Revista Do Ensino 1930 - Abril v5 nº 44

64 REVISTA DO ENSINO midor. O professor é intermedi– ario en~re o auclor e o alumno. Um fornece mercadorias e o ou– tro transmitte idéas. Cumpre áquelle dividir a at– tenção pelos freguezes; a este re– leva dividil-a entre os alumnos. Um concentra a atlenção nas transacções que effectua, tratan– do de garantil-as; o outro ha de concentrai-a no trabalho didacti– co, cuidando de preparai-o. Si assim -não procedem, o primeiro filca sem freguezes e o segundo sem alumnos. O bom commerciante melhora o seu sortimento, e vae fazei-o ·de quando em quando numa grande praça commercial; o bom profes– sor desenvolve a sua cultura e vae visitar de vez em quando um ·grande centr-0 pedagogico. O pri– meiro realiza compras vantajo– sas, procurando os principaes fornecedores; o segundo faz acquisições uteis, indo ás melho– lres escolas, bibliothecas e livra– rias. A escripta de cada um delles de– :ve andar em dia, limpa e corre– cta. Convem que elles tenham iem perfeita ordem o seu archivo. Si um estabelece prazos de paga– ment-0, o outro fará bem em de– terminar prazos de aprendiza– gem., tendo sempre em vista a ca– 'J)ac1dade, quer do freguez quer do alumno. ' O commerciante dá · balanços annuaes e balancetes mensaes; o '))rofessor deve . dar exames men– saes _e annuaes; importa a ambos segmr ~e perto a vida de seus es– tabelecimenlos. Desta fórma o ·c?mmeroiante conhecerá o ~en– dimento de seu capital; o profes– sdor lambem saberá o rendimento e seu ensino. O comrnerciante cuida seria– ~10ernte do negocio, esforçando-se ,.., manter O d ' 1 1compro . cre 1to, so ver o_s tal e missos, garantir o capi- cstab~[i?over a prosperidade do 'Pende t vm-en,to • Ao ;professor im– do renoC:.:ªr o mesmo rumo, dan– classe t e á escola, educando a ' ornando-se cada vez mais ,culto vindo a ser um dos homens repre~entativos da cidade. lnstrucção e educação Instrucção é meio edu<?ativo~ cducaçã·o é o fim a que a instr~– cção deve visar. "A instrucçao não passa de uma ferramenta, disse Charles Wagner; tudo de– pende do operario que se serve della". O operario foi capinar a horta e cortou os morangueiros todos: serviu-se mal da enxada. Sob uma bella fórma, o escriptor pro– duziu um livro immoral: de~ur– pou inteiramente o valor da ms– trucção. "Não iposso fazer idéa da edu– icação sem instrucção, es<:_reveu ,Herbat; e inversamente, ~ao r 7- conheço instrucção que nao seJa educativa. "Educar consiste em partir do que é bom, nota Ferriêre, afim ~e conduzir para o que é melhor • Instruir, digo eu, é illuminar esse caminho. "A educação é o preparo de?~ cidadão de uma sociedade Cf v1- lizada", affirma RicI:ard. A ins– trucção ,e a ed_ucaçao . comple~ tam-se para servir a · sociedade. "A educação, define Dewey, é a socialização do individuo em toda a sua maneira de en~arar e utilizar a vida". A instrucç_ao deve estar ás ordens da educaçao. . · Através de cada disciplina, ve1à 0 professor as palavras instrucçao e educação, que assim s_e tradu– zem: saber, sentir e realizar. O ensino da leitura t. Disse o dr. Franch:co Cam– pos: "Na escola é que se tei:n de operar o milagre do aprendizado da leitura, o maior de todos, por– que é a chave dos demais". 2. São palavras de Victor _Hugo: "Uma alimentação de luz, eis o d_e oue precisa a humanidade. A lc1- fur-a é o alímento". 3 O analphabetismo é um pcc– cado original: o aprendizado da

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