Revista Do Ensino 1930 - Abril v5 nº 44

6 REVISTA DO ENSINO da creança; devemos é procurar meios derivativos p-ara essas forças. Os ,discipulos de Freud asseveram que os recalcamen– tos operados na infancia podem ser causa de psychoses, de males muito graves na edade adulta. E João Toledo, citando alguem, nos diz que essas ten– dencias lembram espheras de madeira, soltas em um lago, que procurariam fluctuar na superfície, a-irnda quando, sob o peso das mãos, tentassemos afundal-as na agua. Poril<lamos em pragca, :portanto, meios derivativos para essas forças. A tendencia para a lucta, por exemplo, t ão accentuada na infancia, e que degenera sempre, ,apesar -dos maiores rigo– res de mestres rotineiros, em attentados á disciplina escolar, poderá ser derivada, ou melhor sublimada com facilidade. Em um club esportivo las creanças terão excellentes op– portunidades para a descarga dessas forças, com a va,n tagem de adaptai-as a preceitos moraes elevados, taes como respeito ao adversario, espírito de cooperação, obediencia ao ,comman– dante e ás regras do jogo, etc. Desenvolve-se deste modo o domínio proprio, num am– biente em que predomina a fraternidade e a a l egria. A vi– ctoria por ficção satisfaz inteiramente e estimula os fracos. Em classe, o trabalho, que desperte o interesse e absor– va a actividade immanente da creança, é a chave p ara a so– lução do problema. Infelizmente, castigar uma creança é mais facil do que preparar em casa lições interessantes; applicar uma sancção é mais simples •do que dispender uma ou duas horas no ar– ranjo de material didactico; impor ·um castigo é mais -com– modo do que estudar a psychologia de um alumno. Ahi estão os dois caminhos: um segue para o alto, ou– tro conduz ao tremedal <la rotina. Os mediocres, os vencidos, entregam-se á l ei do m enor esforço e vão descendo p ara a estagnação; os que sentem pal– pitar em si a chamma do ideal, avançam, e•m busca de uma luz, que os attrae. Não os entibia a duvida de lá chegarem hoj e, amanhã, ou daqui a meio seculo, porque confiam no futuro. O necessario é que se faça ,alguma ,cousa: a inercia nunca concorreu para o progresso humano 1 ..

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