Revista Do Ensino 1930 - Abril v5 nº 44

18 fiEVISTA DO ENSINO O professor não pôde contentar-se com um só tratado da materia. Para o preparo das lições deve consultar mais de um auctor, o que lhe será facil, visto ter ~studado o assumpto na · escola normal, possuir naturalmente um caderno de notas a respeito, e achar-se habilitado para, com pequeno trabalho, im– primir ao ensinp cada vez maior efficiencia . Seguindo o rumo que traçámo1_:, a classe ficará apta para usar compendio da historia patria. A marcha foi segura e re– gular: deu-lhe a posse desse estudo com a comprehensão do valor de sua utilidade . Ella não deixará mais de interessar-se pelo Brasil, do qual a sua·vida é uma particula. As primeiras impressões, quando bem fixadas, costumam ser indeleveis. Não sei si a nossa literatura possue o referido compendio em condições de encantar as c-reanças. Essa obra precisa de ser elaborada com tal arte que se imponha á leitura infantil. E' mais do que tempo de escrever para a infancia em lingua– gem clara, leve, graciosa e desaffectada . Para compor a mencionada obra, afigura-se-me necessaria a comparticipação das creanças. Escreve-se para ellas sem Thes pedir a critica, sem attender á sua opinião. O auctor e o professor encaram o livro ou o compendio e se esquecem dos a]umnos. Em uma aula de leitura perguntei ao menino como julgava o livro, respondendo-me elle: "E' muito pau" . E O pe– queno era irremediavelmente paulificado por essa obra, que pu– nha em perigo o seu interesse e o seu esforço. Deante de um livro tal. como ha de vencer a methodologia mais adeantada? O manual da historia patria, que eu desejaria se escreves– se pará. as creanças, viria completar na escola o respectivo en– sino. O alumno iria lel-o com todo o prazer, e se inteiraria do passado. de nosso paiz, pelo menos tanto quanto fosse mister para transformar-se em verdadeiro patriota. Nem se diga que á classe do quarto anno falta capacidade para julgar o compendio de historia destinado a ella mesma. Não se trata de apurar o valor historico e literario da obra, que esse lhe será inherente, mas de seu ajustamento á classe, do que só ella poderá saber . Aliás, a reforma da instrucção- no Estado de Minas já reconhece ao quarto anno o direito de esco– lher o livro de leitura a ser adoptado como <1 mais proprio para a classe. O plano, que acabamos de propor, imprime outra direcção ao ensíno da historia no curso elementar. Tem elle como obje-

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