Revista Do Ensino 1930 - Abril v5 nº 44

l 14 REVISTA DO ENSINO volvendo a iniciativa, o domínio de si mesmas, a perseverança, à <'nergia, a vida •intensa e ani– mada. O ensino normal vem retrátado nestas linhas do prefacio: "O ensino-normal não é uma prOIJ)edeutica intellectual, um simples instrumento de iniciação e de cultura geral; elle visa, so– bretudo, antes de tudo, á acqui– sição de uma technica, de uma technica psychologica, de uma technica intellectual e de uma technica moral ." E assim {Prosegue: "O ideal se– ria que as Escolas Normaes se destinassem exclusivamente á sciencia e á pratica das techni– cas pedagogicas, feitos os estudos preparatorios em estabelecimen– tos de ensino secundario. O re– gulamento procurou approximar– se desse ideal, permittindo que as disciplinas do curso p reparato– rio sejam estudadas fóra da Es– cola, podendo o candidato !J)res– tar os exames r espectivos, afim de matricular-se directamente no curso de applicação, que encerra o curso normal ;propriamente dito" . Esta organização, exclusiva– mente pedagogica, porque é mui– to menos dispendiosa, de dois annos de curso em vez de sete nas escolas do segundo grau, ha– bilitará o Estado a officializar, em tempo opportuno, o -ensino normaly não mais admittindo es– colas equiparadas. Ao Estado, tão sómente ao. Es– tado, já tive occasião de lembrar, deve pertencer a formação do professor publico. Si o ensino é obrigatorio nas escolas estaduaes, esta obrigatoriedade imposta aos alwnnos implica para o Estado, a responsabilidade de formar professores babeis. O Estado não póde declinar sobre outrem essa responsabilidade, ainda mais por– que ella está assumida deante de menores e perante o propr.io fu– turo da Patria. . Com refer~ncia á creança, as– sim se exprime o dr. Francisco– Campos: "Não se concebe que as Escolas Normaes possam pre-en– c~er os seus fins sem um estudo, amda que summario, por parte dos seus alumnos, da natureza da ?reança, da dynamica dos seus rn_teresses e ~os seus desejos, das leis, das f~rmas e dos graus. do seu crescimento mental das suas actividades e das sua; ten– dencias, de todas as forças de cuja collaboração essencial de– pen de, em ultima analyse, a acção do professor, a utilidade e a effi– cacia do seu ensino". Egualmente no tavel é o prefa– cio com que o dr. Francisco Cam– pos apresenta o regulamento do ensino primario . Cito ao acaso um de seus conceitos: "E' neces– sarfo socializar a vida na escola dotando-a das fórmas de convi~ vencia e de associação que exis- · tem na vida ordinaria, de manei– ra que o instinclo social da crean– ça possa inserir-se desde cedo nas fórmas e nos quadros em que a vida do adulto tem de desdo– brar-se, encontrando nelles, a um só tempo, a satisfacção e a disci– plina das suas tendencias". E' de ver com que justezà elle ,define a lição: "Os processos de ensino não podem rifrar-se, cgualmente, á mecanica das reci– tações, nem o alumno deve ser r eduzido a elemento passivo n0- curso das lições. Uma lição não póde ser um monologo, ,porque {P·reSUJJ)Jpõe duas personagens : uma lição é uma collaboração, um trabalho em commum, um en– trn dimento reciproco, uma coo– peração de intelligencias". Os dois prefacios menciona– dos, eu os classifico como prefa– cios lzisloricos, documentos de alto valor pedàgogico, que assi– gnalam uma época na .instrucção ,r,rimaria e normal do Brasil. El– les devem ser lidos e meditados. j '

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