Revista Do Ensino 1930 - Abril v5 nº 44

76 REVISTA DO ENSINO Em minha conferencia prelimi– nar deste curso haveis de lem– brar-vos, eu dis tingui c_laramen~e os sentidos do~ lermoJ lf!Slrucça_o e educação. A mlrucçao e o cami– nho para alcançar a educação, trate-se desta ou daquella disci– plina escolar. O methodo, o me– lhodo aclivo, digamos assim, cou– duz o educando ao fim do ca– minho certo. Por meio de exem– plos ou por outro processo de en– sino, tudo redunda em .instrucção. Demais, em que consiste a mo– ral sinão no cumprimento dos de– veres? Onde ha de o professor. por exemplo, conhecer seus deve– res para poder cumpril-os, si não for num livro, que é o regulamen– to do ensino? Não se aprende a moral nos livros, or a, muito bem' então de que valem o "Evange~ lho", a "Imitação de Christo" e tan tos e tantos outros livros em numero sempre crescente? Em primeiro Jogar é forçoso• que vos torneis senhoras de vós mesmas, emancipando-vos, liber– tando-vos de qualquer tutela, ad– quirindo personalidade propria. Isso nada tem com o feminismo. O que não se comprehende é que seja educadora uma ovelhinha me– drosa, sem confiança em si, vi– vendo sob guarda de outrem, de– tendo-se deante de leias de ara– nha. A profesora ha de palmilhar sem medo a estrada larga da civi– lização, lendo os livros dos g ran– des pensadores, conquistando p ara o seu pensamento a indepen– dencia inlellectual, livrando-se de qualquer especie de servidão, pre– munindo-se contra todas as fór– mas da intolerancia, do exclusi– vismo e da exterioridade. . São os_ livr_os, como deposita– rios da _sc1encia, que nos ensinam tudo.. Nem p_ode haver educação sem 11;1strucç~o, e de outra sorte bastaria a ignorancia. A diffe– r ença_ é gue o livro de verdadei– ra sc1enc1a e bem assimilado faz o mestre, e este, mediante rnetho– dos e processos apropriados, edu– ca os ~lumnos, servindo-se da in– strucçao que possue. Sendo educativo O ensino corno deve ser, todas as discipJin;s con_ correm Par.a ~ educação moral e com espec1aJ1dade a Jiscipli'na Q,~e se chama instrucção moral Nao nos emb:_iracemos com Pala~ vra~, ~onfund10do cousas sim 1 e distinctas. P es 2 - A preparação moral da Pro– fessora Muitas de vós, prezadas Profes_ soi:_as, de".em Possuir urna conce– J>çao ~a vida, que constitua a pre– PJraçao moral Para a voss . - sao de educadoras N°ã • a m1s vida que estaes ; 0 e para a sos alumnos? s·P ~Parando vos– Plano de vida 1 nao tendes urn guiaJ-os? ' como haveis de Socializada inteiramente, não subordinando os seus actos a par– tidos, a seitas, a prevenções, a professora será o exemplo vivo da justiça, sem traze r para a escol.a as differenças sociaes políticas e r eligiosas, mas, vend~ em cada alumno uma alma em flor, que lerá de fructificar no ambiente Puro e salutar da escola. Sem prescindir da elegancia e– da gentileza, lão proprias da mu– lher, a professora precisa de man– ter a naturalidade nas suas manei– ras, nos seus trajes, na sua voz, no seu rosto. Com esses excessos de exterioridade, produzidos pela n:ioda e pela pintura, que papel fica desempenhando a professora Perante a innocencia e a s ingele– zn das creanças? Si não sabe con– servar a naturalidade, que força m~raJ lhe sobra para fazer-se res– Pe1 tada da classe? A ultima palavra da educação é b elleza,_ disse um pedagogista, mas quao longe está a belleza do artificialismo ! Quando eu era r a– paz, satisfiz minha curiosidade de ver a Princeza I zabel. Esperava encontrai-a no requi nte da moda, e eis que ella se mostra elegante– mente trajada com toda a natura– lidade, sem nenhum dos arrebi– ques da época actual.

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