "Serã preciso dizer, prosegue u au ctor, que somente com esfor– ço e lucta o homem se_e_leva a ~ste ponto de vista? O esp1nto de sim– plicidade n ão é um bem que h er– d amos, mas o resultado de umn conquis ta laboriosa. Viver bem, como pensar b em, é simplificar. A v ida moral começa numa certa confusão faz as su as lentat'ivas, procurar:do-se a si propria e en– ganando-se muitas vezes. Mas, a força d e trabalhar e de sincera– mente ter co nsci encia dos seus actos, o homem acaba por conhe– cer meJ.hor a vida. Appa rece-lhe a lei, que é a seguinte: Cumprir.ª sua missão. Aquellf:) que se apph; ca a qnal,;ucr cou sa, extranha a r ealização desse fim, perde, v iven– do, a r azão de ser da vida." Vós ides formar o vosso espiri– ta , distiuctas profesor as, reinoven– do as complicações e harmoni– zando a vida com a idéa de sim- ..J

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