Alma e Coração 1917 - Anno VII (Jan-Dez) - Fasc. 11° Novembro

tP rara, Pll:i . 'J'u tambcm , fillrn querida, ja pas– .,ast" pelo phenomeno da morte; o teu corpo rn~t<'rial rcpoo a na cn.rupa, é em P~pirito qu e pairas no espaço e es t[1s no:; meus braços. · llluminada, e clarecid a tudo comprehr ndi. ... De uhito, acudiram-n10 a mcnt,e t.oJ os os ~,1ffriro e 11tos que expe riment:1.n1,, 11a tcr.ra : A l~mbran,a de CHrlos se ergueu. vivida " rad iosa. Pensei. Pntiio: «Terá morricl0, e o sen . es" pirito dC'f; li g ado da materia podf' r.Í, nnir-se •10 meu ? . . . ,, ,. e l'\iStt: ain<fa. q1w será f,, itri drlle ~• :\finha mã.i. com a lu<'idcz cl <, e.-pirito, teve ;, rapido. perp,•f•pçi"ío dos moos r.. uso mentos; 'pe, tr,11-me inda ma.is ao ,:ornção. dizendo: __ ,, P 0 bre e ,1 neri1la filha o teu Cul'los foi 1 •<'l!! infeliz tombem! ' Separnndo-.s<' de t i, fo i lan,ar-sc aos pés d-e SC'ns paes co nfcs;;an J o o ~eu amor, e po– dinJo-llu,:: permis,;ão parn <lt>.spo~ar-te. Or– ~nlhos:n., dos seus nobre,; p<' rgaminhos, nega.– rum~ tf'rtninantemen te, o seu con entirnent 0 . l:ados. de esperado, r ec:> rreu li · ameaçai'; fila· onle o. prome. sa dP m:tld iç5.o, recuou, venci:lo. R etido, gun.rdado á vi~ia ::;ú poude te escrever a triste carta qne tão f□ r,clas dores te causou. · Levado por seu!' paes, que queriam entNpor entre os vossos corações a i mrnensitl:J.de elo,; m? res, Carlos pa r! io para Horn a. Tudo._porr-m. fo1 baldfldo; Tna Jembrnn ça pNmunec1a d ela ve-,: mais viva no coração do pobre moço. lmmerso cm tristeza profund11, 1:ccu avu lodos 05 gozos que lh e eram offerec! dos . no 10 tn1to de fazei-o esqnecel'·te, Por hm re~o– lheu-se a um convento, no firme proposito de ~ugir ao mundo , e depois de um anno de nov1ciado,o formoso mancebo tro1.:avo. as gallas do rnuudo, pelo triste burel de monge, e os t,tu!os e pergaminho,.;, pelo s imples nome de Frei Carlos. • Lavado. em Jag rimas , pC'rgnntei timida· mente: - •E vive ainda? Poderei ve-lo ?., . Minha mãi acenou-me tristemente que sun. Voando, com a ro.pide✓, do pensamento, transportamo· nos á. Roma, P eneh·amos em hzna _ immemm mole de prdra~.- ~, pukhro e or; 1 vel oude ngonisam i1P1 urnera- nra~nra~. a O ama cella. tri.;te e sombria, s1'ntc1Jo JUll~O urna pequena meza, tend o Prn fre nte !a~ 1. 5 e Papel, vi um monge. Olhri para ininha ma1: 11 Pel a triste:1,1i de seu flC.-,,,o, ,·0m1JreheJ1<i 1 que eBtnva em frente de Carlos. R ecuei angustiada! Que via ?! AqoeJI~ ~ombra, aquelle espectro, macilento, facJ;, avadas. era Carlos, o formoso mo.nce~o ' 01 hr llrdente to.lhe esbelto e fos<:i nador . 1 · · • Entiio. pe~sei tristemente; •Qnnntns victimas fnz o orgulho o os pre· conceitos sociatis 1? l:ados permnnec.i:i si1enci ,·•• H•:.t~ . de stl · Alma e Coração-:- ·-· ----- - ------- bito, nm nome cruzou pelo seu cercbro e esse nome era o meu. "Não mo esquecem; pensava sempre m sua Esmeralda.» 'Minutos depois, pronunciou claramente: «·-Esmeralda! HidE"nte estrella ela minha vid a; pobre criança, victimada pPlo orgúl h v dos n obres, que seni. feito de ti, cand idP. virgem por quem abandonei um mundo d,, dores e de traições?" Ancia. temerosa ~poderou -se de mim ; e foi tnl a força de minha voutader que me appro ximei da meza. e tocando ::o braço de ('arl ç>!– vin o estremecer como 11ue t-0cedo por pilh:, ulectrica. Si n , ao meu coutarto, , ·io!Pnto t emor o acritou e tomando ,lo lapis traçou rapidameuh• subre O p1tpel O pen~ll'l lt'mt0 que se agitava no men cerebro. Eil·<,: - ,,.Carlos: A tua E smerald a, depois de 1<of– frei- an n-ustias in<li7.iveis ao ver ce ifo.do em -flor n noss; urdente sonho de amor, passou pel<> phenomeno da morte, mas ~m espir(to r~– viveu no espaço, e se acha Junto a t1, dei– xando-te, pela. tnmsmissã.o do pensamento. que é a linguagem do espírito, estas palavrns: 'l'em pnciencia, meu, bem amado, que rnparados na terra, aq_ai nos uniremos es– piritualmente, sendo fel!zfS debaixo do olhar de Deos, e de nossa querida mãi. .Adeos, meu eternamente adorado . Esme· ro.lda..• Carlos pousou o lapis, sem parecer sur- prehendido, antes doce ~orriso deslisava pelo~ seus Jabios, que balhucrnram : . _ -•Realisa-se o meu p~·esent1me11to. Hn muito acalentav a a esperança de que a almu é immortal, e que os scre::. qbe se _am~!Il m terra se encontram__ apos a ~or~e; sim, e essn a verdade. Deos scp bcmd1cto. • A energia que eu despendera íôra tanta. permaneci inerte por algum tampe,. S1i~ 1 ha mãi E>rguen-me docemente, dizC'ndo •om meiguice : . -«Para que de,mnimas ! Es_mai.,; feliz l!n Carlos porque podes sa,:wr-te nn con– {;:plação 'ao sêr querido, e derramar sobr<' olle os teus fluidos comfortadores. T em paéiencia, procura na prece, ess1;_ bal dos l ·nfelizes o alivio pura a dor da san10 , . . ·e ara~·iio• Eu tambem expcnmentet pnngen - t,., p rruc-'t 1 ·as vendo-vos soffrer na te t'rn ma;, es an,., ~ . 1. . E" rece foi-me um a.nx1 10 prec10s0, 1s-me, :eiião consolada, porque . ainda veJo soffrer teu pae, mas calma e rrs1gnada. L evanta, pois, filha ~ucrida, o ~eu pensa meuto 1 ,aro. Deo~, e Elle ~e dara coragem, aru esperar o momento fe liz em que. ~arlo;' ~p~]igado da ma.t-0ria, venha se rennll' 11 11 . Eulacei carinhosamel!-tí\ a miu l_ia q~1cridr rn11.i, e arrepondida 1 d 1 c JUigar-me _ 1 rntel_1~ no l'CU:i b 1 aços, ped~- 10 ~H~tro m1 e1JOS o p,·rdü.o du minha 1ngrat1dao.

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